Invasão de Chiquitos

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Invasão de Chiquitos
Guerra da Cisplatina
Data 1825
Local Chiquitos e Moxos, Bolívia
Desfecho Vitória brasileira
Beligerantes
Império do Brasil Império do Brasil Bolívia
Grã-Colômbia¹

Apoiados por:

Argentina
Comandantes
Pedro I do Brasil¹
Manuel Alves
Manuel de Araújo
Antonio Sucre
Simón Bolívar
¹Apenas diplomaticamente

A invasão brasileira de Chiquitos foi uma expedição do Império do Brasil contra a República de Bolívar em retaliação a Simón Bolívar, fazendo-o não apoiar as Províncias Unidas do Rio da Prata (atual Argentina) durante a Guerra da Cisplatina.

Antecedentes[editar | editar código-fonte]

Com os preparativos da Guerra da Cisplatina em 1825, as lideranças políticas e militares rio-platenses temiam uma vitória brasileira, tendo em vista a experiência de oficiais luso-brasileiros veteranos da Guerra Peninsular, da Guerra contra Artigas e da Guerra de Independência.

Além disso, as forças das Províncias Unidas do Rio da Prata estavam frágeis por conta das cansativas expedições militares no Alto Peru (atual Bolívia). Isto acabou fazendo com que o comandante em chefe das forças argentinas, Carlos María de Alvear, enviasse uma carta a Simón Bolívar solicitando auxílio na guerra contra o Brasil. A troca de correspondências entre rio-platenses e colombianos começou a levantar a suspeita das autoridades brasileiras, em especial do Presidente da Província, Manuel Alves da Cunha.

Em março de 1825, o coronel Sebastián Ramos envia o tenente-coronel José María Velasco ao Mato Grosso, para oferecer as regiões de Chiquitos e Moxos ao controle brasileiro, algo que Cunha viu como uma oportunidade não apenas para aumentar a presença brasileira na região mas também para ser uma demonstração de força para Sucre e Bolívar.[1]

A expedição brasileira[editar | editar código-fonte]

Pedro I em agosto de 1822, por Simplício Rodrigues de Sá

Após a visita do tenente-coronel, Alves da Cunha enviou tropas sob o comando de Manuel José de Araújo para ocupar e anexar posteriormente as regiões a Província de Mato Grosso, uma ação realizada sem o conhecimento do então Imperador do Brasil D. Pedro I.

Essa ação enfureceu as lideranças regionais bolivianas, especialmente o general Sucre, que começou a planejar uma ação de resposta e uma eventual invasão da província, algo que Bolívar impediu, já que acreditava que o Imperador brasileiro não sabia dessa ação.[2]

Missão diplomática entre argentinos e bolivianos[editar | editar código-fonte]

Com a expedição brasileira, as lideranças argentinas realizaram uma missão diplomática na República de Bolívar, para discutir a situação brasileira, já que agora se tratava de um problema para ambas as nações. Os argentinos defendiam que colombianos, bolivianos e argentinos deveriam se unir contra o Brasil e dividir posteriormente o território em várias repúblicas, tornando a Grã-Colômbia como a potência dominante na América do Sul.

As Províncias Unidas também pretendiam anexar parte do Mato Grosso e da região sul brasileira, algo que iria facilitar uma expedição para derrubar o caudilho José Gaspar Rodríguez de Francia, e eventualmente o Paraguai. Esse plano também pretendia acabar com o sistema monárquico constitucional na América do Sul, fortalecendo o modelo republicano na região, algo de interesse do líder venezuelano. Porém, Bolívar recusou e manteve uma certa prudência, por receio de um possível ataque brasileiro à Colômbia.[3]

Fim da questão[editar | editar código-fonte]

Com o aumento das tensões, D. Pedro I, soube da situação da fronteira e do aumento das movimentações políticas dos vizinhos, ordenando a imediata retirada das forças brasileiras da região, que antes de se retirarem acabaram por saquear algumas localidades nas fronteiras.

Posteriormente, D. Pedro I substituiu Alves Cunha por José Saturnino da Costa Pereira, para evitar futuros problemas. A ação brasileira foi bem vista por Bolívar, que se comprometeu a negar a proposta dos argentinos e de manter relações cordiais com o Brasil. Essa solução da questão é vista como uma vitória política brasileira, que além de garantir seus interesses na região evitou uma possível resposta militar de Bolívar.[4]

Consequências[editar | editar código-fonte]

A expedição brasileira alertou os países da América do Sul que os mesmos estavam vulneráveis após a guerra contra a Espanha, algo que seria um dos motivos para o Congresso do Panamá.[5]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «La Invasión Brasileña a Chiquitos». Gobierno Autónomo Departamental de Santa Cruz. Consultado em 28 de fevereiro de 2018 
  2. «La Invasión Brasileña a Chiquitos». Gobierno Autónomo Departamental de Santa Cruz. Consultado em 28 de Fevereiro de 2018 
  3. «La misión Alvear-Díaz Vélez a Bolivia: la discusión de una política común hacia Brasil». Historia General de las Relaciones Exteriores de la Republica Argentina. 3 de março de 2005. Consultado em 28 de Fevereiro de 2018 
  4. «Holdings: La invasión brasileña a Bolivia en 1825 :». catalog.lib.uchicago.edu. Consultado em 31 de março de 2023 
  5. La invasión brasileña a Bolivia en 1825: Una de las causas del Congreso de Panamá

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • F.S. Constancio. História do Brasil.
  • Alejandro Ovando Sanz, Jorge. La invasión brasileña a Bolivia en 1825: Una de las causas del Congreso de Panamá . 1977.
  • LA INVASIÓN BRASILEÑA A CHIQUITOS Y LA RESPUESTA DEL MARISCAL SUCRE, Historias de Bolívia.
  • LA INVASIÓN DE BRASIL A CHIQUITOS Y SU DESALOJO POR ANTONIO JOSÉ DE SUCRE, Historias de Bolívia.
  • SIMON BOLÍVAR E O BRASIL, José Carlos Brandi Aleixo