Pedágio (filme)

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Pedágio
Pedágio (filme)
Pôster oficial do filme.
 Brasil
2023 •  cor •  102 min 
Gênero drama
Direção Carolina Markowicz
Produção
  • Bianca Villar
  • Luís Urbano
  • Carolina Markowicz
  • Fernando Fraiha
  • Karen Castanho
  • Sandro Aguilar
Produção executiva
  • Chica Mendonça
  • João Macedo
Roteiro Carolina Markowicz
Elenco
Cinematografia Luis Armando Arteaga
Direção de arte Vicente Saldanha
Edição
  • Lautaro Colace
  • Ricardo Saraiva
Companhia(s) produtora(s) Biônica Filmes
O Som e a Fúria
Globo Filmes
Paramount Pictures
Distribuição Downtown Filmes
Paris Filmes
Lançamento 30 de novembro de 2023
Idioma português

Pedágio é um filme de drama brasileiro de 2023 dirigido e escrito por Carolina Markowicz. Estrelado por Maeve Jinkings como Suellen, uma mulher que trabalha como cobradora de um pedágio que, por seus pensamentos conservadores, submete seu filho (interpretado por Kauan Alvarenga) a um tratamento de "cura gay". Aline Marta Maia, Thomás Aquino, Isac Graça e Erom Cordeiro interpretam papéis coadjuvantes.

Pedágio teve sua estreia mundial em 8 de setembro de 2023 no Festival Internacional de Cinema de Toronto, no Canadá, e foi lançado nos cinemas do Brasil em 30 de novembro do mesmo ano. O filme recebeu críticas geralmente positivas dos críticos, que elogiaram principalmente as atuações do elenco e o roteiro, e recebeu diversas premiações, incluindo quatro prêmios no Festival do Rio, como o de Melhor Atriz para Jinkings, Melhor Ator para Kauan Alvarenga e Melhor Atriz Coadjuvante para Aline Marta Maia.

Sinopse[editar | editar código-fonte]

Suellen (Maeve Jinkings) é uma mulher com uma vida modesta, desempenhando o papel de cobradora em um pedágio. Em um determinado momento, ela vislumbra a possibilidade de obter uma renda extra de maneira ilegal por meio de seu emprego. Movida por uma razão que considera justificável, decide arriscar-se, pois pretende destinar integralmente o dinheiro arrecadado para custear um caro tratamento de "cura gay" para seu filho Tiquinho (Kauan Alvarenga), o qual será administrado por um pastor estrangeiro de grande renome.[1]

Elenco[editar | editar código-fonte]

Produção[editar | editar código-fonte]

Desenvolvimento[editar | editar código-fonte]

Em 2016, Carolina Markowicz começou a trabalhar na produção de seu primeiro longa-metragem, intitulado Carvão. No entanto, a cineasta teve dificuldade de captar recursos para produzir o filme e começou a trabalhar na concepção de seu segundo longa-metragem, Pedágio.[2] O novo filme foi submetido aos editais de financiamento audiovisual e conseguiu captar recursos para a produção com maior facilidade. Mas com a pandemia de COVID-19, Markowicz não levou adiante os trabalhos com o filme e voltou a trabalhar na produção de Carvão, o qual foi filmado e lançado antes de Pedágio.[2] Com os imprevistos da pandemia, a produção precisou passar por diversas mudanças, incluindo a troca da direção de fotografia que havia trabalhado na concepção original do filme.[2] Para não haver conflitos de agenda com o diretor de fotografia Luis Armando Arteaga e a atriz Maeve Jinkings, os quais ambos vinham da primeira obra da cineasta, Markowicz optou por gravar o filme apenas três meses após o fim das filmagens de Carvão.[2]

Para a construção do enredo, Markowicz frequentou cultos e ouviu relatos reais de pessoas que passaram pela experiência abordada no filme.[3] A produção do filme é realizada em conjunto com as companhias produtoras Biônica Filmes e O Som e a Fúria, além de contarem com a coprodução da Globo Filmes e Paramount Pictures.[4]

