Ildefonso Juvenal

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Ildefonso Juvenal
Nome completo Ildefonso Juvenal da Silva
Nascimento 10 de abril de 1894
Desterro,
Santa Catarina,
Brasil
Morte 09 de março de 1965
Florianópolis,
Santa Catarina,
Brasil
Nacionalidade brasileira
Ocupação escritor, farmacêutico e militar

Ildefonso Juvenal da Silva (Florianópolis, 10 de abril de 1894Florianópolis, 9 de março de 1965) foi um escritor, orador, militar e farmacêutico brasileiro. Primeiro homem negro a se formar em uma instituição de ensino superior do estado de Santa Catarina, em 1924. Publicou obras literárias nos gêneros contos, poesias e teatro, além de dezenas de artigos e crônicas em diversos jornais e revistas. Realizava pesquisas históricas, tornando-se sócio do Instituto Histórico e Geográfico Catarinense. Junto a dezenas de outros homens negros de Florianópolis, fundou o Centro Cívico e Recreativo José Boiteux, em 1920, associação que lutava por cidadania e contra a discriminação racial, da qual foi orador e presidente.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Ildefonso Juvenal nasceu na cidade de Desterro (Florianópolis), Santa Catarina, em 1894. Primeiro filho do casal Ovídio Medeiros da Silva, ex-escravo, e Henriqueta Amélia de Castro, alforriada na pia batismal. Seu pai faleceu quando tinha 12, assumindo parte do compromisso pela manutenção da família. Alfabetizado pela mãe, passou a se destacar pela fluidez da escrita. Em 1911, aos 17 anos, publica o jornal “A Cassaca”, em parceira com Afonso Câmara.[1] Foi o início de uma prolífica carreira nas letras, na qual publicou centenas de artigos em jornais, cerca de 10 livros e dezenas de folhetos. Em 1917 ingressou na Força Pública e em 1924 diplomou-se em farmácia pela Escola Politécnica, tornando-se o primeiro homem negro a obter título superior em instituição superior do estado de Santa Catarina.[2] Grande orador, Ildefonso destacou-se no cenário intelectual da capital catarinense, participando de inúmeras associações culturais, cívicas e literárias. Dedicou-se aos temas relacionados à história de Santa Catarina, tornando-se sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico Catarinense e membro da subcomissão de Folclore do Estado de Santa Catarina.

Em 1920, junto com Trajano Margarida, André Pinheiro e algumas dezenas de homens, fundou o Centro Cívico e Recreativo José Boiteux. Segundo o estatuto publicado ainda naquele ano, o Centro era formado exclusivamente por homens de cor e seus objetivos eram: 1) levantar em uma das praças de Florianópolis uma herma à ao saudoso poeta João da Cruz e Sousa; 2) proporcionar aos seus associados a instrução cívica e literária e 3) recrear os mesmos e suas respectivas famílias. Em 1921 Ildefonso foi eleito presidente do Centro Cívico e Recreativo José Boiteux, mas disputas internas o fizeram abandoná-lo no ano seguinte, quando a associação recebeu o nome de Centro Cívico e Recreativo Cruz e Sousa.[3] A atuação do Centro Cívico e Recreativo José Boiteux e os discursos proferidos por Ildefonso Juvenal em seus eventos, como as celebrações do 13 de Maio e a inauguração da herma de Cruz e Sousa, marcaram a historia da luta contra a discriminação racial em Florianópolis.

Em 1925, uniu-se a Nicolau Nagib Nahas, Antônio Barreiros Filho, Trajano Margarida, Antonieta de Barros e outros para fundar o Centro Catarinense de Letras. Aceitando em sua composição negros e mulheres, tornou-se uma instituição mais democrática que a Academia Catarinense de Letras, presidida por Altino Flores.[4]

Em 1942, foi eleito sócio do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina.[5]

Vai para a reserva da Força Pública em 1946, mas continua publicando nos jornais do estado de Santa Catarina até sua morte em 1965. Seus artigos tratavam de temas diversos, como artes, o papel do negro na história do Brasil, o preconceito racial, história militar, saúde, crônicas do cotidiano e biografias.

Obras[editar | editar código-fonte]

  • Contos Singelos, (1914)
  • Páginas simples, (1916)
  • Questão de limites Paraná/Santa Catarina, (1916)
  • Painéis, (1918)
  • Relevos, (1919)
  • Páginas singelas, (1929)
  • Álbum histórico da Força Pública de Santa Catarina, (1935)
  • Teatro, (1942)
  • Contos de Natal, (1952)

Referências

  1. GARCIA, Fábio (2019). Ildefonso Juvenal da Silva: um memorialista Negro no Sul do Brasil. Florianópolis: Cruz e Sousa. 447 páginas 
  2. «Câmara de Florianópolis homenageia o jornalista Ildefonso Juvenal da Silva». Correio de Santa Catarina. 23 de abril de 2019. Consultado em 6 de maio de 2020 
  3. BORGES, Elisa. O Centro Cívico e Recreativo José Boiteux e sua atuação em Florianópolis na década de 1920. Monografia (Bacharelado em História) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2019.
  4. CÔRREA, Carlos Humberto P. (1997). História da Literatura Catarinense: o estado e as ideias. Volume I. Florianópolis: Ed, da UFSC;Diário Catarinense. pp. 170–172 
  5. «Major Ildefonso Juvenal». Polícia Militar de Santa Catarina. Consultado em 6 de maio de 2020