Santa Maria Regina Coeli alla Lungara

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Desenho de Pietro Paolo Coccetti (1721).

Santa Maria Regina Coeli alla Lungara era uma igreja de Roma que ficava localizada na Via della Lungara, no rione Trastevere, onde hoje está o Carcere di Regina Coeli. Era dedicada a Nossa Senhora Rainha do Céu. Foi demolida em 1881 para permitir a construção do Carcere di Regina Coeli.

História[editar | editar código-fonte]

Mapa de Nolli (1748) indicando a igreja no número 1221 perto da esquina da Via della Lungara com a Via delle Mantellate.

Um convento para freiras carmelitas descalças foi fundado no local por Anna Colonna, duquesa de Paliano e viúva de Taddeo Barberini, o comandante do exército papal. A irmã de Anna, Vittoria, era a prioresa, com o nome religioso de Chiara Maria della Passione[1]. Anna, que era uma nobre poderosa e influente, havia enriquecido muito durante o pontificado do papa Urbano VIII Barberini, que era tio de seu marido. Quando ele faleceu, em 1644, seu sucessor, o papa Inocêncio X Pamphili iniciou uma investigação sobre a riqueza da família Barberini como um todo, especialmente a sua ligação com a Guerra de Castro. O marido de Anna e seus irmãos, os cardeais Francesco Barberini e Antonio Barberini, se exilaram na França sob a proteção do poderoso cardeal Jules Mazarin e ela se juntou ao marido em Paris e abril de 1646, mas não sem antes apelar para que o papa não confiscasse os bens dos Barberini. Ela retornou a Roma em junho de 1647[2].

O convento e a igreja foram construídos nesta época com base num projeto do arquiteto Francesco Contini[1][3][4] e todos os que compareceram à primeira missa na igreja receberam uma indulgência plenária[5]. Anna morreu ali em 1658 e foi enterrada do lado direito do altar-mor[3], um suntuoso monumento em mármore negro com um busto de bronze[6][7][a].

As freiras no local tinham o privilégio de entoar o hino "Regina caeli" seis vezes ao dia[4][7], um costume que só foi estendido para o resto da Igreja (e somente durante do Tempo da Páscoa) em 1742. No resto do ano, o hino entoado é o "Angelus".

As freiras foram expulsas do complexo durante a ocupação francesa de Roma entre 1810 e 1814 e retornaram quando ela terminou no ano seguinte. Em 1873, todo o complexo foi confiscado pelo estado italiano e as freiras tiveram que se mudar para o vizinho Convento delle Mantellate. A igreja de Santa Maria Regina Coeli foi demolida em 1881. O edifício foi reconstruído com o nome de Carcere di Regina Coeli, completado em 1892[5], a principal prisão masculina de Roma. O quanto da estrutura original do convento foi aproveitada é incerto.

Descrição[editar | editar código-fonte]

Nesta imagem da fachada do Carcere Regina Coeli na Via della Lungara, a igreja ficava na equina no fundo da foto, à esquerda. A última porta corresponde ao antigo portal da igreja.

A grande porta de entrada da prisão logo ao sul da esquina com a Via delle Mantellate marca exatamente o local onde ficava a antiga entrada da igreja. O convento ocupava a área hoje tomada pelos dois blocos mais a leste da prisão, paralelos à Via della Lungara. A fachada da igreja era quase duas vezes mais alta que o edifício do convento. O primeiro piso tinha pilastras coríntias e tinha um portal de entrada coroado por um frontão curvo partido[5]. A fachada como um todo também era coroada por um frontão triangular[4][8].

O mosteiro contava com um grande jardim. A planta da igreja era retangular com uma abside de mesmo formato e duas capelas laterais. O altar-mor tinha um cibório em lápis lazuli e mármore multicolorido com estátuas[6]. A peça de altar era uma "Apresentação da Virgem no Templo" de Giovanni Francesco Romanelli[b]. Durante a oitava da Assunção (entre 15 e 22 de agosto), esta pintura era substituída por uma "Ascensão e Coroação da Virgem" de Fabrizio Chiari[6]. A capela do lado direito era consagrada a Santa Teresa de Ávila e tinha uma pintura da santa de Romanelli; a da esquerda era consagrada a Santa Ana e tinha uma pintura da "Morte de Santa Ana" de Chiari[3].

Notas[editar | editar código-fonte]

  1. O busto foi levado primeiro para o Palazzo Barberini e depois para a Galeria de Arte Albright-Knox[1].
  2. Esta pintura hoje está na basílica de Santa Maria degli Angeli em Roma.

Referências

  1. a b c Gigli 1980 , p. 44
  2. Castiglione 2005 , p. 33
  3. a b c Titi 1763 , p. 32
  4. a b c Lombardi 1998 , p. 333
  5. a b c Touloumi 2006 , p. 24-25, 30
  6. a b c Venuti 1767 , p. 411
  7. a b Armellini 1891 , p. 655
  8. «Mapa da região (nº 1221)» (em inglês). Mapa de Nolli (1748) 

Bibliorafia[editar | editar código-fonte]

  • Armellini, Mariano (1891). Le chiese di Roma dal secolo IV al XIX (em italiano). Roma: Tipografia Vaticana. OCLC 9269651 
  • Castiglione, Caroline (2005). Patrons and Adversaries: Nobles and Villagers in Italian Politics, 1640–1760 (em inglês). Oxford: Oxford University Press. ISBN 0-19-517386-4 
  • Gigli, Laura (1980). Rione XIII: Trastevere. Col: Guide rionali di Roma (em italiano). 1 2 ed. Roma: Fratelli Palombi Editori. OCLC 312346318 
  • Lombardi, Ferruccio (1998). Roma: le chiese scomparse: la memoria storica della città (em italiano) 2 ed. Roma: Fratelli Palombi Editori. ISBN 88-7621-069-5. OCLC 41949329 
  • Sturm, Saverio (2015). L'architettura dei Carmelitani scalzi in età barocca: la Provincia Romana, Lazio, Umbria e Marche (1597–1705). Col: Roma: storia, cultura, immagine; 27 (em italiano) 2 ed. Roma: Gangemi. ISBN 978-88-492-7783-8 
  • Titi, Filippo (1763). Descrizione delle pitture, sculture e architetture esposte al pubblico in Roma (em italiano). Roma: Marco Pagliarini. OCLC 3880564 
  • Touloumi, Olga (2006). The Prison of Regina Coeli: A Laboratory of Identity in the Post-Risorgimento Italy (PDF) (em inglês). Cambridge, Massachusetts: Massachusetts Institute of Technology. OCLC 71790581 
  • Venuti, Ridolfino (1767). Accurata, e succinta descrizione topografica e istorica di Roma moderna (em italiano). Roma: Carlo Barbiellini al Corso. OCLC 8825495