Massacre de Kfar Aza

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Massacre de Kfar Aza
Local Kfar Aza, Distrito Sul, Israel
Coordenadas 31° 29′ 01″ N, 34° 32′ 02″ L
Data 7 de outubro de 2023
Tipo de ataque Assassínio em massa, Decapitação, Desmembramento
Responsável(is) Hamas

Durante o ataque do Hamas a Israel, em 7 de outubro de 2023, cerca de 70 militantes do Hamas atacaram Kfar Aza, um kibutz localizado a cerca de 3 quilômetros da fronteira com a Faixa de Gaza, massacrando residentes e sequestrando vários reféns. O número total de vítimas ainda não era conhecido até 10 de outubro. O kibutz tinha 400 residentes. Levou dois dias para as Forças de Defesa de Israel restabelecerem a ordem. O ataque foi notável pelo seu nível de violência, com alegações de decapitações e desmembramento de bebês e adultos, bem como disseminação de histórias falsas sobre o ocorrido.[1]

Massacre[editar | editar código-fonte]

Por volta de 70 milicianos do Hamas conseguiram atravessar um muro que separava o kibutz da Faixa de Gaza na manhã de 7 de outubro de 2023.[2] Após entrarem no kibutz, que fica a 3 quilômetros de Gaza, os militantes procederam a massacrar os residentes da comunidade.[2] Os militantes islâmicos iniciaram seu ataque à comunidade mirando o lado oeste da mesma, uma área do kibutz próxima a Gaza onde viviam famílias com crianças pequenas.[3][4] Membros do kibutz com treinamento militar, que formaram uma guarda armada voluntária, lutaram contra os milicianos invasores para defender a comunidade.[4] Todos os membros da guarda armada voluntária do kibutz foram mortos,[5] e os milicianos ampliaram o ataque em todas as direções.[3] Os milicianos invasores incendiaram casas e mataram residentes civis.[6][7][8] Corpos foram encontrados com as mãos amarradas.[8] De acordo com a BBC News, parece que a maioria das vítimas do massacre morreu nas primeiras horas do ataque.[5]

Até 10 de outubro de 2023, os soldados ainda estavam percorrendo a comunidade para recuperar os corpos.[9] O número total de civis mortos ainda não é conhecido,[8] mas havia alegações de que os mortos incluem pelo menos 40 crianças.[3][10] Membros das Forças de Defesa de Israel que responderam ao local disseram em entrevista à i24News que alguns corpos das 40 crianças mortas foram encontrados decapitados,[11] embora o Departamento de Relações Públicas das Forças de Defesa de Israel tenha informado à Agência Anadolu em 10 de outubro que não podia confirmar relatos de bebês decapitados.[12] A BBC entrevistou Davidi Ben Zion, comandante da Unidade 71, que afirmou que vários civis foram decapitados.[5] Libby Weiss, porta-voz do exército israelense, disse à CBS News que soldados disseram pra ele que bebês e menores de idade haviam sido decapitados ao lado de corpos de adultos desmembrados.[13]

O Hamas nega que o ataque tenha envolvido decapitação de bebês.[14] Até dia 12, não havia evidência fotográfica de decapitação de bebês, como anunciado pela i24News.[15] O canal é conhecido por fazer informações sem base sobre o conflito israelo-palestino.[16] Foram compartilhadas imagens geradas por inteligência artificial em redes sociais como evidência dos bebês mortos, que foram rapidamente identificadas como falsas.[17] O fotojornalista israelente Aren Ziv conversou com soldados no local, disse não ter visto evidência da decapitação, e disse que Israel utiliza informações falsas para "justificar seus crimes de guerra".[18] Mesmo sem confirmação, diversos veículos de mídia divulgaram a informação dos 40 bebês decapitados.[19]

Além disso, os milicianos sequestraram reféns no kibutz[20][21] e a Associated Press confirmou que quatro reféns foram sequestrados em 7 de outubro.[22] O Major General de Israel, Itai Veruv, descreveu o massacre como um ataque terrorista.[20]

Antes do massacre, a comunidade tinha 400 residentes. Levou dois dias e meio para as Forças de Defesa de Israel reestabelecerem a ordem.[4] Os paraquedistas da Unidade 71 lideraram o assalto para retomar a comunidade.[5]

Jornalistas foram autorizados a acessar o local em 10 de outubro.[10][20] O Hamas também divulgou imagens de vídeo do ataque.[23]

Vítimas[editar | editar código-fonte]

Kefar Aza antes do massacre

De acordo com a BBC News, parece que a maioria das vítimas do massacre morreu nas primeiras horas do ataque. Até 10 de outubro de 2023, soldados ainda estavam vasculhando a comunidade em busca dos corpos.[24] Soldados israelenses na cidade afirmaram que vários civis foram decapitados.[5] Crianças e bebês, segundo relatos, estavam entre os mortos.[13][15][25]

Alegação de decapitações[editar | editar código-fonte]

