Porta-retrato

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O porta-retrato é uma espécie de pequena caixa formada por uma placa de vidro transparente, uma moldura e um fundo geralmente de madeira do mesmo tamanho, ou de dois vidros, sustentada por uma pequena haste de madeira ou metal entre os quais se coloca uma fotografia, gravura, etc.

Utilização[editar | editar código-fonte]

Porta-retrato que pertenceu a Santos Dumont, acervo do Museu Paulista.
Verso do porta-retrato de Santos Dumont.

Além de possuir função decorativa, este objeto é usado para recordar um evento ou uma pessoa e normalmente é colocado na sala de estar ou em um quarto. O porta-retrato também pode ser utilizado para expor certificados e diplomas de menor tamanho e para guardar através de fotos lembranças familiares importantes. Ao contrário do álbum de fotos, o porta-retrato é um objeto de exposição fácil, normalmente ficando, por exemplo, em cima de mesas e birôs.[1]

Um porta-retrato que pertenceu a Santos Dumont era revestido de tecido com moldura retangular de couro branco.

Com o avanço da tecnologia, surgiram os porta-retratos digitais, com dimensões que variam de 7 a 10 polegadas e funcionando ligado à tomada elétrica. Para visualização das fotos, é necessário conectar um cabo USB, um pen drive ou um cartão de memória com as imagens. Elas serão exibidas como apresentação de slides, apresentando uma sequência de fotos, diferenciando-se do porta-retrato tradicional, que permite somente uma foto. As fotos podem ser customizadas para serem apresentadas na posição vertical ou horizontal, apesar disso, estes dipositivo não fazem muitos sucesso.[2]

Construção[editar | editar código-fonte]

Oficina de um fabricante de molduras, óleo sobre tela, cerca de 1900.

Normalmente, os porta-retratos são feitos de madeira mais resistênte, podem ser moldados em uma ampla variedade de tipos, permitindo uma variedade de acabamentos. Outros materiais incluem metais como prata, bronze, alumínio e plásticos rígidos, como poliestireno. A superfície da moldura pode ser de qualquer cor ou textura. Alguns porta-retratos têm moldura uras elaboradas, de acordo com os desejos do comprador. As decorações costumam ser feitas de gesso moldado e depois finalizado com pintura ou textura. Além disso, por detrás do porta-retrato existe um encaixe que serve para segurar o vidro da moldura (caso houver) mantendo o objeto com segurança atrás da superfície interna do vidro.[3]

Formas[editar | editar código-fonte]

Molduras de fotos são geralmente quadradas ou retangulares, embora existam molduras circulares e ovais. Molduras em formatos mais incomuns, podem ser esculpidas à mão por um entalhador ou carpinteiro profissional. Existem também molduras projetadas para contornar os cantos. Um desenho popular é a concha, um recuo na moldura que adiciona profundidade.

Cuidados[editar | editar código-fonte]

Um "passe-partout" pode ser colocado entre a moldura e a imagem. O passe-partout serve a dois propósitos: primeiro, para evitar que a imagem toque o vidro e, segundo, para enquadrar a imagem e aumentar seu apelo visual.
Quadro redondo do segundo império
Retrato do Rei Luís XIV em moldura barroca dourada.

Em exposições e museus, o vidro deve ser mantido fora da superfície da imagem, a fim de evitar que o objeto fique aderido à parte inferior do vidro, adquirindo mudanças de cor irreversíveis por causa da luz e possíveis microorganismos. Para que isso ocorra, existem espaçadores colocados atrás da vidraça e escondidos da vista pela borda da moldura.

O tratamento da parte de trás da obra de arte emoldurada também varia amplamente. Todos os pacotes de estrutura devem incorporar algum tipo de placa rígida e densa para proteger contra choques mecânicos e a entrada de sujeira, insetos, umidade e poluentes. Atrás das placa de apoio, grampos de retenção ou pregos prendem o fundo no lugar. Um painel de proteção contra poeira é colado na parte de trás da moldura.

