Melânia Luz

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Melânia Luz
Melânia Luz
Melânia Luz entre as atletas chilenas Adriana Millard e Anegret Weller após a final do Campeonato Sul-Americano de Atletismo de 1947.
atletismo
Modalidade feminino
Categoria 100 metros rasos
200 metros rasos
4 x 100 metros rasos
Especialidade 200 metros rasos
Representante Brasil Brasil nos Jogos Olímpicos de Verão de 1948
Nascimento 1 de junho de 1928
São Paulo, SP
Nacionalidade Brasil brasileira
Morte 22 de junho de 2016 (88 anos)
São Paulo, Brasil
Treinador(a)(es/s) Dietrich Gerner
Clube São Paulo Futebol Clube
Período em atividade 1945-1958
Medalhas
Campeonato Sul-Americano de Atletismo
Ouro Lima 1949 4 x 100 m rasos
Ouro Montevidéu 1958 4 x 100 m rasos
Prata Rio de Janeiro 1947 200 m rasos
Prata Rio de Janeiro 1947 4 x 100 m rasos
Prata Lima 1949 200 m rasos
Prata São Paulo 1954 4 x 100 m rasos
Bronze Rio de Janeiro 1947 100 m rasos

Melânia Luz (São Paulo, 1 de junho de 1928 — São Paulo, 22 de junho de 2016)[1] foi uma velocista brasileira. Foi a primeira mulher negra a participar de uma delegação olímpica brasileira, nos Jogos Olímpicos de Verão de 1948, realizados em Londres.[2]

Em 2022, entrou no Hall da Fama do Comitê Olímpico do Brasil.[3]

História[editar | editar código-fonte]

Melânia nasceu no bairro do Bom Retiro, na capital paulista, e foi atleta do São Paulo Futebol Clube, sendo treinada por Dietrich Gerner, um técnico alemão que também trabalhava com Ademar Ferreira da Silva.[4] Como na época os atletas não recebiam salário pelos treinamentos, era necessário que Melânia trabalhasse para se sustentar, e assim fez, sendo técnica de laboratório por 30 anos no Hospital do Servidor Público, treinando nos sábados e domingos, dias que sobravam a ela.[5]

Iniciou sua carreira no 1º Troféu Brasil de 1945, quando ficou em segundo lugar na final dos 200 m rasos, atrás apenas de Clara Müller, do Clube Pinheiros.[6] No ano seguinte participou de sua primeira prova internacional, o Campeonato Sul-Americano de Atletismo de 1946 (não oficial) em Santiago, participando dos 200 m rasos e do revezamento 4 x 100 m, obtendo a medalha de obtendo a medalha de bronze por equipes.[7] No 2º Troféu Brasil participou da prova dos 100 m rasos onde obteve o segundo lugar.[8] No campeonato paulista de atletismo de 1946 no Canindé, ficou em segundo lugar nos 100 m, venceu os 200 m e o revezamento 4 x 100 m pela equipe do São Paulo.[9]

Em 1947 Melânia se destacou no Campeonato Sul-Americano de Atletismo de 1947, onde obteve a medalha de bronze nos 100 m e prata nos 200 m e no revezamento 4 x 100 por equipes.[10] Os resultados no Sul-Americano a qualificaram para a equipe brasileira de atletismo feminino para os Jogos Olímpicos de Verão de 1948. Durante a preparação para os jogos, Melânia bateu dois recordes nacionais por equipes, o das provas 4 x 75 m com 38[11] s e 4 x 100 com 50 s (ambos ao lado de Lucíla Pini, Clara Muller e Benedita Oliveira) [12]

Ela competiu nos 200 metros femininos nos Jogos Olímpicos de Verão de 1948, fazendo o tempo de 26.6, sendo a quarta colocada na primeira série eliminatória.[13] Não se classificou para a final na prova do revezamento 4x100, mas quebrou o recorde sul-americano junto de sua equipe, composta por Benedita Oliveira, Elizabeth Clara Muller e Lucila Pini.[4]

Melânia sofria de Mal de Alzheimer desde 2007, e sua memória foi se perdendo gradualmente. Morreu em 22 de junho de 2016 em São Paulo, de causas naturais, porém sua morte não foi divulgada na época.[5]

Em 25 de outubro de 2020 Melânia recebeu o título de Emérita da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), concedido pela Assembleia Extraordinária da entidade, onde foi representada por seus familiares.[13]

Referências

  1. «A pioneira Melânia Luz e força dos negros no esporte». CBAt. Consultado em 20 de novembro de 2020 
  2. André Gallindo, Helena Rebello, Lorena Dillon e Marcel Merguizo (23 de maio de 2021). «Pioneiras: Melânia Luz, a 1ª negra brasileira em Olimpíadas». Globoesporte. Consultado em 23 de maio de 2021 
  3. «Melânia Luz, 1ª negra brasileira em Olimpíadas, entra no Hall da Fama». ge. 30 de junho de 2022. Consultado em 27 de maio de 2023 
  4. a b «Melânia Luz, a primeira negra na delegação olímpica brasileira». Uol. Consultado em 20 de novembro de 2020 
  5. a b «Melânia Luz: a vida e morte de uma pioneira». Globo Esporte. Consultado em 20 de novembro de 2020 
  6. «Magnífica a competição pelo Troféu Brasil». Correio Paulistano, edição 15679, página 14/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 11 de dezembro de 1945. Consultado em 23 de maio de 2021 
  7. «Bento de Assiz não participou e provavelmente não seguirá:Lourdes e de Abreu e Melânia Luz, entusiasmadas com a primeira viagem». Diário da Noite (SP), ano XXII,edição 6560, página 5/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 16 de abril de 1946. Consultado em 23 de maio de 2021 
  8. «O Pinheiros venceu o Troféu Brasil». Correio Paulistano, edição 15894, página 12/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 27 de agosto de 1946. Consultado em 23 de maio de 2021 
  9. «O Pinheiros venceu com destaque o campeonato para juvenis e moças». Diário da Noite, ano XXII, edição 6679, página 8/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 9 de setembro de 1946. Consultado em 23 de maio de 2021 
  10. Mauro Pinheiro (8 de maio de 1947). «Não houve fracasso dos nacionais...». Sport Ilustrado, edição 474, página 14/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. Consultado em 23 de maio de 2021 
  11. Yvel Namiek (24 de abril de 1948). «Diário da Vida Esportiva». Sport Ilustrado, edição 525, página 8/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. Consultado em 23 de maio de 2021 
  12. Yvel Namiek (24 de junho de 1948). «Diário da Vida Esportiva». Sport Ilustrado, edição 553, página 8/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. Consultado em 23 de maio de 2021 
  13. a b «A pioneira Melânia Luz e força dos negros no esporte». CBAt. Consultado em 20 de novembro de 2020