Lei da situação

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A lei da situação é uma teoria da autora norte-americana Mary Parker Follet. Foi desenvolvida em 1920, sendo uma das colaborações de Follet para a Escola das Relações Humanas.

Compõe o âmbito de Liderança dentro do Comportamento Organizacional. Foi publicada no livro The Giving of Orders (1924). [carece de fontes?]

Tal filosofia foi baseada no conceito de partnership (sociedade), que revolucionou a história da administração, pois reduz a autoridade e a decisão do gerente a apenas um dos elementos do processo global de autoridade e decisão, modificando sensivelmente o conceito tradicional de liderança.[1]

Conceito [2][editar | editar código-fonte]

A lei da situação consiste em uma teoria desenvolvida por Mary Parker Follet que estuda o foco na resolução de problemas, baseados nas situações existentes entre indivíduos em uma empresa, ou ambiente que estejam se relacionando. Segundo a autora, apenas “dar ordens”, visando solucionar problemas ou conflitos internos no trabalho não é o suficiente pois acaba se tornando uma rotina que prejudica tanto os que dão uma ordem, e os que a recebem. Existem casos em que o responsável se acomoda tanto em um patamar que seu único trabalho é dar ordens, e esse ato acaba se tornando automático e perdendo seu real sentido e propósito, que é ensinar e instruir os indivíduos.[3][4]

As maiores implicações existentes no ato de dar ordens e de recebê-las é que, normalmente, isso se vincula de uma maneira grandiosa à hierarquia de uma empresa, onde o cargo mais baixo estará cada vez mais suscetível a receber ordens de quem está níveis acima dele. Mary Parker Follet deixa explícito que a lei da situação tem o objetivo de quebrar esses paradigmas hierárquicos e fazer com os problemas sejam resolvidos tendo sua respectiva situação analisada, independente se for entre um chefe e um assistente. É nítido que as ordens devem ser tomadas de acordo com o conhecimento do indivíduo envolvido na situação, e isso deve ser respeitado.[5]

Cada situação apresenta um ponto específico, um problema, e se é preciso que isso seja resolvido, tanto o chefe quanto o funcionário estão a mercê dessa situação e da lei presente na mesma, devendo assim não obedecer a ordem um do outro, mas sim a ordem que a situação exige que seja obedecida.[6]

Objetivo[7][8][9][editar | editar código-fonte]

O objetivo da lei da situação, defendida por Mary, é que o gestor de uma equipe deixe de dar valor aos fatores subjetivos envolvidos em uma ordem (sua vontade pessoal e não racional, por exemplo). Ao invés disso, ele precisa atentar-se nos dados presentes naquele momento e no contexto, se necessário justificar a ordem que está sendo dada a seus funcionários.[10]

Desta maneira, qualquer conflito gerado dentro de uma organização deve ser tratado pelos seus aspectos situacionais e não em uma lei ou norma universal e preexistente.[11]

O consultor João Bosco Lodi comenta em um texto sobre as ideias de Follet

"Tal visão reduzia a autoridade e a decisão do gerente a (apenas) um elemento do processo global de autoridade e decisão. E, reproduzido as palavras da própria autora: Tantas coisas contribuem para as decisões administrativas antes do papel que o chefe tem nas mesmas - o qual, na realidade não passa algumas vezes da mera promulgação oficial da decisão.. (..) A decisão executiva é um momento no processo.[12]"

Prática[editar | editar código-fonte]

Na prática, essa teoria seria aplicada na resolução de conflitos dentro de uma empresa ou grupo. A partir do momento que o atrito for gerado, ou que uma ordem precise ser dada, deve-se nortear pela situação em si, e não por suas emoções pessoais. É errado pensar que todo conflito e toda ordem deve ser dado e cumprido da mesma forma, tanto por gestores quanto por subordinados diferentes. Cada indivíduo responde de uma maneira a esses conflitos, portanto é importante que essa peculiaridade de tratamento seja respeitada e cumprida dentro das organizações.

