Ethaline Cortelyou

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Ethaline Cortelyou
Ethaline Cortelyou
Nascimento 26 de novembro de 1909
New Kingstown
Morte 19 de julho de 1997 (87 anos)
Colorado Springs
Cidadania Estados Unidos
Ocupação química, escritora técnica, editora

Ethaline Hartge Cortelyou (New Kingstown, 26 de Novembro de 1909 - Colorado Springs, 19 de Julho de 1997) foi uma escritora técnica química e científica e editora americana. Trabalhou no Projecto Manhattan, no Laboratório Metalúrgico da Universidade de Chicago ("Met Lab"), tendo sido uma das setenta cientistas que assinou a Petição Szilárd avisando o governo dos Estados Unidos contra o lançamento de uma bomba atómica sobre o Japão.[1][2] Foi também uma forte defensora das mulheres cientistas, criticando fortemente o tratamento desigual das mulheres pelos empregadores e argumentando que a subutilização das mulheres estava impedindo o avanço científico dos Estados Unidos.

Início de vida e educação[editar | editar código-fonte]

Ethaline nasceu Ethaline Hartge, em 1909.[3] Estudou química no Alfred College, em Nova Iorque, formando-se bacharel na licenciatura científica de química em 1932.

Carreira[editar | editar código-fonte]

Ethaline trabalhou como professora e química, assim como escritora técnica e editora em várias agências do governo, instituições académicas e empresas industriais, sendo sobretudo conhecida pela sua função como química júnior e editora técnica no Laboratório Metalúrgico da Universidade de Chicago ("Met Lab"), durante o Projeto Manhattan. Nesse papel ajudou a preparar uma tabela de isótopos confidencial, mas opôs-se ao lançamento de uma bomba atómica no Japão, sendo uma das dez mulheres, num total de setenta cientistas, a assinar a Petição Szilárd em 1945 alertando o governo dos Estados Unidos contra isso.

Trabalhou depois na Armour Research Foundation (hoje denominada IIT Instituto de Pesquisa), durante sete anos, como editora técnica, e dois anos como analista literária[4][5] servindo como editora técnica da Divisão do Atlântico da Aerojet, em Frederick, Maryland. Também trabalhou no Argonne National Laboratory, no Instituto Nacional de Artrite e Doenças Metabólicas, e na National Aeronautics and Space Administration (NASA), onde foi "especialista em informação ciêntífica."[6]

Em Setembro de 1948 ajudou a organizar um programa da Cooperativa Nacional de Pesquisa de Graduação com o fim de conseguir um maior envolvimento dos estudantes de graduação na pesquisa em química,[7] tendo sido  nomeada secretária do programa de, e editora do catálogo de projectos.

Foi um dos primeiros membros da Divisão de Química de Literatura (DCL)da  American Chemical Society (ACS), e uma das suas autoras mais activas durante o período de 1943 a 1964.[8] Actuou como editora da publicação da DCL Chemical Literature (hoje o Chemical Information Bulletin) em 1958, e a partir de 1965 até à Primavera de 1969. Em Maio de 1959 tinha escrito 40 publicações sobre química e escrita técnica, incluindo capítulos de livros e artigos sobre desenho de tabelas de dados e gráficos.

Ethaline organizou e serviu como primeiro presidente do Capítulo de Chicago da Associação de Editores Técnicos (TWE), que mais tarde se fundiu com outras organizações para formar o que é hoje a Sociedade para a Comunicação Técnica. Envolveu-se também na liderança da TWE a nível nacional, servindo no Comité Executivo, e dirigindo o comité de estatutos e regulamento interno. Através das suas funções de liderança, Ethaline ajudou a assegurar que TWE fosse inclusiva para as mulheres.

Advocacia das mulheres cientistas[editar | editar código-fonte]

No início da sua carreira Ethaline aconselhou as mulheres a assumirem postos de trabalho em escrita e edição técnico-científica como ela própria havia feito, avisando que haveria menos oposição dos homens nessas funções que a que elas encontrariam em posições mais ligadas ao laboratório.[9] Assinalou também os benefícios das posições de edição técnica para as mulheres, incluindo a de que poderiam ser uma boa ponte de emprego entre a formatura na faculdade e o início da vida familiar, sendo mais flexíveis em termos de reentrada, após o tempo de afastamento necessário para cuidar de crianças.[10]

Em 1958, no entanto, Ethaline viria a considerar a canalização de mulheres para esses cargos como um "desperdício de talento" prejudicial para o avanço da ciência. Tornou-se uma forte defensora da mudança de cultura científica, para melhor acomodar e apoiar as mulheres, ao invés de fazer com que as mulheres assumissem posições que tornariam mais fácil para elas serem mães e esposas. Em Junho de 1958 escreveu um artigo para o Chemical Bulletin, "Utilizing Chemical Womanpower to Combat the Alleged Shortage of Chemists", no qual afirmou que as mulheres não devem ser limitadas a tais posições, criticando os empregadores que evitavam a contratação de mulheres ou as tratavam de forma desigual em relação aos seus homólogos masculinos.

