Arrabanes

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 Nota: Para outros significados, veja Artabano.
Arrabanes
Nacionalidade Reino da Armênia
Etnia Armênio
Religião Cristianismo armênio

Arrabanes (em latim: Arrabannes) ou Artabanes (em grego: Ἀρταβάνης; romaniz.:Artabánes; em latim: Artabanes) foi um oficial do Reino da Armênia que fugiu para o Império Sassânida e foi acolhido pelo Sapor II (r. 309–379). Foi enviado por Sapor para capturar Artogerassa, onde a rainha-mãe Paranzém e seu filho Papa estavam abrigados, mas desertam e ajudaram Papa a fugir.

Nome[editar | editar código-fonte]

Artabano (Artabanus) é a latinização do grego Artabano (em grego: Ἁρτάβανος; romaniz.:Artábanos), que derivou do persa antigo *Arta-bānu ("a glória de Arta"). A variante parta e persa média era Ardawān (𐭓𐭕𐭐𐭍).[1] O nome ainda foi registrado em acadiano como Atarbanus (Atarbanuš), em elamita como Irtabanus (Irtabanuš), em aramaico como ‘rtbnw e em lídio como Artabana (Artabãna),[2] em língua armênia como Artavã (Արտավան, Artavān) e foi novamente helenizado (Ἀρταβάνης) e latinizado sob a forma Artabanes.[3]

Vida[editar | editar código-fonte]

Dinar de Sapor II (r. 309–379)
Soldo de Valente (r. 364–378)

Arrabanes era um nobre armênio que em momento incerto foi comandante-em-chefe na Armênia. Ele e Cílaces desertaram ao Império Sassânida e foram acolhidos pelo Sapor II (r. 309–379), que em 368 os enviou à Armênia para governar o país e destruir Artogerassa, onde a rainha-mãe Paranzém e o herdeiro Papa estavam se escondendo.[4] Eles não foram capazes de tomá-la dada as condições climáticas e localização da fortaleza, mas convenceram os defensores a deixá-los entrar.[5] Durante os eventos subsequentes, Papa conseguiu fugir ao Império Romano e o imperador Valente (r. 364–378) acolheu-o em Neocesareia, enquanto Cílaces e Arrabanes ajudam os sitiados a derrotar o exército persa.[6]

Eles enviaram emissários a Valente pedindo que os ajudassem e dessem Papa como rei, mas a ajuda não foi prestada e ele foi devolvido junto do general Terêncio para governar o país, mas sem emblemas reais. Ao saber da situação, Sapor reuniu mais tropas e começou a devastar a Armênia. Papa, Cílaces e Arrabanes, temerosos e cientes de que não haveria ajuda romana, procuraram refúgio nas altas montanhas que separavam o Império Romano de Lázica. Permaneceram escondidos por cinco meses em bosques profundos e desfiladeiros de colinas, escapando de várias tentativas de Sapor para encontrá-los.[7]

Sapor, sob pretexto de uma aliança futura, repreendeu Papa através de mensageiros secretos, alegando que era escravo de Cílaces e Arrabanes sob a aparência de poder real. Papa, precipitadamente, matou os dois e enviou suas cabeças para Sapor em Ctesifonte como sinal de submissão.[8] Noel Lenski pensa que Arrabanes pode ser associado a Baanes, o Apóstata citado na obra de Fausto, o Bizantino,[9] enquanto Ferdinand Justi pensa que pudesse ser o Carano citado na mesma obra.[10]Nicholas Adontz, porém, sugeriu que fosse o Musel I citado em Fausto.[11]

Referências

  1. Schippmann 1986, p. 647–650.
  2. Dandamayev 1986, p. 646–647.
  3. Gandhi 2004, p. 44.
  4. Martindale 1971, p. 108.
  5. Amiano Marcelino, XXVII.12.5-9.
  6. Amiano Marcelino, XXVII.12.9.
  7. Amiano Marcelino, XXVII.12.10-11.
  8. Amiano Marcelino, XXVII.12.14.
  9. Lenski 2003, p. 171.
  10. Fausto, o Bizantino 1989, p. 383.
  11. Adontz 1970, p. 513.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Adontz, Nicholas (1970). Armenia in the Period of Justinian. The Political Conditions Based on the Naxarar System. Translated with Partial Revisions, a Bibliographical Note and Appendices, by N.G. Garsoïan. Lovaina: Peeters Publishers 
  • Fausto, o Bizantino (1989). Garsoïan, Nina, ed. The Epic Histories Attributed to Pʻawstos Buzand: (Buzandaran Patmutʻiwnkʻ). Cambrígia, Massachusetts: Departamento de Línguas e Civilizações Próximo Orientais, Universidade de Harvard 
  • Gandhi, Maneka; Husain, Ozair (2004). The Complete Book of Muslim and Parsi Names. Déli: Penguin Books 
  • Lenski, Noel Emmanuel (2003). Failure of Empire: Valens and the Roman State in the Fourth Century A.D. Berkeley e Los Angeles: California University Press. ISBN 978-0-520-23332-4 
  • Martindale, J. R.; A. H. M. Jones (1971). «Arrabannes». The Prosopography of the Later Roman Empire, Vol. I AD 260-395. Cambridge e Nova Iorque: Cambridge University Press 
  • Schippmann, K. (1986). «Artabanus (arsacid kings)». Enciclopédia Irânica, Vol. II, Fasc. 6. Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Colúmbia. pp. 646–647