Mary Parker Follet também cita que existe um comportamento circular entre as pessoas, isto significa que no momento em que uma ideia é dada por algum indivíduo, logo em seguida, algum outro indivíduo que está incluso nessa conversa vai se sentir no direito de confrontar e dar sua opinião específica sobre a situação, tendo assim uma exposição de ideias e argumentos entre as pessoas. Na lei da situação o que ocorre é que essas diferentes ideias se integram e se ajudam entre si, e não apenas uma domina a outra, como acontece quando as ordens são somente dadas por um superior, sem que haja uma explicação sobre o ocorrido e uma análise mais aprofundada. E com a ajuda mútua os colaboradores conseguem entender todos os pontos necessários para a tomada e decisão, além de agregar conhecimento por meio da aprendizagem.

Quando existe um problema no meio de uma sociedade, o que deve ser analisado e levado em conta é a participação de todos os envolvidos no conflito, e não uma adaptação de quem possui mais autoridade de solucionar um caso de forma individual.

Autora[editar | editar código-fonte]

Mary Parker Follet

Mary Parker Follett (Quincy, 1868 — Massachusetts, 1933) foi uma autora norte-americana que abordou diversos temas relativos à administração, na chamada Escola das Relações Humanas.

Também ficou conhecida como a “profeta da gestão” e era formada em filosofia, direito, economia e administração pública.[13]

Foi autora de diversos livros e artigos, como:

  • The Speaker of the House of Representatives(1896)[14]
  • The New State (1918)[15]
  • Creative Experience (1924)[16]
  • The Giving of Orders (1924)
  • Dynamic Administration: The Collected Papers of Mary Parker Follett (1942) [17]

A lei da situação fez parte de seu livro, The Giving of Orders (1924)

Referências

  1. CHAMON, Edna Maria Querido de Oliveira – Gestão Integrada de Organizações - Brasport, Rio de Janeiro – RJ – 2008
  2. Law of the situation - Business Dictionary
  3. GRAHAM, Pauline – Mary Parker Follett Prophet of Management – Beard Books – Washington – DC - 1995
  4. Barclay, Laurie (2005). "Following In The Footsteps Of Mary Parker Follett: Exploring How Insights From The Past Can Advance Organizational Justice Theory And Research". Journal of Management History.
  5. Follet, M.P (1926), "The Giving of Orders", in Dynamic Administration; The Collected Works of Mary Parker Follet. Henry C. Metcalf and L. Urwick, Eds. New York: Harper and Borthers Publishers, 1941: 65-66
  6. Mendenhall, Marsh, Mark E, W. Jeffrey (2010). "Voices From The Past: Mary Parker Follett And Joseph Smith On Collaborative Leadership". Journal of Management Inquiry.
  7. BURTON, John - Managing Residential Care – Editora Routledge – New York – NY – 2006
  8. LISBOA, João; COELHO Arnaldo; COELHO Filipe, ALMEIDA Filipe - Introdução à Gestão de Organizações - 3ª Edição - Vida Econômica Editorial – 2011
  9. OLIVEIRA, Marco A. - Comportamento Organizacional Para a Gestão de Pessoas - Como Agem as Empresas e Seus Gestores. Editora Saraiva, 2010. pp. 271-272
  10. Nohria, Nitin. "Mary Parker Follett’s view on power, the giving of orders, and authority: An alternative to hierarchy or a utopian ideology." Mary Parker Follett–Prophet of Management (1995): 154-62.
  11. CHIAVENATO, Idalberto – Introduçao a Teoria Geral Da Administraçao Editora Elsevier – Rio de Janeiro – RJ - 2004
  12. Apud LODI, João Bosco. Historia da administração, São Paulo, Pioneira, 1971. p. 82
  13. Mary Parker Follet: a profetisa da Administração
  14. Follett, Mary Parker. The Speaker of the House of Representatives. CreateSpace Independent Publishing Platform.
  15. Follett, M.P. The New State. Evergreen Review, Inc.
  16. Follett, M.P. Creative Experience. Martino Fine Books.
  17. Follett, Henry C. Dynamic Administration: The Collected Papers of Mary Parker Follett. Routledge