Buraco do Lume

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Buraco do Lume
Tipo praça
Geografia
Coordenadas 22° 54' 22.009" S 43° 10' 34.353" O
Mapa
Localização Centro, Rio de Janeiro - Brasil
Patrimônio bem tombado pelo IRPH
Homenageado Mário Lago

A Praça Mário Lago, anteriormente chamada Praça Melvin Jones, e popularmente conhecida como Buraco do Lume, é uma praça situada no Centro[1] da cidade do Rio de Janeiro, próximo ao largo da Carioca e de sua estação de metrô. O Buraco do Lume é considerado um lugar tradicional de manifestação política, principalmente de partidos de esquerda.[2][3] Às segundas-feiras é ocupado por militantes do Partido dos Trabalhadores (PT), enquanto às sextas é ocupado pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL).

História[editar | editar código-fonte]

Buraco do Lume, no dia da inauguração da placa com o novo nome, enquanto ocorria a prestação de contas de parlamentares do PT.

A Praça Henrique Lage foi demolida em 1963 durante as obras de construção do Edifício Lúcio Costa, sede do Banco do Estado da Guanabara, servindo de canteiro de obras para a construção. Após a abertura do edifício, o terreno da praça foi incorporado ao patrimônio do BEG e serviu durante anos como estacionamento dos funcionários do banco.[4]

Em fevereiro de 1973 o Banco do Estado da Guanabara (BEG) resolveu leiloar o terreno. Diversos grupos apresentaram propostas, sendo vencedor o Grupo Lume (de Lynaldo Uchoa de Medeiros). O Lume adquiriu o terreno (através de sua subsidiária Contal) pela quantia de 111 milhões de cruzeiros e prometia construir sua sede no local. O projeto previa um edifício de 50 andares, que seria o maior do Brasil.[5] Sem recursos para financiar sozinho o empreendimento, o Lume se associou ao Banco Halles que se comprometeu a avalizar o negócio em troca de 40% da propriedade do edifício. Apesar das fundações do prédio serem parcialmente construídas, as obras pararam após a liquidação do Halles em abril de 1974. Numa situação inusitada, o Halles acabou incorporado ao BEG que passou a ser avalista e credor do Lume. O BEG tentou retomar o terreno, porém a instituição já havia repassado o título de propriedade do terreno para a Contal em 1973. Posteriormente os negócios do Grupo Lume passaram a enfrentar problemas, com o envolvimento de seu dono em escândalos financeiros e políticos. [6] No final de 1975 o BEG entrou na justiça contra a Contal por inadimplência. A construtora recorreu ao avalista, a Copeg que era uma subsidiária do próprio BEG, criando um impasse jurídico.[7]

Em 23 de abril de 1976 o governo federal liquidou extrajudicialmente o Grupo Lume[8] e as obras de sua projetada sede se resumiam então nos tapumes abandonados ocupando uma área nobre um enorme buraco, escavado para as fundações e garagem do prédio. O povo logo apelidou o canteiro de obras abandonado de "Buraco do Lume", que convivia com a moderna e valorizada Esplanada do Castelo e restos da cidade colonial, que ali permanecia nos velhos sobrados da rua de São José, formando um enclave numa zona que se modernizava.[9]

Em fins da década de 1990, uma lei do vereador Eliomar Coelho, então no PT, mudou o nome da praça, com o fim de homenagear Mário Lagoadvogado, poeta, radialista, letrista e ator — porém os prefeitos Cesar Maia e Luiz Paulo Conde jamais ratificaram a decisão da Câmara, que só foi efetivada, em 2009, no mandato de Eduardo Paes, quando a placa do logradouro com o novo nome foi finalmente instalada.

Na praça existe um monumento em homenagem ao Lions Clube do Brasil, uma organização internacional voltada para atividades humanistas, fundada por Melvin Jones.

Estátua de Marielle Franco[editar | editar código-fonte]

Estátua de Marielle Franco, no Buraco do Lume.

Foi inaugurada em 27 de julho de 2022, a estátua da ex-veradora Marielle Francoassassinada com o motorista Anderson Gomes, em 2018 — com o punho esquerdo fechado e erguido para cima. A obra é assinada pelo escultor Edgar Duvivier, foi feita em bronze e em tamanho real, ou seja, 1,75 metros de altura.[10]

Referências

  1. Barbosa, Antônio Agenor (22 de novembro de 2008). «Mulher Filé, Política e Espaço Público». Overmundo. Consultado em 27 de julho de 2022 
  2. «Chico Alencar registra compromisso em cartório no Rio». Último Segundo. 11 de julho de 2008. Consultado em 23 de julho de 2009 [ligação inativa] 
  3. «Ato de encerramento mobiliza militância no Rio». JusBrasil. Consultado em 23 de julho de 2009 [ligação inativa] 
  4. Informe JB (8 de março de 1977). «Incrível». Jornal do Brasil, ano LXXXVI, edição 329, página 6. Consultado em 4 de maio de 2024 
  5. «Lume dá Cr$ 111.111.111,11 pelo terreno em frente ao BEG para erguer 50 andares». Jornal do Brasil, ano LXXXII, edição 300, página 13. 16 de fevereiro de 1973. Consultado em 4 de maio de 2024 
  6. «As últimas jogadas do Lume». Opinião, edição 174, páginas 9-10. 21 de novembro de 1975 
  7. «Lume: a ruína de um império». Opinião, edição 182, página 8. 30 de abril de 1976. Consultado em 4 de maio de 2024 
  8. «Governo intervém no Grupo Lume e garante investidor». Jornal do Brasil, ano LXXXVI, edição 16, página 1. 24 de abril de 1976. Consultado em 4 de maio de 2024 
  9. «Buraco do Lume, anos 70». Foi um Rio que passou. 27 de novembro de 2007. Consultado em 27 de julho de 2022 
  10. a b Araujo, Camila (26 de julho de 2022). «Centro do Rio ganha estátua de Marielle esculpida pelo pai do humorista Gregório Duvivier». Extra. Consultado em 27 de julho de 2022 
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