Ethaline serviu como agente das mulheres cientistas da fraternidade Sigma Delta Epsilon, que a escolheram para proferir um discurso ela para dar um discurso no seu almoço anual "All Women in Science" em Dezembro de 1958. este almoço fazia parte de uma "Conferência sobre a Participação das Mulheres na Ciência", realizada por vários grupos, incluindo a Sigma Delta Epsilon, em conjunto com a reunião anual da Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS).[11] Na sua palestra sobre "O Estado das Mulheres Cientistas Americanas", dada no início dos sucessos da União Soviética com o Sputnik, Ethaline argumentou que parte dos sucessos científicos da União Soviética poderia estar ligada à sua inclusão de mulheres cientistas. Insistiu com os empregadores para melhor assegurarem as suas trabalhadoras providenciando, entre outras coisas, a oferta de licença de maternidade e educação a tempo parcial, e oportunidades de emprego para auxiliá-las a reentrar no trabalho após o tempo necessário para cuidar das crianças, pedindo também às cientistas do sexo feminino para se apoiarem umas às outras.

Ethaline serviu como membro fundador e tesoureira do Conselho Nacional sobre a Participação das Mulheres na Ciência, formado em Março de 1959, como um desdobramento da conferência. O Conselho foi de curta duração pois, apesar de obtenção de fundos iniciais da Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS), as suas propostas de financiamento solicitando fundos à Fundação Nacional da Ciência (NSF) e do Instituto Nacional de Saúde (NIH) para a criação de um centro para ajudar a acabar com práticas discriminatórias no emprego e na educação de mulheres cientistas foram rejeitadas com base na "fundamentação técnica." O grupo refez-se como Conselho Americano de Mulheres em Ciência e Ethaline manteve-se um membro activo, mas este novo grupo foi igualmente de curta duração.

Vida pessoal[editar | editar código-fonte]

Ethaline casou com Warren P. Cortelyou a 18 de Abril de 1930.[12] O seu marido foi director do Departamento de Química da Universidade Roosevelt. Tiveram, uma filha chamada Marie. Ethaline morreu em 1997.

Referências

  1. «Ethaline H. Cortelyou». Atomic Heritage Foundation (em inglês) 
  2. «Szilard Petition». Atomic Heritage Foundation (em inglês) 
  3. «Women Organizers of the First Professional Associations in Technical Communication». Technical Communication Quarterly. 24. ISSN 1057-2252. doi:10.1080/10572252.2015.1001291 
  4. «News Newspaper Archives, May 15, 1959, p. 11». newspaperarchive.com (em inglês) 
  5. «Mrs. Cortelyou is honored» 
  6. Rossiter, Margaret W. (29 de setembro de 1998). Women Scientists in America: Before Affirmative Action, 1940-1972. [S.l.: s.n.] ISBN 9780801857119 
  7. «National Cooperative Undergraduate Research Program.». Journal of Chemical Education. 26. ISSN 0021-9584. doi:10.1021/ed026p195 
  8. «Section 3: 50 Years of Chemical Information in the ACS 1943–1993: ACS Division of Chemical Information: Projects and hosted sites archive: Swain Library». web.stanford.edu 
  9. Puaca, Laura Micheletti (2 de junho de 2014). Searching for Scientific Womanpower: Technocratic Feminism and the Politics of National Security, 1940-1980. [S.l.: s.n.] ISBN 9781469610825 
  10. Rayner-Canham, Marelene F.; Rayner-Canham, Marelene; Rayner-Canham, Geoffrey (2001). Women in Chemistry: Their Changing Roles from Alchemical Times to the Mid-twentieth Century. [S.l.: s.n.] ISBN 9780941901277 
  11. «A New National Defense: Feminism, Education, and the Quest for "Scientific Brainpower," 1940-1965». cdr.lib.unc.edu 
  12. «Crawford County, Illinois USGenWeb Site: Happenings of the Year 1930». crawford.illinoisgenweb.org