Diara Rocha

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Diara Rocha
Nascimento 8 de julho de 1970
Ilha de São Vicente
Cidadania Cabo Verde
Alma mater
Ocupação professora, investigadora
Empregador(a) Universidade de Cabo Verde, Universidade do Mindelo, Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa

Diara Kady Monteiro Vieira Lopes Rocha (ilha de São Vicente, 8 de julho de 1970)[1] é uma bióloga e professora universitária caboverdiana.

Trabalha como professora assistente na Universidade do Mindelo e na Universidade de Cabo Verde, Mindelo (Cabo Verde) e a sua investigação tem-se distinguido por estudar as propriedades de plantas (menta, funcho, poejo) no combate a doenças como malária, dengue, utilizadas como alternativa aos pesticidas orgânicos sintéticos e cujo grau de biodegradabilidade comporta menos riscos ambientais.[2]

Percurso[editar | editar código-fonte]

Diara Rocha é licenciada em Biologia pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, mestre na área de Produção Agrícola Tropical e doutorada pela Universidade Nova de Lisboa, Instituto de Higiene e Medicina Tropical (UNL-IHMT) em Ciências Biomédicas, área de Parasitologia, tendo trabalhado muitos anos em Saúde Pública e Medicina Tropical.[3] Na sua investigação de doutoramento (durante a qual foi bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian[4]), relevou as propriedades insecticidas de plantas, do universo da flora das ilhas de Cabo Verde, úteis para o combate dos vectores da malária e do dengue.[5]

No encontro sobre Doenças Tropicais Negligenciadas nos PALOP, promovido pelo Programa Gulbenkian de Ajuda ao Desenvolvimento e pela International Society for Neglected Tropical Diseases, em 2013, Diara Rocha afirmava: "A nível laboratorial (...) podemos dizer que temos já algumas plantas e compostos ativos com potencialidade inseticida", adiantando ter estudado o funcho e o poejo, plantas que existem em Portugal e em Cabo Verde. Neste encontro, Diara Rocha assinalou também as vantagens das plantas em relação aos insecticidas utilizados habitualmente, por serem menos prejudiciais, quer para as pessoas, quer para o ambiente.[6]

Pandemia Covid-19[editar | editar código-fonte]

No contexto da pandemia Covid-19, devido à escassez de desinfectante no mercado cabo-verdiano, fundamental para impedir a infecção e propagação do vírus,[4] Diara Rocha começou a produzir um desinfectante de mãos para uso pessoal, distribuído de forma gratuita por amigos e instituições, chegando a algumas instituições na Ilha de São Vicente, tais como a Casa da Sopa da Igreja do Nazareno.[3]

A investigadora estudou os protocolos da Organização Mundial de Saúde para a produção de antissépticos.[4] O trabalho de investigação que desenvolveu durante o seu doutoramento facilitou o acesso ao material de preparação da solução, feita à base de álcool, água oxigenada e também de glicerol. Este último componente foi cedido pelo laboratório da Faculdade de Educação e Desporto do pólo do Mindelo da Universidade de Cabo Verde.[4] O produto foi depois colocado em frascos que são selados com ‘parafilm’, uma película flexível usada principalmente em laboratórios.[3]

Diara Rocha deseja poder certificar o produto, aguardando aprovação da ERIS, para que possa distribui-lo por lares de idosos e às pessoas mais carenciadas.[4]

Também se dedica à produção de máscaras caseiras, em colaboração com a faculdade de educação e do Desporto da Universidade de Cabo Verde, tendo proposto um modelo uniformizado, visando envolver a comunidade local na produção (nomeadamente costureiras que já não estão no activo e estudantes de Educação Artística).[3][7]

Reconhecimentos e Prémios[editar | editar código-fonte]

Obra[editar | editar código-fonte]

