Equação de Euler-Cauchy

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 Nota: Para outros significados, veja equação de Euler.

Em matemática, uma equação de Euler-Cauchy, ou equação de Cauchy-Euler, ou simplesmente a equação de Euler é uma equação diferencial ordinária linear homogênea com coeficientes variáveis. Às vezes é chamada de equação equidimensional. Devido à sua estrutura equidimensional particularmente simples, a equação diferencial pode ser resolvida explicitamente.

A equação[editar | editar código-fonte]

A equação de Euler-Cauchy pode ser expressa como

A substituição (isto é, ; para , podemos substituir por , que estende o domínio da solução para ) pode ser usada para reduzir esta equação a uma equação diferencial linear com coeficientes constantes. Alternativamente, a solução experimental pode ser usado para resolver diretamente as soluções básicas.[1]

Uma das características desse tipo de equação é que o grau dos coeficientes corresponde a ordem da diferencial .[2]

Equação de Euler-Cauchy de segunda ordem[editar | editar código-fonte]

Realizaremos uma análise detalhada da forma da solução geral da equação de segunda ordem homogênea

A solução de equações de ordem superior é análoga. Também podemos resolver a equação não homogênea pelo método da variação de parâmetros, uma vez que houvermos determinado a particular.

Nota: O coeficiente de é zero em . Portanto concentraremos nossa atenção em encontrar as soluções gerais definidas no intervalo . Soluções no intervalo podem ser obtidas fazendo a substituição na equação diferencial.

Solução da equação homogênea de segunda ordem[editar | editar código-fonte]

Vamos tentar uma solução da forma , onde será determinado. Analogamente com o que acontece quando substituímos equação linear com coeficientes constantes, quando substituímos , cada termo da equação de Euler-Cauchy se transforma em um polinômio em vezes , como

Por exemplo, quando substituímos , a equação de segunda ordem se torna

Logo é uma solução da equação diferencial sempre que é solução da equação auxiliar

ou

Existem três casos diferentes para serem considerados, dependendo se as raízes dessa equação quadrática são reais e distintas, reais e iguais, ou complexas. No último caso as raízes aparecem como um par conjugado.

Caso 1: raízes reais e distintas[editar | editar código-fonte]

Sejam e as raízes reais e distintas de tal que . Então e formam um conjunto fundamental de soluções. Portanto a solução geral é dada por

Caso 2: raízes reais e iguais[editar | editar código-fonte]

Se as raízes de são iguais () então conhecemos apenas uma solução, , da equação de Euler-Cauchy. Aplicamos, então, o Método de d'Alambert para descobrir uma segunda solução linearmente independente de . Procuramos da forma . Substituindo em , temos:

Agrupando os termos, obtemos:

Mas como o argumento de é a própria equação de segunda ordem de Euler-Cauchy e sabemos que a mesma é igual a zero, temos:

Simplificando:

Note que a equação se reescreve como . Portanto, se ela tem raiz dupla é porque . Neste caso, a raiz dupla é

Portanto, Substituindo em , obtemos:

que é redutível à primeira ordem. Considerando obtemos

Separando as variáveis, temos

Integrando e escolhendo a constante de integração como sendo , encontramos , de onde segue

Integrando mais uma vez, segue que e, portanto

Conclusão: se a equação algébrica tem raiz real dupla , duas soluções linearmente independentes para a equação de Euler-Cauchy de segunda ordem são:[3]

e .

Caso 3: raízes complexas conjugadas[editar | editar código-fonte]

Se as raízes de são o par conjugado , onde e são reais, então uma solução é

Mas quando as raízes da equação auxiliar são complexas, como no caso de equações com coeficientes constantes, queremos escrever a solução apenas em termos de funções reais. Para tal, usamos a identidade a seguir:

que, pela Fórmula de Euler, é o mesmo que

Similarmente,

Somando e subtraindo os últimos dois resultados temos

e respectivamente.

A partir do fato de que é uma solução para qualquer valor que as constantes assumirem, vemos, por sua vez, para e que

e

ou

e

também são soluções. Já que no intervalo , concluímos que

e

constituem um conjunto fundamental de soluções da equação diferencial. Portanto a solução geral é

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Kreyszig, Erwin (10 de maio de 2006). Advanced Engineering Mathematics. [S.l.]: Wiley. ISBN 978-0-470-08484-7 
  2. Zill, Dennis G. (2005). A First Course in Differential Equations with Modeling Applications. Belmont: BROOKS/COLE. pp. 162–165. ISBN 978-0-495-10824-5 
  3. Brietzke, Eduardo. «Seção 21 – Equação de Cauchy–Euler» (PDF). Consultado em 22 de março de 2016