Eutoxeres condamini

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Eutoxeres condamini
E. condamini por Ernst Haeckel
CITES Appendix II (CITES)[2]
Classificação científica
Reino:
Filo:
Classe:
Ordem:
Família:
Subfamília:
Gênero:
Espécies:
E. condamini
Nome binomial
Eutoxeres condamini
Bourcier, 1847
Distribuição geográfica
Sinónimos

Trochilus condamini Bourcier, 1851

O beija-flor-azul-de-bico-de-foice,[3] também conhecido como bico-de-foice-de-pontas-amarelas[4] (nome científico: Eutoxeres condamini), é uma espécie de ave apodiforme pertencente à família dos troquilídeos, que inclui os beija-flores. É um dos dois representantes do gênero dos bicos-de-foice, que pertence à subfamília dos fetornitíneos.[5] Pode ser encontrada em altitudes de 180 aos 3300 metros acima do nível do mar, onde se distribui desde o sul da Colômbia, seguindo ao Equador, norte e centro do Peru e, mais ao oeste, na Bolívia.[6]

Etimologia[editar | editar código-fonte]

O nome do gênero deriva da uma aglutinação dos termos em grego antigo εὖ, eu, que significa literalmente "bom, bonito"; adicionado do adjetivo τοξηρης, toxērēs, este último que significa literalmente "arqueado, curvado". Essa denominação referencia o formato do bico dos representantes deste gênero.[7] Em contrapartida, seu descritor específico não derivara particularmente de um substantivo comum, mas se trata de uma dedicatória ao explorador, naturalista e matemático francês Charles Marie de la Condamine.[8] Por sua vez, a subespécie Eutoxeres condamini gracilis apresenta um nome que deriva diretamente.

Seu nome comum em ambos dialetos do português brasileiro e português europeu menciona, no início ou no final, o termo "bico-de-foice", em uma referência ao formato de gancho presente nos membros do gênero.[9] Adicionalmente, seu nome comum no português europeu adiciona que esta espécie possui "pontas-amareladas" em contrapartida ao "bico-de-foice-de-pontas-brancas" que apresenta as extremidades da cauda mais esbranquiçadas, enquanto esta espécie possui as pontas da cauda amareladas.[10][11]

Descrição[editar | editar código-fonte]

São beija-flores ligeiramente grandes, porém ainda dentro da média, apresentando entre 13 a 15 centímetros de comprimento, com os machos e as fêmeas apresentando plumagem similar, sendo essencialmente idênticos com um dimorfismo sexual pouco pronunciado. Como outros fetornitíneos, apresenta um bico mais curvilíneo do que as outras subfamílias de beija-flores, porém muito mais pronunciadamente em relação às outras espécies, possuindo a forma de um quarto de um círculo. Possui maxilar enegrecido e a mandíbula amarelada. Sua massa corporal apresenta uma variação entre 7,9 aos 12,5 gramas, sendo bastante pesados em comparação com uma maioria de espécies de beija-flor. Suas partes superiores se tornam esverdeadas, em uma coloração similar à oliva, quando atingem a maturidade, ao que sua garganta e seu torso são de coloração mais escura, enegrecida. Enquanto isso, o restante das partes inferiores são verde-oliva com muitas listras esbranquiçadas. Sua cauda, assim como outros com o qual esta espécie compartilha sua família, possui um total de dez penas caudais que, nesse caso, são majoritariamente esverdeadas, com as plumas externas sendo ainda esverdeadas, embora mais escuras e mais acastanhadas nas laterais. Eutoxeres condamini condamini possui um bico relativamente mais comprido e mais listras no abdômen. Enquanto a outra subespécie, Eutoxeres condamini gracilis, apresenta um bico menor e abdômen menos listrado.[12][13]

Distribuição e habitat[editar | editar código-fonte]

