Ermida de Santa Maria (Odemira)

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 Nota: Este artigo é sobre a ermida em ruínas nas margens do Rio Mira, em Odemira. Se procura a Igreja Paroquial de Santa Maria, situada no centro da mesma vila, veja Igreja Paroquial de Santa Maria de Odemira.
Ermida de Santa Maria
Tipo Ermida
Construção Século XIII
Religião Igreja Católica Romana
Diocese Diocese de Beja
Geografia
País Portugal Portugal
Região Alentejo
Coordenadas 37° 35' 45.9" N 8° 38' 43.0" O
Mapa
Localização em mapa dinâmico

A Ermida de Santa Maria, também conhecida como Capela de Nossa Senhora da Piedade, é um monumento religioso em ruínas na vila da Odemira, na região do Alentejo, em Portugal. Foi provavelmente construída na Idade Média,[1] tendo chegado a ser muito afamada devido à sua ligação aos milagres marianos.[2] Porém, devido à sua localização na margem do Rio Mira, foi por diversas vezes danificada por cheias, motivo pelo qual foi substituída por um novo santuário, construído entre os finais do século XIX[2] e os princípios do XX,[3]

Vista da Ermida de Nossa Senhora da Piedade, em 2006.

Descrição e história[editar | editar código-fonte]

O monumento encontra-se na margem Sul do Rio Mira, nas imediações da vila de Odemira,[2] junto à ponte metálica, e à antiga barca para passagem do rio.[3] O edifício desapareceu quase por completo, tendo sobrevivido apenas o arco do nártex.[3]

O local onde se encontra a ermida poderá ter sido um centro religioso pré-cristão.[2] Foi construída provavelmente no século XIII,[1] tendo-se tornado num centro de peregrinação famoso ainda durante a Idade Média, devido aos alegados milagres que eram ali feitos pela Virgem Maria.[2] Uma das cantigas de Santa Maria, recolhidas pelo rei Afonso X de Castela no século XIII, é dedicada à ermida.[2] O monarca referiu que esta cantiga, a número 327, foi baseada numa lenda contada por peregrinos no Caminho de Santiago, e relata um milagre que foi feito por Santa Maria em Odemira.[4] Desta forma, a vila pode ser integrada num percurso em território nacional até ao Santuário de Compostela, que se iniciava no Cabo de São Vicente, no Algarve.[4] Junto da ermida situava-se a albergaria da barca, para ajudar os peregrinos,[3] nas imediações da barca que era utilizada para atravessar o rio,[3] e cujos marcos ainda são visíveis nas margens.[4]

Devido à sua localização, muito próxima da margem do Rio Mira, o templo era frequentemente atingido pelas cheias.[3] Segundo o historiador José António Falcão, isto deu origem a uma lenda onde apesar das águas do rio invadirem o edifício, nunca ultrapassavam em altura o altar, e não submergiam a imagem de Nossa Senhora da Piedade.[3] Este relato pode ser uma indicação de como o local onde se ergue a capela tem um significado espiritual muito antigo, além que a invocação de Nossa Senhora da Piedade «está muito associada aos rios, tem a ver com uma antiga divindade que também perdia o seu filho, que depois renascia com as águas».[3]

No século XVII a ermida mudou de dedicação, passando a ter como padroeira Nossa Senhora da Piedade.[2] Na obra Portugal antigo e moderno, publicada em 1875 por Pinho Leal, é descrita a Capela de Nossa Senhora da Piedade: «Na beira da mesma estrada [para São Teotónio], e próximo á barca, está a capella de Nossa Senhora da Piedade. É vasta, com um bello retábulo, de excellente talha, onde está a padroeira; com a qual todos os povos das visinhanças, e ainda de longe, teem particular devoção. A capella está bastante damnificada, em razão do pouco zelo do seu administrador, que é o parocho da freguezia de Nossa Senhora da Assumpção, da villa, pois, sendo em alguns annos o producto das esmolas á Senhora, de 150$000 réis (sem que esse rendimento seja incluído na congrua do parocho), e tendo a imagem algumas jóias de ouro, se podia muito bem restaurar a capella. O parocho limita se apenas, a fazer uma festa insignificante, á Senhora, em 8 de setembro, para receber as esmolas dos devotos. Segundo a tradição é um sanctuario antiquissimo; mas não se sabe mais nada, nem o Sanctuario Marianno o menciona.»[5]

Devido às frequentes cheias que atingiam a ermida, esta foi substituída por um novo templo, edificado entre os finais do século XIX[2] e os princípios do XX,[3] num local mais elevado, e portanto ao abrigo das cheias.[2] Porém, segundo o historiador António Martins Quaresma, esta transferência enfrentou alguma resistência popular.[3] Posteriormente, o local onde se encontra a ermida deixou de ser assolado pelas cheias, devido à construção da Barragem de Santa Clara, que represa o Rio Mira.[3] O edifício desapareceu quase completamente, apenas restando alguns vestígios.[3]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b FALCÃO, José; PEREIRA, Ricardo (1996). «Santuário de Nossa Senhora da Piedade». Sistema de Informação para o Património Arquitectónico. Direcção-Geral do Património Cultural. Consultado em 22 de Maio de 2022 
  2. a b c d e f g h i «Ermida de Nossa Senhora da Piedade». Odemira Turismo. Câmara Municipal de Odemira. Consultado em 22 de Maio de 2022 
  3. a b c d e f g h i j k l RODRIGUES, Elisabete (8 de Março de 2017). «O festival que tem música, património e biodiversidade esteve na terra do rio duas vezes rio». Sul Informação. Consultado em 22 de Maio de 2022 
  4. a b c DIAS, Carlos (28 de Julho de 2007). «Sul de Portugal regressa ao caminho das estrelas». Público. Consultado em 23 de Maio de 2022 
  5. LEAL, 1875:203

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Leitura recomendada[editar | editar código-fonte]

  • QUARESMA, António Martins (1989). Odemira: Subsídios para uma Monografia. Odemira: Câmara Municipal de Odemira 


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