Povoado fortificado da Cidade da Rocha

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Povoado fortificado da Cidade da Rocha
Tipo Povoado fortificado
Construção Idade do Bronze ou Idade do Ferro
Geografia
País Portugal Portugal
Região Alentejo
Coordenadas 37° 31' 24.2" N 8° 23' 16.4" O
Mapa
Localização em mapa dinâmico

O Povoado fortificado da Cidade da Rocha é um sítio arqueológico no Município de Odemira, na região do Alentejo, em Portugal.

Descrição e história[editar | editar código-fonte]

O sítio arqueológico está situado na freguesia de Santa Clara-a-Velha, no concelho de Odemira.[1] Encontra-se num local remoto da freguesia, nas imediações da albufeira da Barragem de Santa Clara,[2] O acesso é feito através de ramais à Estrada Municipal 1162-2,[2] estando o local situado a cerca de 2000 m da povoação de Montalto, no sentido Sudoeste, e a 1000m a Sudeste do vértice geodésico da Chaparreira.[1]

Corresponde a um povoado fortificado, provavelmente habitado durante os finais da Idade do Bronze ou já durante a Idade do Ferro, devido à sua tipologia e à existência de vestígios de vitrificação nas muralhas.[2] Ocupa o topo de uma colina elevada no vale do Rio Mira, conhecida como Cerro da Rocha, e antes da subida do nível das águas devido à barragem de Santa Clara, estava a cerca de 130 m de altura em relação ao nível primitivo do rio.[2] Foram encontrados os vestígios de muralhas, conhecidas pelas populações como círculo dos mouros, que encerravam a coroa e o lado superior da encosta setentrional, tendo um perímetro de cerca de 130 m, embora aparentemente houvesse uma interrupção no lado Sul.[2] Eram constituídas por um aparelho regular em xisto e barro, com uma altura máxima de 1,5 m, e uma espessura superior a 1,5 m., e formavam um recinto com cerca de 0,3 Ha.[1] Na zona de entrada estava um bastião adossado à muralha, de planta semicircular, e um raio de 4 a 5 m.[1]

É um dos sítios arqueológicos da região onde são mais evidentes os vestígios de processo de vitrificação das muralhas.[2] Este procedimento consistia no aquecimento dos blocos a elevadas temperaturas, de cerca de 800 a 1200 graus centígrados, num ambiente redutor, levando à deformação e liquificação parcial das pedras, que ficam com uma estrutura vesicular, da tipologia das pedras-pomes, e uma textura superficial muito escorificada, sendo este tipo conhecido como pedras vitrificadas.[3] Além da Cidade da Rocha, este tipo de estruturas também foram descobertas no Cerro das Alminhas, também no concelho de Odemira, e no Castelo de Cola e no Cerro do Castelo de Garvão, ambos situados no concelho de Garvão.[3] Em termos de espólio, foram recolhidos alguns fragmentos de peças de cerâmica, de fabrico manual.[1] O motivo pelo qual as muralhas foram alvo deste processo é desconhecido, podendo ter sido causado por um incêndio acidental ou como parte de um conflito, ou então foram queimadas de forma intencional, quer pelos povos que teriam conquistado a povoação, ou pelos próprios habitantes, no sentido de impedir a sua reutilização.[2]

Entre 1998 e 1999 o local foi alvo de trabalhos arqueológicos por parte de Jorge Vilhena, no âmbito do programa Proto-História do Médio e Baixo Vale do Mira - A Arqueologia do Rio, inserido no Plano Nacional de Trabalhos Arqueológicos.[1]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c d e f «Cidade da Rocha». Portal do Arqueólogo. Direcção-Geral do Património Cultural. Consultado em 17 de Novembro de 2022 
  2. a b c d e f g VILHENA, Jorge. «Cidade da Rocha». Atlas do Sudoeste Português. Comunidade Intermunicipal do Alentejo Litoral. Consultado em 18 de Novembro de 2022 
  3. a b VILHENA, Jorge. «Proto-história em Odemira». Atlas do Sudoeste Português. Comunidade Intermunicipal do Alentejo Litoral. Consultado em 17 de Novembro de 2022 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]


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