Escolha do elenco[editar | editar código-fonte]

Em julho de 2020, Maeve Jinkings foi convidada por Carolina Markowicz para interpretar a protagonista "Suelen". A atriz emendou o protagonismo das duas obras de Markowicz. Em ambos filmes, Jinkings interpreta mães que mantêm seus lares em meio as dificuldades sociais e financeiras da vida.[2] Em entrevista, a atriz e a diretora comentaram que, inicialmente, tiveram receio em repetir a parceria em cena e os trabalhos ficarem muito semelhantes. No entanto, a construção da nova personagem foi trabalhada para destacar a diferença entre essas duas mulheres.[2] "Suelen" foi concebida como uma mulher mais urbana e moderna, já "Irene" de Carvão como uma mulher mais rural.[2]

Filmagens[editar | editar código-fonte]

O filme é ambientado em Cubatão, São Paulo. Segundo a diretora, a cidade foi escolhida como cenário por possuir ares "apocalípticos", que contribuem para reforçar a atmosfera densa da história do filme.[3]

Lançamento[editar | editar código-fonte]

Pedágio foi selecionado para diversos festivais de cinema, nacionais e internacionais. O filme se destacou na edição de 2023 do Festival do Rio, onde foi ovacionado pelo júri e recebeu quatro prêmios.[4] Destacou-se na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Ainda foi selecionado internacionalmente para os festivais de San Sebastián, Vancouver, Bordeaux, Roma, onde foi laureado como melhor filme, e o renomado Festival Internacional de Cinema de Toronto.[5] O filme foi lançado comercialmente no Brasil em 30 de novembro de 2023 pela Downtown e Paris Filmes.[6]

Recepção[editar | editar código-fonte]

Resposta da crítica[editar | editar código-fonte]

A performance de Maeve Jinkings foi aclamada pela crítica.

Pedágio foi recebido com avaliações positivas por parte da crítica especializada. Após sua exibição no Festival Internacional de Cinema de Toronto, Carolina Markowicz tornou-se a primeira pessoa latino-americana a receber o prestigiado Tribute Award na categoria Emerging Talent, juntando-se a renomados nomes como Spike Lee, Pedro Almodóvar e Patricia Arquette.[4] Nathalia Jesus, escrevendo para o website AdoroCinema classificou o filme como "Ótimo" e atribuiu 4.5 de 5 estrelas (4.5 de 5 estrelas.).[7] Segundo a crítica, Pedágio "é belo por ser tão real e, sem nenhuma pretensão, didático. Os bons entendedores lerão as linhas miúdas deixadas no silêncio e conseguirão refletir sobre o quão próxima aquela realidade está — praticamente batendo em nossa porta, por mais triste e absurda que pareça".[7] Jesus define que o filme que para entender o filme não é necessário mais que "a capacidade de entender o coração do próximo e a de saber que, para o bem ou para o mal, certas coisas nunca mudam".[7]

Rapahel Camacho, em seu texto para o CinePOP, definiu o filme como "brilhante" e "visceral". "A narrativa é cirúrgica também ao relatar e se fazer refletir sobre a opressão sofrida pela comunidade LGBTQIA+", escreveu Camacho.[8] Para Laysa Zanetti, do website Omelete, o filme é "muito rico em estudo de personagem, e toda a construção estética contribui para que Suellen e Tiquinho funcionem como polos opostos na representação de um Brasil plural".[9] Zanetti também escreveu que: "A obsessão da mãe pela tal cura gay, presente na forma de um pastor gringo charlatão que arranca dinheiro de pessoas de baixa renda, é recebida com aspereza pelo filho, mas há algo que beira o inexplicável na relação entre os dois, que não se abandonam apesar das rejeições que os rodeiam. Tudo contribui para um cenário em que mãe e filho mutuamente se rejeitassem, mas Markowicz usa as contradições de um país de dimensões continentais para mostrar o que não precisa ser dito na construção deste cenário familiar".[9]

