Niobe Xandó

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Niobe Nogueira Xandó Bloch (Campos Novos do Paranapanema, atual Campos Novos Paulista, 1915São Paulo, 19 de fevereiro de 2010) foi pintora, desenhista e escritora brasileira autodidata. Articulou, em sua obra, elementos das mais distintas tradições artísticas como o Dadaísmo, o Concretismo, a Pop art, a nova figuração, a Art Brut e o Letrismo, desenvolvendo, entre as décadas de 1950 e 1990, uma das mais singulares produções do Brasil.[1]

Biografia e trajetória artística[editar | editar código-fonte]

Cresceu no interior de São Paulo e mudou-se para a capital em 1932, onde casou-se aos 16 anos com João Baptista Ribeiro Costa, destacado militante comunista.[2] Ousada, começa também a frequentar reuniões do Partido Comunista Brasileiro (PCB).[2]

Niobe iniciou sua carreira artística apenas em 1947, em Nova Iorque. Neste mesmo ano, estreitou relações com Yoshiya Takaoka e Geraldo de Barros no ateliê do professor e artista Raphael Galvez. Sua primeira exposição individual acontece em São Paulo, na Livraria das Bandeiras, Praça da República, em 1953.[3] Separada, casa-se com Alexandre Bloch, intelectual tcheco, a partir do qual cria amizade com o crítico Vilém Flusser, que, assim como muitos outros críticos no Brasil, acompanha seu processo artístico e escreve artigos divulgando e analisando sua obra.[3]

O trabalho de Niobe Xandó começa a ganhar maior atenção a partir de 1965, com uma exposição na 8ª Bienal Internacional de São Paulo. Depois, foi apresentada na sala especial de Artes Mágica, Fantástica e Surrealista na 10ª Bienal Internacional de São Paulo de 1969. Em 1978, em exposição na 1ª Bienal Latino-Americana de São Paulo, fica claro sua influência das culturas africana e indígena. Flusser, na década de 1970, escrevendo sobre o limitado impacto de sua produção no cenário nacional, conclui que, se a crítica brasileira assumisse "duplo papel de análise e de preparado do público, há muito tempo que Niobe Xandó seria um catalisador da produção artística brasileira."[4]

De obra multifacetada, com várias linhas de pesquisa diferentes, começando nos anos 50 pelo figurativismo de Paul Gauguin, Edvard Munch e Marc Chagall, passando pelo imaginário abstracionista e pela representação de totens e máscaras arcaicas nos anos 60, chegando ao letrismo da década de 70, e no mecanicismo, termo criado por ela mesma, onde embate arcaísmo e modernidade, entre as décadas de 1950 e 1990 ela "desenvolveu uma das mais singulares produções de nosso país, utilizando um sofisticado repertório que articula questões das mais distintas tradições artísticas [...]",[1] conforme escreveu Marcelo Mattos Araújo, diretor da Pinacoteca do Estado de São Paulo.

Exposições[editar | editar código-fonte]

Exposições individuais[editar | editar código-fonte]

Conforme a Enciclopédia Itaú Cultural[3]:

  • 1953 - São Paulo SP - Primeira individual da artista, na Livraria das Bandeiras
  • 1956 - São Paulo SP - Individual, no Clubinho dos Artistas do MAM/SP
  • 1957 - Salvador BA - Individual, na Galeria Belvedere da Sé
  • 1957 - La Coruña (Espanha) - Individual, na Aliança Francesa
  • 1957 - Madri (Espanha) - Individual, no Café Cezánne
  • 1961 - São Paulo SP - Individual na Associação Cristã de Moços
  • 1962 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Astréia
  • 1964 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Astréia
  • 1966 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Astréia
  • 1969 - Londres (Inglaterra) - Individual, na Walton Gallery
  • 1969 - Paris (França) - Individual, na Galerie de L'Université
  • 1971 - Estocolmo (Suécia) - Individual, no Castelo Spokslott
  • 1975 - Washington (Estados Unidos) - Individual, na Art Gallery of The Brazilian Culture
  • 1977 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Azulão
  • 1980 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Ars Artis
  • 1981 - São Paulo SP - Individual Arte em Xerox, na Pinacoteca do Estado
  • 1983 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Ars Artis
  • 1989 - São Paulo SP - Retrospectiva, na Galeria de Arte Paulo Vasconcelos
  • 1999 - Santos SP - Retrospectiva, na Pinacoteca Benedito Calixto
  • 2003 - São Paulo SP - Flores Fantásticas e Máscaras, no Espaço Cultural BM&F
  • 2004 - São Paulo SP - O Letrismo e o Mecanicismo na Obra de Niobe Xandó, no MAM/SP
  • 2007 - Ribeirão Preto SP - Individual, na Galeria de Arte Marcelo Guarnieri
  • 2008 - Curitiba PR - Mostra Antológica, no Museu Oscar Niemeyer

