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Comunidade quilombola Tijuaçu

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Comunidade quilombola Tijuaçu
Apresentação
Tipo

Tijuaçu é uma comunidade remanescente de quilombo, população tradicional brasileira, localizada nos municípios brasileiros de Senhor do Bonfim, Filadélfia e Antonio Gonçalves, na Bahia.[1][2] A comunidade de Tijuaçu é formada por uma população de 828 famílias, distribuídas em uma área de 8472,2214 hectares. O território foi certificado como remanescente de quilombo (reminiscências históricas de antigos quilombos) pela Fundação Cultural Palmares, pela Portaria n° 28/2005.[3][4][5][6][7]

Esta comunidade teve o Relatório Técnico de Identificação e Delimitação publicado em 2010 (etapa da regularização fundiária), mas ainda está com a situação fundiária em análise (não titulada) no INCRA.[8]

A comunidade foi fundada no começo do século XIX por Maria Rodrigues, conhecida como “Mariinha”, de nação Nagô. Ela fugiu de uma senzala de Salvador e se estabeleceu no Alto Bonito. Depois que se casou com um homem do Congo, eles fundaram o quilombo em terras antes da Fazenda Lagarto, de propriedade de Felipe Rodrigues da Silva e Joaquim Manoel de Santana..[9][10][11] Segundo depoimentos, na região existiam muitos lagartos, e por isso o nome da comunidade é Tijuaçu: significa “lagarto grande” no idioma dos índios da região.[11]

Tombamento[editar | editar código-fonte]

O tombamento de quilombos é previsto pela Constituição Brasileira de 1988, bastando a certificação pela Fundação Cultural Palmares:[12]

Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira [...]
§ 5º Ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de reminiscências históricas dos antigos quilombos.

Portanto, a comunidade quilombola de Tijuaçu é um patrimônio cultural brasileiro, tendo em vista que recebeu a certificação de ser uma "reminiscência histórica de antigo quilombo" da Fundação Cultural Palmares no ano de 2005.[3][4][5][6]

Situação territorial[editar | editar código-fonte]

Até o final do século XX, a comunidade quilombola de Tijuaçu era chamada "Lagarto" e se localizava em Campo Formoso. Ao final do século XIX, havia 25 casas cobertas de palha e 30 famílias. Em 1953, passou a pertencer a Senhor do Bonfim.[11][13]

A falta do título da terra (regularização fundiária) cria para as comunidades quilombolas uma dificuldade de desenvolver a agricultura, além dos conflitos com os fazendeiros de suas regiões e a impossibilidade de solicitar políticas sociais e urbanas para melhorias de condições de vida, como infraestrutura urbana de redes de energia, água e esgoto.[14][15]

Povos Tradicionais ou Comunidades Tradicionais são grupos que possuem uma cultura diferenciada da cultura predominante local, que mantêm um modo de vida intimamente ligado ao meio ambiente natural em que vivem.[16] Através de formas próprias: de organização social, do uso do território e dos recursos naturais (com relação de subsistência), sua reprodução sócio-cultural-religiosa utiliza conhecimentos transmitidos oralmente e na prática cotidiana.[17][18]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Levantamento de Comunidades Quilombolas (PDF). Col: Fundação Cultural Palmares. [S.l.]: Ministério do Desenvolvimento Social do Brasil. Consultado em 2 de junho de 2023 
  2. Quilombos certificados (PDF). Col: Fundação Cultural Palmares. [S.l.]: Fundação iPatrimônio. 2020. Consultado em 2 de junho de 2023 
  3. a b «Senhor do Bonfim | Antônio Gonçalves | Filadélfia – Quilombo Tijuaçu | ipatrimônio». Consultado em 26 de setembro de 2023 
  4. a b «Tijuaçu - BA | ATLAS - Observatório Quilombola». kn.org.br. Consultado em 26 de setembro de 2023 
  5. a b fw2 (7 de outubro de 2014). «Comunidade Quilombola de Tijuaçu comemora reconhecimento do território‏». OQ. Consultado em 26 de setembro de 2023 
  6. a b fw2 (24 de setembro de 2014). «Território Quilombola de Tijuaçu é maior da Bahia em número de famílias». OQ. Consultado em 26 de setembro de 2023 
  7. BA, Do G1 (26 de julho de 2014). «Tijuaçu é reconhecida como território quilombola». Bahia. Consultado em 26 de setembro de 2023 
  8. INCRA. Acompanhamento dos processos de regularização quilombola. 11.08.2023. Acesso em: 19/09/2023.
  9. fw2 (24 de setembro de 2014). «Território Quilombola de Tijuaçu é maior da Bahia em número de famílias». OQ. Consultado em 26 de setembro de 2023 
  10. fw2 (7 de outubro de 2014). «Comunidade Quilombola de Tijuaçu comemora reconhecimento do território‏». OQ. Consultado em 26 de setembro de 2023 
  11. a b c Carmélia Aparecida Silva Miranda. Comunidade quilombola de Tijuaçu: memória, identidade e visibilidade. Anais do XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH • São Paulo, julho 2011.
  12. Câmara dos Deputados. «Constituição da República Federativa do Brasil (1988)». www2.camara.leg.br. Consultado em 18 de junho de 2023 
  13. Carmélia Aparecida Silva Miranda. Memória, tradição e identidade: os quilombolas de Tijuaçu-BA. ANPUH – XXV SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA – Fortaleza, 2009.
  14. «Terra Amarela - PA | ATLAS - Observatório Quilombola». kn.org.br. Consultado em 18 de junho de 2023 
  15. Bellinger, Carolina (13 de abril de 2017). «Lagoa do Peixe». Comissão Pró-Índio de São Paulo. Consultado em 21 de setembro de 2023 
  16. «Por que tradicionais?». Instituto Sociedade População e Natureza. Consultado em 18 de julho de 2018 
  17. «Comunidades ou Populações Tradicionais». Organização Eco Brasil. Consultado em 18 de julho de 2018 
  18. «Povos e Comunidades Tradicionais». Ministério do Meio Ambiente. Consultado em 18 de julho de 2018