Um membro das Forças de Defesa de Israel (IDF) que respondeu ao local afirmou em uma entrevista à I24NEWS que 40 crianças foram mortas, algumas delas decapitadas pelo Hamas.[11][10] A CBS News posteriormente entrevistou Yossi Landau, chefe regional da organização de socorristas ZAKA, que afirmou que bebês e menores foram decapitados junto com os corpos de adultos desmembrados.[13] Diferentes versões da história foram divulgadas, incluindo afirmações de que "dúzias" de bebês haviam sido decapitados, ou então que foram enforcados ou ainda queimados.[1]

Uma alegação de que vários bebês foram decapitados também foi feita pelo porta-voz do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e a alegação mais destacada foi repetida pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que afirmou ter visto evidências fotográficas disso.[26][27] A Casa Branca posteriormente negou que Biden tenha visto imagens fotográficas e esclareceu que ele se referia a relatórios da mídia e declarações de Netanyahu.[15][27]

As IDF afirmaram à Insider que não investigariam mais a alegação, citando que seria "desrespeitoso com os mortos" fazê-lo.[28] O escritório de Netanyahu divulgou fotos de bebês mortos, afirmando que eles foram mortos e queimados no ataque.[29] O Jerusalem Post afirmou que essas imagens confirmaram que bebês foram decapitados,[25] enquanto a NBC News afirmou que a alegação não pôde ser verificada de forma independente e que nenhuma evidência fotográfica de bebês decapitados foi fornecida.[15] A CNN informou que as alegações de decapitação não puderam ser confirmadas.[30] O jornal de Israel Haaretz afirmou que a história é falsa. Ishay Coen, jornalista do site Kikar Hashabbat, havia divulgado a informação, e depois apagou ao receber a informação da fabricação.[1]

Propagação de desinformação[editar | editar código-fonte]

A alegação de que 40 bebês foram decapitados ganhou ampla atenção nas redes sociais, com mais de 40 milhões de impressões no X (anteriormente Twitter), propagada pelo site israelense I24NEWS e pela conta oficial de Israel. A alegação chegou à primeira página de quase uma dúzia de jornais britânicos. A NBC News afirmou que a alegação provavelmente era incorreta e se baseava na confusão de duas declarações separadas feitas por soldados das IDF.[15][31]

As alegações de decapitação de bebês foram compartilhadas pela mídia, sem confirmação do exército de Israel. Em investigação, a fonte da informação foi traçada até David Ben Zion, comandante da Unidade 71, extremista que incitou violência contra palestinos.[32][33]

