Coloração de Kinyoun

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A coloração ou método de Kinyoun, é um procedimento “ácido-rápido” usado para colorir quaisquer espécies dos gêneros Mycobacterium e espécies Nocardia.[1] Envolve a aplicação de um corante primário (carbolfucsina), um descolorizante (ácido-álcool), e um corante de contraste (azul de metileno).[2] É uma técnica de coloração similar à coloração de Ziehl Neilsen (coloração Z-N), mas diferentemente desta, o método de coloração de Kinyoun não requer aquecimento, ou seja, é dito como “realizado a frio”.[3][4] Na coloração de Ziehl-Neelsen, o calor atua como um mordente físico enquanto o fenol (carbol da carbol-fucsina) atua como mordente químico. Como a coloração de Kinyoun é um método frio (sem calor aplicado), a concentração de carbol-fucsina usada deve ser aumentada.[5]

Método[editar | editar código-fonte]

O protocolo da coloração de Kinyoun compõe-se dos seguintes passos:[6]

  1. Prepara-se um esfregaço homogêneo, delgado e identificado em uma lâmina nova desengordurada, limpa e seca.
  2. Deixa-se secar à temperatura ambiente.
  3. Fixa-se o material do esfregaço passando 3 a 4 vezes pela chama de um bico de Bunsen.
  4. Cobre-se a totalidade da superfície do esfregaço com solução de fucsina fenicada de Kinyoun, previamente filtrada ou filtrada sobre as lâminas no momento da coloração, deixando agir por cerca de 5 minutos, adicionando mais corante se preciso dentro deste período, evitando que a lâmina seque.
  5. Lava-se em água corrente para eliminar a fucsina excedente. Toma-se a lâmina pelo extremo numerado, inclina-se para frente e lava-se deixando cair um jato d’água de baixa pressão sobre a película corada, de maneira que essa não se desprenda.
  6. Cobre-se toda a superfície do esfregaço com a solução de álcool-ácido. Toma-se a lâmina entre o polegar e o indicador e faz-se um movimento de vai-e-vem, de modo que o álcool-ácido vá descorando suavemente a fucsina. Se o esfregaço estiver ainda com a cor vermelha ou rosada, descora-se novamente. Considera-se descorado o esfregaço, quando suas partes mais grossas conservarem somente um ligeiro tom rosado. Essa operação dura, em geral, dois minutos.
  7. Terminada a fase de descoloração e eliminado o álcool-ácido, lava-se a lâmina da mesma forma como se procedeu depois da coloração com a fucsina, com cuidado para não desprender a película.
  8. Cobre-se toda a superfície do esfregaço com solução de azul de metileno durante 30 segundos a 1 minuto.
  9. Lava-se, da mesma forma como se indicou para a fucsina, tanto o esfregaço como a parte inferior da lâmina.
  10. Coloca-se a lâmina com o esfregaço para cima, sobre papel limpo, para secar à temperatura ambiente ou em estufa a 35º C.
  11. Observa-se ao microscópio com objetiva de imersão (100 x).

Observações[editar | editar código-fonte]

Na coloração de Mycobacterium leprae, segue-se o mesmo procedimento, mas a descoloração deve ser feita com solução de ácido sulfúrico aquosa a 4% em água, pois esse microrganismo é sensível a descoloração alcoólica.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Geo F. B et al, Jawetz, Melnick and Adelberg's Medical Microbiology, 25th Edition, Lange Medical,2004, page 182
  2. Hussey, A. M., Zayaitz, A., "Acid-Fast Stain Protocols" Arquivado em 1 de outubro de 2011, no Wayback Machine., American Society for Microbiology, 8 September 2008. Retrieved on 1 November 2014.
  3. Murray PR, Baron E, Pfaller M, Tenover F, Yolken, Eds. Manual of clinical microbiology. 7th ed. Washington, DC: ASM, 1999.
  4. Baron EJ, Finegold SM. Bailey and Scott's diagnostic microbiology. 8th ed. St. Louis: Mosby, 1990.
  5. Ananthanarayan and Panicker's Textbook of Microbiology, 9th Edition, Universities Press (India), 2013, page 353
  6. «PESQUISA DE BACILO ÁLCOOL - ÁCIDO RESISTENTE – BAAR - www.pncq.org.br». Consultado em 11 de junho de 2008. Arquivado do original em 30 de novembro de 2006