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Marcenaria Baraúna

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A marcenaria Baraúna foi fundada em 1987 pelos arquitetos Francisco Fanucci, Marcelo Ferraz[1] e Marcelo Suzuki.[2] A marcenaria é considerada uma das mais longevas e representativas do país na criação e produção de móveis de design autoral.[3] Seus móveis são caracterizados pela simplicidade formal, valorização das madeiras brasileiras e das tradições populares.[4]

História[editar | editar código-fonte]

Os fundadores Francisco, Marcelo Ferraz e Marcelo Suzuki conheciam-se da época em que estudaram na FAU-USP e tinham fundado antes a "Brasil Arquitetura" em 1979, onde trabalhavam em parceria com outros profissionais. Foi em um destes trabalhos, o restauro do Solar do Unhão em Salvador, que conheceram Lina Bo Bardi (MASP, Casa de Vidro) e surgiu a ideia de criar a marcenaria. Ela foi a grande incentivadora e quem fez as primeiras encomendas, as cadeiras "Frei Egydio" e "Girafinha", desenhada em conjunto por ela e os arquitetos da Marcenaria Baraúna.[4][5]

Em 1995, Fanucci saiu e ingressaram Paulo Alves e Cláudio Correa, depois saiu Paulo Alves e juntou-se ao grupo Renata Puglia e Yuri de Oliveira, muitos passaram pela marcenaria.[4]

Design[editar | editar código-fonte]

Os móveis possuem desenho "enxuto", despojado de excessos decorativos, com traços da cultura popular brasileira, mostrando os veios e fibras das madeiras nacionais. Entre as madeiras utilizadas está o jacarandá paulista, o pinho-do-pará, cabriúva, entre outros.[4]

Catálogo de Criações[editar | editar código-fonte]

Entre as criações de destaque da marcenaria Baraúna estão as cadeiras Frei Egydio, Maria, Girafinha, Filó e Shibui, Também em 2017 fez parceria com a Dpot para venda exclusiva de seus produtos.[3][6]

Cadeiras Girafinha[editar | editar código-fonte]

Criados por Francisco Fanucci, Marcelo Ferraz e Marcelo Suzuki em parceria com Lina Bo Bardi apresenta um design de concisão estrutural, beleza, conforto, durabilidade, feito em madeira maciça brasileira. Foi criada para ser utilizada no restaurante Benin, de Salvador. A inspiração veio do clima gelado dos países nórdicos, mais precisamente da Finlândia. Repaginaram o banquinho de três pés que Alvar Aalto fez para o sanatório de Paimio.[7][8]

Cadeiras Frei Egydio[editar | editar código-fonte]

Também em parceria dos três arquitetos com Lina Bo Bardi, apresenta características similares às cadeiras Girafinha com relação a concisão estrutural, beleza, conforto, durabilidade. Estas cadeiras foram feitas para o Teatro Gregório de Mattos, também em Salvador. Utilizaram como inspiração as cadeiras dobráveis do renascimento italiano, um móvel franciscano do século XVII, mas modernizando-as para três fileiras de tábuas.[8][9]

Cadeiras Isa d'Après Siza[editar | editar código-fonte]

Esta cadeira assinada por Marcelo Ferraz teve como inspiração uma cadeira elaborada pelo arquiteto português Álvaro Siza. Com geometria simples, empilhável e leve, é adequada para uso em escolas, clubes ou mesmo em casa. Feita em madeira de eucalipto de florestamento na parte estrutural, o assento é de compensado naval e encosto de madeira ipê.[8]

Cadeiras Maria[editar | editar código-fonte]

Também assinada por Marcelo Ferraz, recebeu este nome em homenagem à Maria Bethânia em seus cinquenta anos de carreira. Possui uma mistura de formatos de quadrado e círculo para compor o assento e encosto.[8]

Banco Cachorrinho[editar | editar código-fonte]

A referência utilizada para esta peça foi encontrada em uma fazenda no Vale do Paraíba, uma outra peça anônima.[8]

Poltrona e Cadeira Filó[editar | editar código-fonte]

Assinada por Francisco Fanucci, foi resultado de um convite de empresas de madeira certificada, que queriam divulgar sua matéria-prima. As peças que o arquiteto recebeu eram pequenas, outras curtas, pois eram sobras do que não havia sido exportado. Fanucci então criou uma linha considerando o mínimo para estruturar uma cadeira. Este conceito também foi utilizado na chaise Filó.[8]

Cadeira Brava[editar | editar código-fonte]

Projetada por Marcelo Suzuki, que usou como inspiração as cadeiras de palha campestres. Duas peças em formato de triângulo(parte superior e inferior) e duas outras em trapézios (lateral direita e esquerda), unidas formando um retângulo. Essa foi a base para o assento e encosto, dando harmonia e conforto.[8]

Cadeira Cambuí[editar | editar código-fonte]

De autoria de Francisco Fanucci, baseada nos bancos caipiras, possui os cantos do encosto e do assento inclinados.[8]

Marcenaria Baraúna no MCB (Museu da Casa Brasileira)[editar | editar código-fonte]