Exposições coletivas[editar | editar código-fonte]

Conforme a Enciclopédia Itaú Cultural[3]:

  • 1951, 56 65 - Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia, São Paulo (pequena medalha de prata na edição de 1956 e prêmio Governador do Estado na de 1965).
  • 1959 - 4º Mostra Internacional, Museu de Arte Moderna, Paris, França.
  • 1969 - Três Desenhistas (juntamente com Grimberg e Macreau), Galeria Ivan Spencer, Ibiza, Espanha.
  • 1970 - 12 Artistas Brasileiros Contemporâneos, Universidade de Liverpool, Liverpool, Inglaterra.
  • 1982 - Arte Latino-Americana Contemporânea, Nova York. Estados Unidos.
  • 1982 - Mulheres das Américas, Kouros Gallery, Nova York.
  • 1985 - 7º Exposição de Belas Artes Brasil-Japão, Atami, Kioto e Tóquio, Japão; Rio de Janeiro e São Paulo.
  • 2001 - Tendências Abstratas: mostra de acervo, Museu de Arte Contemporânea de Campinas, Campinas, SP.

Referências

  1. a b Araujo, 2007, p. 7.
  2. a b "Niobe Xandó: biografia e obras da artista autodidata" (8 de julho de 2020). Laart. Consultado em 28/03/2021.
  3. a b c d "NIOBE Xandó". In: Enciclopédia Itaú Cultural. São Paulo: Itaú Cultural, 2021. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa9278/niobe-xando>. Acesso em: 28 de Mar. 2021. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
  4. Flüsser, p.11.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • ABDALLA, Antonio Carlos (cur.). O Letrismo e o Mecanicismo na obra de Niobe Xandó. São Paulo: MAM, 2004.
  • ALVARADO, Daisy Valle Machado Peccinini de, SOARES, Dulce (coord.). Pintura no Brasil: um olhar no século XX. São Paulo: Nobel, 2000.
  • ARAÚJO, Marcelo Mattos. "Apresentação Pinacoteca" in: Niobe Xandó: A arte de subverter a ordem das coisas. Pinacoteca do Estado de São Paulo, 2007.
  • ARTE transcendente: exposição de pintura. São Paulo: MAM, 1981.
  • BIENAL INTERNACIONAL DE SÃO PAULO, 10., 1969, São Paulo, SP. Catálogo. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 1969.
  • CONSTRUTIVISTAS e figurativos da coleção Theon Spanudis. Apresentação Luiz Ernesto Machado Kawall. São Paulo: Centro de Artes Porto Seguro, 1978.
  • FLÜSSER, Vilém. Niobe Xandó. Tradução de Jacques Douchez. Apud: Niobe Xandó: A arte de subverter a ordem das coisas, Pinacoteca do Estado de São Paulo, 2007.
  • LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988.
  • Morre em São Paulo a artista Niobe Xandó. Folha de S. Paulo, São Paulo, 23 de fev. 2010. Ilustrada, p. 12.
  • MOSTRA DO REDESCOBRIMENTO, 2000, SÃO PAULO, SP. Arte afro-brasileira. Curadoria de François Neyt, Catherine Vanderhaeghe, Kabengele Munanga, Marta Heloísa Leuba Salum; tradução de Arnaldo Marques, Rachel McCorriston, Paulo Henriques Britto, John Norman. São Paulo: Associação Brasil 500 anos Artes Visuais; Fundação Bienal de São Paulo, 2000.
  • NEISTEIN, José. Feitura das artes. São Paulo, Perspectiva, 1981. (Debates, 174).
  • NIOBE Xandó. Texto de Maria Luiza Sabóia Saddi. São Paulo: Galeria de Arte Paulo Vasconcellos, 1989.
  • NIOBE Xandó: exposição retrospectiva. São Paulo: Galeria de Arte Paulo Vasconcellos, 1989.
  • NIOBE Xandó: pintura, desenhos, colagens, múltiplos. Apresentação de Jacob Klintowitz. São Paulo: Azulão Galeria, 1977.
  • SCHENBERG, Mario. Pensando a arte. São Paulo: Nova Stella, 1988.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]