Sua subespécie com distribuição geográfica mais ao norte, Eutoxeres condamini condamini, pode ser encontrada desde o sul da Colômbia, seguindo pelo Equador e, depois, distribuindo-se ao norte do Peru. Sua outra subespécie que é bem mais sulista, Eutoxeres condamini gracilis, se distribui desde a região mais central do Peru, seguindo mais ao sul, em direção ao noroeste da Bolívia. Onde ambas as espécies de Eutoxeres são simpátricas, estes podem ser diferenciados por plumagem mais amarelo-acastanhada nas rêmiges, que são esbranquiçadas no beija-flor-de-bico-de-foice; estes beija-flores ocorrem simultaneamente nos contrafortes do departamento de Putumayo, em torno do município de Mocoa, ambos colombianos. Esta espécie habita os sub-bosques da floresta montanhosa de folhas persistentes. É restrito à vegetação rasteira de habitats florestais e arborizados úmidos, registrados de 180 aos 3290 metros acima do nível do mar. Estes toleram mais distúrbios de habitat do que seu congênere, ocorrendo regularmente em plantações, bambuzais e habitat aberto onde as populações são saudáveis, embora ainda prefira a vegetação natural. Pode ser encontrado simultaneamente nas florestas secundárias recentemente formadas, assim como nas florestas primárias, apresentando preferência por um habitat misto entre as duas vegetações.[13][14][15]

Sistemática[editar | editar código-fonte]

São reconhecidas duas subespécies:[16][17][18][19][20]

  • Eutoxeres condamini condamini (Bourcier, 1851) — subespécie nominal; pode ser encontrado desde os Andes orientais do sudeste da Colômbia ao norte do Peru;
  • Eutoxeres condamini gracilis Berlepsch & Stolzmann, 1902 — pode ser encontrado nos Andes orientais do Peru central e sul ao noroeste da Bolívia

Comportamento[editar | editar código-fonte]

Existem quase nenhuma informação sobre a movimentação dos beija-flores-azuis-de-bico-de-foice, entretanto, acredita-se que esta espécie não realize qualquer migração, sendo sedentária.

Alimentação[editar | editar código-fonte]

Os beija-flores-de-bico-de-foice se alimentam principalmente de néctar. O bico curvilíneo caracteriza uma adaptação ao formato das flores, especialmente aquelas dos gêneros Centropogon e Heliconia, e normalmente se agarra à flor enquanto se alimenta. Esta espécie alimenta-se através de armadilhas, visitando um circuito de plantas com flores e não defendendo nenhuma área em particular. Os bicos-de-foice também se alimentam de insetos, recolhendo-os de teias de aranha ou troncos e galhos.[13]

Reprodução[editar | editar código-fonte]

Os dois ovos brancos são colocados em um ninho preso na parte inferior de uma folha, alguns metros acima do solo. No sul da Cordilheira Oriental da Colômbia, a construção do ninho foi observada em julho ou agosto, e nas terras baixas da província equatoriana de Napo em meados de janeiro. Aves com gônadas aumentadas foram encontradas no Peru de setembro a novembro. Apenas a fêmea incuba; o período de incubação é de 16 a 18 dias e a emplumação dos filhotes 22 a 24 dias após a eclosão. Eles começam a se reproduzir um ou dois anos após atingir a maturidade sexual.[12]

Vocalizações[editar | editar código-fonte]

As vocalizações dos beija-flores-de-bico-de-foice são "uma série complexa de guinchos finos e chorosos, seguidos por algumas notas tseep estridentes e agudas". Parece haver alguma variação geográfica nele. Uma descrição de sua chamada é "notas tsitting agudas, finas e agudas".[13]

Estado de conservação[editar | editar código-fonte]

A União Internacional para a Conservação da Natureza avaliou o beija-flor-andino como sendo uma espécie "pouco preocupante", embora o tamanho e a tendência de sua população sejam desconhecidos. Nenhuma ameaça imediata ao seu habitat foi identificada. É considerado bastante comum e é encontrado em pelo menos uma área protegida.[1]