A Marcenaria Baraúna instalou o balanço "Amor Perfeito" no Museu da Casa Brasileira no segundo semestre de 2013, fazendo parte da programação do Design Weekend (evento que aborda o design e é realizado em outros lugares também, como Londres e Milão). A peça composta de dois lugares foi feita em madeira maciça Cabreúva e Ipê e teve como inspiração os assentos das cadeiras que usamos no cotidiano, com dois planos inclinados, levando aos usuários a sentarem em faces opostas.[10]

Cláudio Corrêa, designer da marcenaria Baraúna, também conversou com os visitantes do MCB para explicar como foi o desenvolvimento deste balanço.[10]

Oficina de Mobiliário[editar | editar código-fonte]

Em 2019, o arquiteto Francisco Fanucci participou da Oficina de Mobiliário promovida pela Escola Aberta no Galpão, em Presidente Prudente. O foco foi apresentar aos profissionais, estudantes de design, arquitetura e áreas afins, como é a produção, o processo e metodologia utilizados nos projetos de mobiliário da Marcenaria Baraúna, além de um exercício prático de desenho de um mobiliário em madeira.[11][12][13]

Escritório de Projetos, Produção e Comercialização[editar | editar código-fonte]

O escritório de projetos, onde novos produtos são desenvolvidos além de encomendas especiais, fica na Vila Madalena, conhecido como Estúdio Baraúna. A produção de todo do mobiliário é realizada nas oficinas da Rua do Bosque. Em 2017, a distribuição e comercialização de seu catálogo de produtos passaram a ser realizados pela Dpot, com exclusividade.

Livro Móvel como Arquitetura[editar | editar código-fonte]

A marcenaria Baraúna é uma das que possuem mais longa vida além de representatividade na questão de criação e produção de móveis de design autoral. Para celebrar os trinta anos em exercício, lançaram o livro "Marcenaria Baraúna: Móvel como Arquitetura", pela editora Olhares, escrito e estruturado por Mina W. Hugerth, com fotos de Bob Wolfenson, registrando as atividades dos marceneiros dentro da empresa assim como o ambiente envolto do dia a dia.[2][3][7][14]

Mariana Wilderom, que já trabalhou na empresa, também auxiliou com textos sobre alguns dos projetos da marcenaria Baraúna. A crítica Ethel Leon faz uma revisão da história do mobiliário no Brasil e enquadra o trabalho da marcenaria Baraúna dentro deste contexto, que conta com o suporte e apoio do também crítico de design português Frederico Duarte com relação à forma como a marcenaria Baraúna dá vida a seus produtos.[2][3][7]

Referências

  1. «Arquiteto brasileiro Marcelo Ferraz quer recuperar conceito de "cidade para todos"». Porto Canal. Consultado em 27 de abril de 2021 
  2. a b c «Móvel como arquitetura: a Marcenaria Baraúna». ArchDaily Brasil. 15 de maio de 2017. Consultado em 27 de abril de 2021 
  3. a b c d «Marcenaria Baraúna conta 30 anos de história em livro e arma parceria com a Dpot – Glamurama». Marcenaria Baraúna conta 30 anos de história em livro e arma parceria com a Dpot – Glamurama. 29 de maio de 2017. Consultado em 27 de abril de 2021 
  4. a b c d Oliveira Filho, Antônio Luis de (2009). «Madeira que cupim não rói - Por uma expressão brasileira no design do mobiliário» (PDF). UFPE - Universidade Federal de Pernambuco. Consultado em 26 de abril de 2021 
  5. «dpot-barauna». dpot.com.br. Consultado em 26 de abril de 2021 
  6. «Tag: Marcenaria Baraúna». Histórias de Casa. Consultado em 27 de abril de 2021 
  7. a b c «Lançamento do livro "Marcenaria Baraúna: móvel como arquitetura" – arts & culture | vitruvius». vitruvius.com.br. Consultado em 27 de abril de 2021 
  8. a b c d e f g h 07/06/2017. «Design autoral brasileiro em ótima forma». Casa Vogue. Consultado em 27 de abril de 2021 
  9. Naves, Paulo (18 de outubro de 1998). «Móveis Dobráveis - Peças resolvem problemas de circulação». Folha de São Paulo. Consultado em 27 de abril de 2021 
  10. a b mcb (13 de agosto de 2014). «Instalação Balanço Amor Perfeito, da Marcenaria Baraúna - Museu da Casa Brasileira». Consultado em 27 de abril de 2021 
  11. Imparcial, Jornal O. «Arquitetos e designers participam de Oficina de Mobiliário». imparcial.com.br/. Consultado em 27 de abril de 2021 
  12. «francisco fanucci». escolaabertanogalpao. Consultado em 27 de abril de 2021 
  13. francisco fanucci - oficina de mobiliário - marcenaria baraúna, consultado em 27 de abril de 2021 
  14. «MARCENARIA BARAÚNA - martinsfontespaulista». www.martinsfontespaulista.com.br. Consultado em 27 de abril de 2021 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]