Veja também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c «Hamas Committed Documented Atrocities. But a Few False Stories Feed the Deniers». Haaretz (em inglês). 4 de dezembro de 2023. Consultado em 4 de dezembro de 2023 
  2. a b Lubell, Maayan; Rose, Emily (11 de outubro de 2023). «How an Israeli kibbutz 'paradise' turned into hell in Hamas attack». Reuters (em inglês). Consultado em 11 de outubro de 2023 
  3. a b c Aza, Anshel Pfeffer, Kfar (11 de outubro de 2023). «'Babies had their throats cut': how Kfar Aza kibbutz massacre unfolded» (em inglês). ISSN 0140-0460. Consultado em 11 de outubro de 2023 
  4. a b c «Scenes from a massacre: Inside an Israeli town destroyed by Hamas». Washington Post (em inglês). 10 de outubro de 2023. Consultado em 11 de outubro de 2023 
  5. a b c d e «Inside Kfar Aza where Hamas militants killed families in their homes». BBC News (em inglês). 10 de outubro de 2023. Consultado em 11 de outubro de 2023 
  6. News, A. B. C. «Mom says sons snatched by Hamas while on the phone with her». ABC News (em inglês). Consultado em 11 de outubro de 2023 
  7. «More than 100 civilians were massacred at Kfar Aza kibbutz in Hamas attacks, Israeli soldiers say». France 24 (em inglês). 10 de outubro de 2023. Consultado em 11 de outubro de 2023 
  8. a b c Oliphant, Roland; Vasilyeva, Nataliya; Hymas, Charles (10 de outubro de 2023). «Hamas slaughtered babies and children in Kfar Aza kibbutz massacre». The Telegraph (em inglês). ISSN 0307-1235. Consultado em 11 de outubro de 2023 
  9. «Kfar Aza, el kibutz donde Hamas asesinó a 40 niños». ELMUNDO (em espanhol). 10 de outubro de 2023. Consultado em 11 de outubro de 2023 
  10. a b c Berman, Lazar. «'At least 40 babies killed': Foreign reporters taken to massacre site in Kfar Aza». www.timesofisrael.com (em inglês). Consultado em 11 de outubro de 2023 
  11. a b i24NEWS (10 de outubro de 2023). «'It smells of death here': Surveying the scenes of atrocities in Kfar Aza». I24news (em inglês). Consultado em 11 de outubro de 2023 
  12. Solmaz, Mehmet; Calli, Enes (11 de outubro de 2023). «Despite refutations from Israeli military, headlines that Hamas 'beheaded babies' persist». www.aa.com.tr. Anadolu Ajansı. Consultado em 14 de outubro de 2023 
  13. a b c «Israel kibbutz the scene of a Hamas "massacre," first responders say: "The depravity of it is haunting" - CBS News». www.cbsnews.com (em inglês). 11 de outubro de 2023. Consultado em 11 de outubro de 2023 
  14. Muhammad Darwish, Nic Robertson, Artemis Moshtaghian, Amir Tal, Ivana Kottasová (11 de outubro de 2023). «Children found 'butchered' in Israeli kibbutz, IDF says, as horror of Hamas' attacks near border begins to emerge». CNN (em inglês). Consultado em 14 de outubro de 2023 
  15. a b c d e «Unverified reports of '40 babies beheaded' in Israel-Hamas war inflame social media». NBC News (em inglês). 12 de outubro de 2023. Consultado em 14 de outubro de 2023 
  16. Solmaz, Mehmet; Calli, Enes (11 de outubro de 2023). «Despite refutations from Israeli military, headlines that Hamas 'beheaded babies' persist». www.aa.com.tr. Anadolu Ajansı. Consultado em 14 de outubro de 2023 
  17. Staff, The New Arab (13 de outubro de 2023). «Ben Shapiro slammed for sharing 'AI image of Israeli baby'». https://www.newarab.com/ (em inglês). Consultado em 14 de outubro de 2023 
  18. Solmaz, Mehmet; Calli, Enes (11 de outubro de 2023). «Despite refutations from Israeli military, headlines that Hamas 'beheaded babies' persist». www.aa.com.tr. Anadolu Ajansı. Consultado em 14 de outubro de 2023 
  19. Solmaz, Mehmet; Calli, Enes (11 de outubro de 2023). «Despite refutations from Israeli military, headlines that Hamas 'beheaded babies' persist». www.aa.com.tr. Anadolu Ajansı. Consultado em 14 de outubro de 2023 
  20. a b c Lubell, Maayan; Rose, Emily (11 de outubro de 2023). «How an Israeli kibbutz 'paradise' turned into hell in Hamas attack». Reuters (em inglês). Consultado em 11 de outubro de 2023 
  21. Logan, Nick (10 de outubro de 2023). «Why Hamas took so many people hostage — and how that complicates Israel's response». CBC. Consultado em 11 de outubro de 2023 
  22. «Hamas surprise attack out of Gaza stuns Israel and leaves hundreds dead in fighting, retaliation». AP News (em inglês). 7 de outubro de 2023. Consultado em 11 de outubro de 2023 
  23. «Israel-Hamas War: Video shows Hamas militants attack on Kfar Aza kibbutz». Sky News (em inglês). Consultado em 11 de outubro de 2023 
  24. «Kfar Aza, el kibutz donde Hamas asesinó a 40 niños». ELMUNDO (em espanhol). 10 de outubro de 2023. Consultado em 14 de outubro de 2023 
  25. a b «Photos of babies being burnt, decapitated confirmed». The Jerusalem Post | JPost.com (em inglês). 12 de outubro de 2023. Consultado em 14 de outubro de 2023 
  26. «Israel-Hamas war: How the unverified claim about beheaded babies spread — 'Same misinformation, different war'». Yahoo News (em inglês). 13 de outubro de 2023. Consultado em 14 de outubro de 2023 
  27. a b Speri, Alice (11 de outubro de 2023). «"Beheaded Babies" Report Spread Wide and Fast — but Israel Military Won't Confirm It». The Intercept (em inglês). Consultado em 14 de outubro de 2023 
  28. Zitser, Joshua. «IDF says it won't back up its claim that Hamas decapitated babies in Israel because it is 'disrespectful for the dead'». Business Insider (em inglês). Consultado em 14 de outubro de 2023 
  29. Spiro, Amy. «Netanyahu's office releases horrifying images of infants murdered by Hamas». www.timesofisrael.com (em inglês). Consultado em 14 de outubro de 2023 
  30. Berlinger, Matthew Chance,Richard Allen Greene,Joshua (12 de outubro de 2023). «Israeli official says government cannot confirm babies were beheaded in Hamas attack». CNN (em inglês). Consultado em 14 de outubro de 2023 
  31. «Despite refutations from Israeli military, headlines that Hamas 'beheaded babies' persist». www.aa.com.tr. Consultado em 14 de outubro de 2023 
  32. Rubinstein, Max Blumenthal, Alexander (11 de outubro de 2023). «Source of dubious 'beheaded babies' claim is Israeli settler leader who incited riots to 'wipe out' Palestinian village - The Grayzone». thegrayzone.com (em inglês). Consultado em 14 de outubro de 2023 
  33. Redação (12 de outubro de 2023). «Site investigativo desmascara a escabrosa operação de desinformação dos '40 bebês' e identifica principal fonte da falsa notícia». Viomundo. Consultado em 14 de outubro de 2023