Referências

  1. a b BirdLife International (1 de outubro de 2016). «Buff-tailed Sicklebill (Eutoxeres condamini. The IUCN Red List of Threatened Species. 2016: e.T22687016A93135718. doi:10.2305/IUCN.UK.2016-3.RLTS.T22687016A93135718.enAcessível livremente. e.T22687016A93135718. Consultado em 18 de janeiro de 2023 
  2. «Appendices | CITES». cites.org. Consultado em 22 de dezembro de 2022 
  3. Paixão, Paulo (Verão de 2021). «Os Nomes Portugueses das Aves de Todo o Mundo» (PDF) 2.ª ed. A Folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. p. 111. ISSN 1830-7809. Consultado em 18 de janeiro de 2023 
  4. Alves, Paulo; Elias, Gonçalo; Frade, José; Nicolau, Pedro; Pereira, João, eds. (2019). «Trochilidae». Nomes das Aves PT. Lista dos Nomes Portugueses. Consultado em 17 de janeiro de 2023 
  5. «2021 eBird Taxonomy Update». eBird Science. 2021. Consultado em 31 de dezembro de 2022 
  6. Gill, Frank; Donsker, David; Rasmussen, Pamela, eds. (11 de agosto de 2022). «Hummingbirds». IOC World Bird List (em inglês) 12.1 ed. Consultado em 18 de janeiro de 2023 
  7. Beekes, Robert S. P. (2010). van Beek, Lucien, ed. «Etymological Dictionary of Greek». Brill Academic Pub. Leiden Indo-European Etymological Dictionary Series. 10. ISBN 9789004174207. Consultado em 23 de dezembro de 2022 
  8. Jobling, James A. (1991). A Dictionary of Scientific Bird Names. Oxford: Oxford University Press. ISBN 0-19-854634-3. OCLC 45733860 
  9. «Eutoxeres aquila (beija-flor-de-bico-de-foice)». Avibase. Consultado em 17 de janeiro de 2023 
  10. Paixão, Paulo (Verão de 2021). «Os Nomes Portugueses das Aves de Todo o Mundo» (PDF) 2.ª ed. A Folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. p. 113. ISSN 1830-7809. Consultado em 25 de agosto de 2022 
  11. Alves, Paulo; Elias, Gonçalo; Frade, José; Nicolau, Pedro; Pereira, João, eds. (2019). «Trochilidae». Nomes das Aves PT. Lista dos Nomes Portugueses. Consultado em 21 de dezembro de 2022 
  12. a b Hinkelmannn, Christoph (1999). «3. Buff-tailed Sicklebill». In: del Hoyo, Josep; Elliott, Andrew; Sargatal, Jordi. Handbook of Birds of the World. 5: Barn-owls to Hummingbirds. Barcelona: Lynx Edicions. p. 537, 45. ISBN 84-87334-25-3 
  13. a b c d Hinkelmann, Christoph; Boesman, Peter F. D. (2020). «Buff-tailed Sicklebill (Eutoxeres condamini), version 1.0». Birds of the World (em inglês). doi:10.2173/bow.butsic1.01. Consultado em 19 de janeiro de 2023 
  14. Schulenberg, Thomas Scott; Stotz, Douglas Forrester; Lane, Daniel Franklin; O'Neill, John Patton (24 de maio de 2010). Field-Guide to the birds of Peru. Princeton: Princeton University Press. ISBN 978-0-7136-8673-9. OCLC 159634650 
  15. Hilty, Steven L. (1986). A guide to the birds of Colombia. William L. Brown. Princeton, Nova Jérsia: Princeton University Press. OCLC 11234472 
  16. Monroe, Burt L. (1993). A world checklist of birds. Charles G. Sibley. New Haven: Yale University Press. OCLC 611551988 
  17. Remsen, J. V., Jr., J. I. Areta, E. Bonaccorso, S. Claramunt, A. Jaramillo, D. F. Lane, J. F. Pacheco, M. B. Robbins, F. G. Stiles, e K. J. Zimmer. (31 de janeiro de 2022). «A classification of the bird species of South America». American Ornithological Society. Consultado em 2 de outubro de 2022 
  18. BirdLife International (2020). «Handbook of the Birds of the World and BirdLife International digital checklist of the birds of the world». Datazone BirdLife International. Consultado em 2 de outubro de 2022 
  19. Clements, J. F., T. S. Schulenberg, M. J. Iliff, S. M. Billerman, T. A. Fredericks, J. A. Gerbracht, D. Lepage, B. L. Sullivan, and C. L. Wood. (2021). «The eBird/Clements checklist of Birds of the World: v2021». Cornell Lab of Ornithology. Consultado em 2 de outubro de 2022 
  20. Gould, John (1852). «Eutoxeres condamini: Condamine's Sickle-bill». Londres: Taylor and Francis. A monograph of the Trochilidæ, or family of humming-birds (em inglês). 1 (1849–1852): 4. OCLC 9648140. doi:10.5962/bhl.title.51056Acessível livremente. Consultado em 17 de janeiro de 2023 

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