A atuação de Maeve Jinkings foi destacada na resenha de Lucas Oliveira para o website Cinematório.[10] O texto de Oliveira faz crítica ao papel de Aline Marta Maia por reprisar seu estilo de atuação em Carvão, sugerindo que a personagem poderia ter sido mais desafiadora para ela. Mas destaca positivamente a atuação de Maeve Jinkings, elogiando sua interpretação de Suellen, uma personagem com nuances e complexidades. Ele dá destaque à performance na expressividade do olhar de Jinkings, que consegue transmitir diversas emoções ao longo do filme, desde a vergonha até o arrependimento e a raiva. No entanto, aponta também para a falta de fechamento adequado do filme, especialmente em uma cena crucial que não conclui a narrativa de forma satisfatória.[10]

Prêmios e indicações[editar | editar código-fonte]

Lista de prêmios
Premiação/Festival Categoria Recipiente(s) Resultado
Festival Internacional de Cinema de San Sebastián Melhor Filme Pedágio Indicado
Prêmio Horizontes Carolina Markowicz Indicado
Festival Internacional de Cinema de Estocolmo Melhor Filme Pedágio Indicado
Festival do Rio[4] Melhor Filme Indicado
Melhor Atriz Maeve Jinkings Venceu
Melhor Ator Kauan Alvarenga Venceu
Melhor Atriz Coadjuvante Aline Marta Maia Venceu
Melhor Direção de Arte Vicente Saldanha Venceu
Festival International du Film Indépendant de Bordeaux Melhor Filme Pedágio Indicado
Festival Internacional de Cinema de Roma[11] Melhor Filme Venceu
Festival Internacional de Cinema de Toronto[4] Tribute Awards para Novos Talentos Carolina Markowicz Venceu
Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade[12] Melhor Direção Venceu

Referências

  1. AdoroCinema, Pedágio, consultado em 1 de dezembro de 2023 
  2. a b c d e f g «Maeve Jinkings paga um tributo alto demais em "Pedágio" - Artigos, Cinema, Entrevista». Matinal. 30 de novembro de 2023. Consultado em 30 de novembro de 2023 
  3. a b «'Pedágio' denuncia absurdos da 'cura gay' pela homofobia que ultrapassa a religião». Folha de S.Paulo. 29 de novembro de 2023. Consultado em 30 de novembro de 2023 
  4. a b c d e Marques, Jovi (30 de novembro de 2023). «Premiado no Festival do Rio, longa-metragem "Pedágio" denuncia "cura gay" em obra estrelada por Maeve Jinkings». PAPELPOP. Consultado em 30 de novembro de 2023 
  5. «'Pedágio', longa sobre a hipocrisia da cura gay, estreia em BH». www.em.com.br. Consultado em 30 de novembro de 2023 
  6. «Pedágio». www.filmeb.com.br. Consultado em 30 de novembro de 2023 
  7. a b c AdoroCinema, Pedágio: Críticas AdoroCinema, consultado em 30 de novembro de 2023 
  8. «Crítica | 'Pedágio' – BRILHANTE e VISCERAL, o grande filme do cinema brasileiro em 2023! - CinePOP». 30 de novembro de 2023. Consultado em 30 de novembro de 2023 
  9. a b Zanetti, Laysa (29 de novembro de 2023). «Pedágio escancara com sutileza as multidões do Brasil». Omelete. Consultado em 30 de novembro de 2023 
  10. a b Oliveira, Lucas (30 de novembro de 2023). «Pedágio | Crítica do filme | cinematório - Observando a sétima arte.». cinematório. Consultado em 30 de novembro de 2023 
  11. «Do Brasil, 'Pedágio' leva prêmio de Melhor Filme no Festival de Cinema de Roma». gshow. 28 de outubro de 2023. Consultado em 1 de dezembro de 2023 
  12. «'Pedágio' denuncia absurdos da 'cura gay' pela homofobia que ultrapassa a religião». Folha de S.Paulo. 29 de novembro de 2023. Consultado em 1 de dezembro de 2023 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]