Manuel Ramirez

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Manuel Ramirez
Nome completo Manuel Guerreiro Ramirez
Nascimento 1 de Setembro de 1941
Vila Real de Santo António
Morte 8 de Março de 2022
Nacionalidade português
Alma mater Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras
Ocupação Professor e economista

Manuel Guerreiro Ramirez ComMAI (Vila Real de Santo António, 1 de Setembro de 1941 — 8 de Março de 2022) foi um empresário português. Destacou-se pelo impulso que deu à indústria conserveira portuguesa, principalmente a sua empresa familiar, Ramirez.[1]

Latas de sardinha da marca Ramirez, à venda numa loja de Hong Kong, em 2020.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Nasceu em 1 de Setembro de 1941, na localidade de Vila Real de Santo António.[1] Era o bisneto de Sebastian Ramirez, o fundador da empresa de conservas Ramirez & Cia (filhos), sedeada em Vila Real de Santo António.[2] Durante a juventude, frequentou um curso comercial na cidade alemã de Hamburgo, onde também laborou numa fábrica de conversas de arenques.[3] Também residiu durante mais de um ano no Reino Unido, onde trabalhou numa empresa comercial de Londres, e depois foi para Paris, onde frequentou um curso de engenharia alimentar, com especialização na área das conservas.[1]

Voltou a Portugal em 1962, onde se tornou responsável pela fábrica de Vila Real de Santo António, tendo posteriormente assumido a administração de toda a empresa, após o pai ter falecido.[3] Durante a sua liderança, a empresa passou por um franco processo de modernização e desenvolvimento, tendo introduzido novos métodos e materiais de fabrico.[1] Entre as principais mudanças contam-se a fundação de um laboratório próprio para controlo de qualidade, e a criação de redes de frio e congelação, que mudaram de forma profunda as relações laborais na indústria conserveira, uma vez que possibilitaram a laboração a tempo inteiro.[1] Outra importante inovação, que revolucionou a indústria a nível mundial, foi a introdução das argolas para abertura fácil das latas, sem necessitar de ferramentas, tendo sido estudada ao longo de três anos por Manuel Ramirez, de forma a encontrar o sítio ideal para fazer funcionar a argola num local onde permitisse uma abertura facilitada da tampa, mas sem colocar em causa a segurança da lata.[1]

Devido ao seu conhecimento de idiomas e aos seus contactos fora do país, foi responsável pela organização do processo de exportação de um grande número de fábricas no Algarve.[3] Posteriormente, a empresa mudou de localização várias vezes, tendo passado por Peniche, Setúbal e Matosinhos, onde em 2015 Manuel Ramirez fundou uma nova fábrica, denominada de Ramirez 1853.[2] Esta unidade foi considerada por especialistas internacionais como uma das fábricas mais funcionais e ecologicamente eficientes em todo o mundo, na indústria agroalimentar.[3] Continuou igualmente a tradição familiar de instalar uma creche nas instalações da fábrica, onde as trabalhadoras pudessem deixar os filhos durante o horário laboral.[1] Em 2014 voltou ao Algarve, onde reiniciou a produção da famosa marca de conservas de sardinha La Rose em Portimão, no contexto das comemorações do sexto aniversário do Museu Municipal.[2]

Liderou igualmente a Associação Nacional dos Industriais de Conservas de Peixe durante cerca de doze anos, tendo introduzido uma importante mudança no processo conserveiro, passando o peixe a ser comercializado directamente às fábricas.[3] Fez parte da Associação Europeia dos Processadores de Pescado, da qual foi presidente durante um ano, tendo durante o seu mandato conseguido organizar a indústria conserveira europeia nos grupos de trabalho de Atum e Sardinhas, além de ter sido responsável pela classificação, por parte da União Europeia, da sardina pilchardus walbaum como denominação de origem.[3] Esta espécie era pescada na zona marítima portuguesa e era utilizada nas conservas produzidas em Portugal, tendo desta forma ganhado relevo em relação a outras espécies oriundas da América do Sul, como a sardinops sagax.[3] Também dirigiu a Associação Comercial de Lisboa e a Confederação da Indústria Portuguesa, tendo nesta última sido responsável pelo lançamento do Código de Boas Práticas Comerciais.[3] Enveredou igualmente pela carreira diplomática, tendo sido cônsul da Finlândia, cargo que passou depois para o seu filho, Manuel Teixeira Marques Ramirez.[1] Com efeito, o escritório do consulado funcionava numa sala própria, dentro das instalações da fábrica.[1]

Faleceu em 8 de Março de 2022, aos oitenta anos de idade.[2] O funeral teve lugar no dia seguinte, na Igreja da Nossa Senhora da Boavista.[3]

Em 17 de Janeiro de 2006, foi condecorado com o grau de comendador da Ordem do Mérito Industrial.[4]

Referências

  1. a b c d e f g h i Lusa (8 de Março de 2022). «Morreu Manuel Ramirez, dono das conservas Ramirez». Diário de Notícias. Consultado em 4 de Maio de 2022 
  2. a b c d «Morreu o algarvio Manuel Ramirez, dono da Conserveira Ramirez». Sul Informação. 8 de Março de 2022. Consultado em 4 de Maio de 2022 
  3. a b c d e f g h i Lusa (8 de Março de 2022). «Morreu Manuel Ramirez, dono das conservas Ramirez, aos 80 anos». ECO. Consultado em 4 de Maio de 2022 
  4. «Entidades nacionais com ordens portuguesas». Ordens Honoríficas Portuguesas. Presidência da República Portuguesa. Consultado em 18 de Maio de 2022 


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