Mary Tarrant Rodrigues

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Mary Tarrant Rodrigues
Mary Tarrant Rodrigues
Mary Tarrant Rodrigues
Nome completo Mary Guilhermina Sylvia Tarrant Rodrigues
Conhecido(a) por Mary
Nacionalidade portuguesa

Mary Guilhermina Sylvia Tarrant Rodrigues (c. 1908 - c. séc. XX) foi uma radialista portuguesa que se notabilizou por ser a primeira mulher pioneira no percurso radiofónico quando começou a actuar como locutora de rádio a partir de fevereiro de 1936 em transmissões no Rádio Clube Português,[1][2] sendo uma das mais longevas e destacadas na profissão.[3]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Nascida numa época em que as mulheres enfrentavam inúmeras barreiras de gênero e filha de pai Inglês e Mãe Indiana, Mary Guilhermina S. Tarrant desafiou as normas sociais existentes na Portugal das primeiras décadas do século XX. Assim, Mary desde cedo demonstrou uma paixão pela comunicação e pela arte de contar histórias. O seu interesse pela rádio foi despertando numa época em que a rádio estava a começar a estebelecer-se como uma poderosa forma de Mídia.[1][2]

Apesar das barreiras sociais e da resistência enfrentada por ser mulher, Mary manteve-se determinada e forte nas suas palavras e ideias. Por meio de sua voz e habilidade em se comunicar com o público, ela chamou a atenção de produtores portugueses de rádio. E, em fevereiro de 1936, quando tinha 28 anos de idade e era mãe de 3 filhos, Mary tornou-se a primeira locutora de rádio de Portugal e da Europa, ao ser contratada pela emissora Rádio Clube Português (RCP), abrindo assim novos caminhos para outras mulheres seguirem os seus passos.[1][2] A locutora também seria uma das faces da rádio durante décadas.[4]

Mary fez quase tudo o que era possível dentro de uma estação de rádio, incluindo a montagem de programas. Um dos programas em que mais colaborou como locutora foi o da APA (Agência de Publicidade Artística), principalmente o "Passatempos APA".[1][2]

Ao longo da sua carreira, também se destacou como uma profissional talentosa e respeitada uma vez que a sua voz tornou-se uma presença familiar na rádio através de notícias, entretenimento e mensagens de esperança para um público cativo. Fora do estúdio era uma defensora incasável pela igualdade de gênero e dos direitos das mulheres. Mary usou a sua posição de destaque para inspirar outras mulheres a perseguriem os seus sonhos e acreditarem no seu portencial, deixando assim um impacto profundo não apenas na indústria mas também na sociedade como um todo.[1]

Ela fez teatro radiofónico e, nos anos finais de sua actividade profissional, Mary apresentou o programa "Nunca é Tarde" de 1983, sobre a prática de desporto dos idosos, e com conselhos para o seu quotidiano.[5]

Condecorações[editar | editar código-fonte]

Mary foi galardoada com a "Medalha de ouro" atribuída pelo RCP em virtude de seus 30 anos de serviço. Na mesma década, ela havia recebido a estatueta do prémio da Imprensa de 1964.[carece de fontes?]

Em 1985, ela foi condecorada pelo Presidente da República Portuguesa António Ramalho Eanes com a Ordem do Infante, juntamente com outras 6 mulheres que "promovendo a melhoria e a dignificação da condição feminina, melhoraram e dignificaram a condição humana".[6][7]

A titulo póstumo, Mary foi homenageada na 3ª edição do "Só pela Voz" - "Os Óscares da Rádio em Portugal", evento do Instituto Politécnico da Guarda, criado pela docente e jornalista Liliana Carona e dinamizado por estudantes de Comunicação Radiofónica, do Curso de Licenciatura de Comunicação e Relações Públicas do Instituto Politécnico da Guarda.[8]

Referências

  1. a b c d e «Um Dia Com… Mary». RTP Arquivos. Portugal: RTP. 1972 
  2. a b c d Santos, Rogério (2013). «Jornalismo & Jornalistas» (PDF). Portugal. p. 10 
  3. «No Ar – Episódio 2». RTP. Consultado em 14 de maio de 2024 
  4. «Radio: The Resilient Medium» (PDF). p. 309. Consultado em 14 de maio de 2024 
  5. «Ficha Técnica:Nunca É Tarde». Portugal: RTP. 1983 
  6. Liñares, Ester (2014). «A mulher em Portugal: Alguns aspetos do evoluir da situação feminina na legislação nacional e comunitária - Volume II» (PDF). Lisboa: Direcção Geral da Segurança Social. p. 41 
  7. Roseneil, Sasha (2010). «REPORT ON CHANGING CULTURAL DISCOURSES ABOUT INTIMATE LIFE: THE DEMANDS AND ACTIONS OF WOMEN'S MOVEMENTS AND OTHER MOVEMENTS FOR GENDER AND SEXUAL EQUALITY AND CHANGE» (PDF). Femcit Working Paper (em inglês). Londres: Birkbeck Institute for Social Research. p. 275 
  8. Politécnico da Guarda (Maio 20 @ 14:00 - 17:30). «Só Pela Voz – Conferência em Homenagem aos Nomes Históricos da Rádio». Polittécnico da Guarda  Verifique data em: |data= (ajuda)