Araés

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Arrial de Araés e Martírios são terras lendárias onde haveria tanta abundância de ouro na superfície que seria possível coletá-lo com as mãos.[1] Embora sejam dois lugares distintos, a lenda sempre sugeriu que fossem lugares muito próximos.[2]

O Mito[editar | editar código-fonte]

As únicas pessoas que alegaram ter visto Araés e Martírios, na sua infância em 1673 enquanto acompanhavam as expedições de seus pais, foram os bandeirantes Bartolomeu Bueno da Silva (o filho) e Antonio Pires de Campos, filho do também bandeirante Manuel de Campos Bicudo,[3][4][5][6]

O nome Araés possivelmente seja uma referência a uma tribo indígena de mesmo nome que habitava além do Rio das Mortes (Mato Grosso), ja no Estado de Mato Grosso. O nome Martírios vem do fato dos bandeirantes avistarem desenhos que lembravam aos martírios de Cristo nesse lugar mítico,[3][4]

Quarenta anos depois, esses bandeirantes lideraram expedições em busca do local de suas infâncias. Nenhuma delas teve sucesso. Mas a expedição de Bartolomeu Bueno da Silva (filho) que partiu em julho de 1722 com 300 homens e retornou em 21 de outubro de 1725 com apenas 16 homens, descobriu ouro em Goiás, Estado que se tornou a segunda maior fonte desse minério na época, depois de Minas Gerais.[7] Várias outras expedições procuraram essa terra lendária nos dois séculos seguintes, mas nenhuma delas teve êxito.[5]

Atualidades[editar | editar código-fonte]

Em 21 de abril de 2013, o jornal O Estado de S. Paulo[8] noticiou a descoberta de arquivos perdidos do historiador Manuel Rodrigues de Oliveira, apelidado Manuel Grande. Dentre esses arquivos havia 60 cartas inéditas dos irmãos Villas-Bôas, 1000 negativos fotográficos, 23 livros raros e o primeiro filme colorido feito no Brasil (do Alto Xingu).

Nesses arquivos é possível ler as anotações pessoais de Manuel Grande sobre os Martírios:Decidi levar a sério, como se diz, tudo que os antigos Bandeirantes deixaram escrito, os chamados Roteiro para os Martírios, sobre os quais fizeram tantas ironias, tantos sarcasmos, tantas zombarias. Eu fiz diferente: levei-os a sério. Fui lendo-os sem parar, comparando-os, procurando penetrar no espírito de quem os escrevera, nas suas épocas, para finalmente chegar à conclusão: tratava-se de algo sério, verdadeiro, embora tendo sofrido ao longo dos séculos, algumas modificações de escrita, por exemplo.

Araés Real[editar | editar código-fonte]

Em 1745, o bandeirante paulista Amaro Leite Moreira e seus homens encontram ouro no norte do Mato Grosso. Julgando ser ali o lendário Araés, formaram uma pequena vila e a batizaram de Amaro Leite Moreira Araés. No entanto, em poucos anos, o ouro escasseou. Convencidos de que aquele não poderia ser o verdadeiro Araés, rebatizaram a vila como Santo Antônio do Amarante.

As dificuldades de comunicação e de escoamento do ouro para a capital Cuiabá, além dos constantes ataques de índios, fizeram com que os habitantes abandonassem a vila em 1789.,[9][5]

Referências

  1. MARINS, F. Expedição aos Martírios, Melhoramentos,1983, 31p.
  2. FERREIRA, M. R. O mistério do Ouro dos Martírios: desvendando o grande segredo das bandeiras, Ed. Gráf. Biblos, 1960, 20p.
  3. a b MARINS, F. Expedição aos Martírios, Melhoramentos,1983, 29 p.
  4. a b MARINS, F.Volta à Serra Misteriosa, Melhoramentos, 1975, 51p.
  5. a b c SILVA, H.R., Nos Sertões do Araguaia, Saraiva Editores, 1948, 213-220p.
  6. [1][ligação inativa]
  7. MARINS, F.Volta à Serra Misteriosa, Melhoramentos, 1975, 113p.
  8. MEDEIROS, Jotabê. Raridades do Alto Xingu. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 21 de abril de 2013. Caderno 2, p. D4.
  9. MARINS, F. Expedições aos Martírios, Melhoramentos, 1983, 91-95 p.