História[editar | editar código-fonte]

Egito Romano[editar | editar código-fonte]

Osretratos mais antigos já descobertos são das múmias fayum.[4] As molduras de estuque podem ter sido usadas para pendurar os retratos na casa do proprietário até a hora da morte, momento em que o retrato teria sido colocado sobre a múmia. Outra teoria é que os retratos foram pintados perto da morte e foram carregados pela cidade em uma procissão fúnebre antes de o corpo ser levado ao embalsamador.[5]

Embora bordas de moldura na arte antiga fossem usadas para dividir cenas e ornamentação por antigos artistas egípcios e gregos em cerâmica e pinturas de parede, as primeiras molduras de madeira entalhada como as conhecemos hoje apareceram em pequenos painéis de pinturas na Europa dos séculos XII e XIII.[6] De acordo com uma série histórica publicada na Picture Frame Magazine, essas primeiras pinturas de painel emoldurados eram feitas de uma só peça. A área a ser pintada era entalhada, deixando uma borda em relevo em volta da borda externa, como uma bandeja. A peça inteira foi depois gesso e dourado. Pintar a imagem no painel plano era a última coisa a ser feita."[7]

Quando se percebeu que este método de produzir molduras era muito caro, um método mais eficiente foi desenvolvido, usando tiras de moldagem mitradas. Essas tiras eram fixadas a um painel plano de madeira que produzia uma imagem semelhante resultaram no painel esculpido, mas eram mais econômicos. Este tipo de moldura é conhecido como uma moldura engatada. Os primeiros eram feitos de tiras de moldagem de madeira simples presas à borda externa de um painel de madeira."

Renascimento[editar | editar código-fonte]

Uma fotografia de retrato de um soldado francês.

Ao longo dos séculos XIV e XV, a maioria das molduras europeias foram encomendadas por igrejas. As molduras foram ornamentadas com elementos arquitetônicos que imitam o exterior das grandes catedrais. No entanto, durante Renascença italiana, surgiram os patronos das artes como a família Medici, que encomendava obras de arte como pinturas alegóricas, devocionais e retratos. A Adoração dos Magos de Gentile da Fabriano (1423) é o primeiro retábulo feito com painel e moldura em duas peças separadas, tornando-se a primeira moldura independente como a conhecemos hoje.[8]

Sob o reinado de Francisco I, o primeiro monarca renascentista da França de 1515 a 1547, a arte ganhou destaque na vida diária e floresceu junto com os porta-retratos. Muitos trabalhadores vieram da Itália para o comércio de artes, incluindo Leonardo da Vinci, a quem "Francisco convenceu a deixar a Itália na última parte de sua vida". As molduras agora eram projetadas por construtores de móveis, e não por artistas, escultores ou arquitetos, como no passado. Livros sobre móveis e design de interiores foram publicados e distribuídos para um mercado mais amplo.[9]

De 1610 a 1643, sob o reinado de Luís XIII na França, a influência da corte e do requinte ocupou o centro das atenções nos designs de porta retratos. Os perfis tornaram-se mais finos do que seus predecessores italianos e surgiram designs contínuos, como ovo e dardo, fita e fluxo de folhas, além de designs pronunciados de cantos em baixo relevo. Isso pavimentou o caminho para o design barroco em molduras de quadros e "as influências espanholas, flamengas e italianas trabalharam para produzir uma curiosa mistura e troca de idéias".[10]

Iconografia[editar | editar código-fonte]

Molduras de fotos como arte foram altamente desenvolvidas em países ortodoxos (por exemplo, Rússia e Sérvia) e usadas para cobrir ícones em igrejas. As primeiras armações americanas, conhecidas como American Empire Style Frames, são muito simples e utilitárias. Eles são semelhantes à simples enseada ou concha na moldura da parede encontrada na arquitetura colonial.[11]

Referências

  1. «Porta-retrato: o acessório que conta os belos momentos da família». Imovelweb 
  2. «O que é porta-retrato digital?». TechTudo. Consultado em 18 de março de 2021 
  3. Lamoyne W. Durham (18 de setembro de 2008). «PICTURE FRAME BACKING PAPER EDGE TRIMMER». US Patent application 
  4. (2016-10-21) Mummy portraits: A visual record of changing fashions in Roman Egypt. Christies
  5. «A Survey of Frame History» (PDF). web.archive.org. 28 de outubro de 2006. Consultado em 14 de maio de 2021 
  6. www.webdecker.de, webdecker-. «Kunstkommunikation: »Wie ist Kunst möglich?«». Kulturverlag Kadmos - Berlin (em alemão). Consultado em 14 de maio de 2021 
  7. Geraghty, Ian. «Recent History of Framing» (em inglês). Consultado em 31 de janeiro de 2021 
  8. Louis VIII style. Artquid.com. Retrieved on 2016-02-12.
  9. «Frames of Reference» (PDF). Wayback Machine. Consultado em 14 de maio de 2021 
  10. «Picture Frame» (SHTML). Crafty Ideas. KinderArt. Consultado em 21 de março de 2009 
  11. Gambino, Megan. «Five Things You Didn't Know About Picture Frames». Smithsonian (em inglês). Consultado em 11 de outubro de 2019