  • 2019 - Impactos de Alterações Climáticas na Saúde Pública e o papel da educação em Cabo Verde[8]
  • 2019 - O impacto da dengue nas ilhas de Cabo-Verde, da ocorrência do surto às medidas implementadas no terreno para o controlo da doença. Caso de estudo: Inquérito na ilha de São Vicente, zona rural versus zona urbana sobre o conhecimento e prevenção da dengue.[9]
  • 2019 - A importância de plantas medicinais em Cabo-Verde. Estudo de caso: conhecimento tradicional das plantas medicinais de São Vicente, meio urbano versus rural.
  • 2019 - Impactos de Alterações Climáticos na Saúde Pública e o papel da educação em Cabo Verde
  • 2016 - The productivity of the colony of Phlebotomus perniciosus (Diptera, Psychodidae) of IHMT / UNL: larvae, pupae and adults
  • 2015 - Potential of Mentha pulegium for mosquito control / Potencialidade da Menta pulegium no controlo de mosquitos[10]
  • 2015 - Larvicidal Activity against Aedes aegypti of Foeniculum vulgare Essential Oils from Portugal and Cape Verde[11]
  • 2013 - Plantas medicinais tropicais e mediterrânicas com propriedades biocidas no controlo de insectos vectores de agentes patogénicos, Instituto de Higiene e Medicina Tropical, orient. Maria Teresa Lourenço Marques Novo [12]
  • 2013 - Insecticidal activity of tropical and mediterranean plant product against Aedes aegypti larvae[13]
  • 2012 - The laboratory colony of Phlebotomus perniciosus (Diptera, Psychodidae) from Instituto de Higiene e Medicina Tropical, Universidade Nova de Lisboa, Portugal: establishment, maintenance and application
  • 2011 - Immune Reactivity to Dengue and Aedes albopictus Mosquitoes in the Population from Macao, China, Before Dengue Occurrence[14]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b «Universidade de Cabo Verde - Universidade de Cabo Verde» 
  2. Rocha, Diara; Novo, Maria; Matos, Olívia; Figueiredo, Ana C.; Delgado, Manuel; Cabral, Marilene D.; Liberato, Maria; Moiteiro, Cristina (2015). «Potential of Mentha pulegium for mosquito control». Revista de Ciências Agrárias (em inglês). 38 (2): 155–165. ISSN 2183-041X. doi:10.19084/rca.16908 
  3. a b c d «Visão | Covid-19: Bióloga cabo-verdiana produz desinfetante e já pensa em máscaras e exportação». 8 de abril de 2020 
  4. a b c d e «Rostos do combate ao COVID19». 1 de abril de 2020 
  5. SAPO. «Cabo Verde também tem Ciência: "Plantas medicinais das nossas ilhas podem combater a malária" - Investigadora Diara Rocha» 
  6. «Funcho e poejo podem matar mosquito da dengue - DN» 
  7. «Covid-19: Bióloga cabo-verdiana produz desinfetante e já pensa em máscaras e exportação» 
  8. Rocha, Diara (2019). «Impactos de Alterações Climáticos na Saúde Pública e o papel da educação em Cabo Verde». Fórum sobre “Clima/Variabilidade e Alterações Climáticas - Impactos na Economia na CPLP e em África. Consultado em 17 de abril de 2020 
  9. Rocha, Diara (2019). «O IMPACTO DA DENGUE NAS ILHAS DE CABO- VERDE, DA OCORRÊNCIA DO SURTO ÀS MEDIDAS IMPLEMENTADAS NO TERRENO PARA O CONTROLO DA DOENÇA. CASO DE ESTUDO: INQUÉRITO NA ILHA DE S. VICENTE, ZONA RURAL VERSUS URBANA SOBRE O CONHECIMENTO E PREVENÇÃO DA DENGUE». Escola de Formação de Professores, Instituto Universitário de Educação (EFP, IUE);Centro de Química e Bioquímica, Faculdade de Ciências (CQB, FC), Universidade de Lisboa. Consultado em 17 de abril de 2020  line feed character character in |titulo= at position 39 (ajuda); line feed character character in |publicado= at position 78 (ajuda)
  10. Rocha, Diara; Novo, Maria; Matos, Olívia; Figueiredo, Ana C.; Delgado, Manuel; Cabral, Marilene D.; Liberato, Maria; Moiteiro, Cristina (2015). «Potencialidade da Menta pulegium no controlo de mosquitos». Revista de Ciências Agrárias. 38 (2): 155–165. ISSN 0871-018X. Consultado em 13 de abril de 2020 
  11. «Human Health: Molecular Interventions and Regulation Mechanisms | CQB» (em inglês) 
  12. Rocha, Diara Kady Monteiro Vieira Lopes (2013). «Plantas medicinais tropicais e mediterrânicas compropriedades biocidas no controlo de insetos vetores de agentes patogénicos» 
  13. «CESAM »» 
  14. De Carvalho, Isabel Lopes; Rocha, Diara Kady; Almeida, A. Paulo G. (2011). «Immune reactivity to dengue and Aedes albopictus mosquitoes in the population from Macao, China, before dengue occurrence». In Vivo (Athens, Greece). 25 (4): 625–631. ISSN 1791-7549. PMID 21709006. Consultado em 13 de abril de 2020