Sirius (acelerador de partículas)
Prédio do Sirius | |
Propriedades Gerais | |
Tipo de acelerador | Síncrotron |
Tipo de feixe | elétrons |
Propriedades do feixe | |
Energia máxima | 3 GeV |
Corrente máxima | 350 mA (atualmente 100 mA em modo top-up) |
Propriedades físicas | |
Circunferência | 518,4 m |
Localização | Campinas, São Paulo (estado) |
Coordenadas | 22° 48′ 28″ S, 47° 03′ 09″ O |
Instituição | Laboratório Nacional de Luz Síncrotron |
Datas de operação | 2019 - presente |
Precedido por | UVX |
Sirius é uma fonte de luz síncrotron localizada no município de Campinas, no interior de São Paulo, Brasil. O Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), que operou a primeira fonte de luz síncrotron do Brasil de 1997 a 2019, o UVX, coordena também o projeto do Sirius. O acelerador de partículas possui 518 metros de circunferência e emitância de 0,27 nanômetros-radianos.[1]
História[editar | editar código-fonte]
Sua construção começou em 2014, no governo Dilma Rousseff, tendo sido inaugurado em 14 de novembro de 2018 pelo então presidente Michel Temer. O Sirius é o segundo acelerador de partículas brasileiro. O primeiro acelerador de partículas no Brasil, o UVX, também está localizado em Campinas, e teve sua construção inicialmente discutida em 1985,[2] por iniciativa dos físicos Ricardo Lago e Ricardo Rodrigues. Foi inaugurado em 1997 com a presença do então Presidente do Brasil Fernando Henrique Cardoso. Era o início do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), uma instalação com tecnologia avançada e inédita no Brasil aberta para ser usada por pesquisadores de qualquer universidade ou empresa do país e do mundo. Era um equipamento único em toda a América Latina e raro no mundo inteiro. No entanto, no começo dos anos 2000, a tecnologia avançara e o UVX ficara obsoleto em comparação a outros síncrotrons espalhados pelo mundo. Em 2008, José Antônio Brum, diretor do LNLS entre 2001 e 2008, pediu à equipe do laboratório que desenhasse um pré-projeto do novo acelerador. A proposta foi entregue ao então Ministro da Ciência do governo Lula, o físico Sérgio Rezende, durante uma visita ao laboratório.[3][4]
Entrega da primeira etapa[editar | editar código-fonte]
No dia 14 de novembro de 2018 foi celebrada a entrega da primeira etapa do projeto Sirius,[5] sob a presença do então presidente Michel Temer e ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicação, Gilberto Kassab. Nesta primeira etapa houve a entrega do prédio e de dois dos três aceleradores.[6]
A segunda etapa do projeto incluiu a finalização da construção do terceiro acelerador, o anel de armazenamento, e início da montagem e comissionamento das primeiras linhas de luz. Atualmente, Sirius opera com corrente de 100 mA em modo top-up[7] e 6 linhas de luz abertas para pesquisadores externos.
Características[editar | editar código-fonte]
A ferramenta é usada para entender a estrutura atômica das substâncias com as quais os cientistas vão trabalhar, o que pode ajudar no desenvolvimento de novos medicamentos, no aprimoramento de materiais usados na construção civil, na exploração de petróleo e em várias outras áreas. O prédio de 68.000 metros quadrados abrigará um equipamento com formato de anel e circunferência superior a 500 metros.[3][4]
Para proteger as pessoas da radiação liberada pelo funcionamento da máquina, planejada para ser a mais avançada desse tipo em todo o mundo, o conjunto será blindado por 1 quilômetro de paredes de concreto. Uma barreira com 1,5 metro de espessura e 3 metros de altura. O investimento no projeto é de 1,8 bilhão de reais, o projeto científico mais ambicioso já feito no Brasil. Espera-se que esteja concluído em 2019.[3][4]
Linhas de luz[editar | editar código-fonte]
As estações experimentais que recebem a luz síncrotron gerada pelo feixe de elétrons ciruclando no anel de armazenamento recebem o nome de linhas de luz. Atualmente, Sirius tem 9 linhas de luz em operação, 1 em comissionamento científico, 2 em fase de montagem e 1 em fase de projeto.[8][9]
Linha de luz | Técnica principal | Faixa de energia | Status |
---|---|---|---|
CARNAÚBA | Nanoscopia de raios X | 2.05 - 15 keV | Aberta |
CATERETÊ | Espalhamento coerente de raios X | 3 - 24 keV | Aberta |
CEDRO | Dicroísmo circular | 3 - 9 eV | Aberta |
EMA | Espectroscopia e difração de raios X em condições extremas | 2.7 - 30 keV | Aberta |
IMBUIA | Micro e nanoespectroscopia de infravermelho | 70 meV - 400 meV | Aberta |
IPÊ | Espalhamento inelástico ressonante de raios X e espectroscopia de fotoelétrons | 100 - 2000 eV | Aberta |
JATOBÁ | Espalhamento total de raios X e análise de PDF | 40 - 70 keV | Projeto |
MANACÁ | Micro e nanocristalografia macromolecular | 5 - 20 keV | Aberta |
MOGNO | Micro e nanotomografia de raios X | 22 | 39 | 67.5 keV | Aberta |
PAINEIRA | Difração de raios X em policristais | 5 - 30 keV | Aberta |
QUATI | Espectroscopia de raios X com resolução temporal | 4.5 - 35 keV | Montagem |
SABIÁ | Especroscopia de fotoemissão e absorção de raios X moles de alto fluxo | 100 - 2000 eV | Aberta |
SAPÊ | Espectroscopia de fotoemissão resolvida em ângulo | 8 - 70 eV | Comissionamento |
SAPUCAIA | Espalhamento de raios X a baixos ângulos | 6 - 17 keV | Montagem |
Linha de luz Manacá[editar | editar código-fonte]
A primeira linha de luz do projeto Sirius, a Manacá, foi inaugurada oficialmente em 21 de outubro de 2020, mas esteve em uso desde julho para apoiar pesquisas relacionadas à Covid-19.[10][11] Essa primeira estação do Sirius é equipada com instrumentos que permitem revelar estruturas tridimensionais de proteínas e enzimas humanas e patógenos com resoluções que não podem ser obtidas em equipamentos convencionais. Uma das técnicas disponíveis permite revelar a posição de cada um dos átomos que compõem uma determinada proteína estudada, suas funções e interações com outras moléculas, que podem ser usadas como princípios ativos de novos medicamentos.[12]
Ver também[editar | editar código-fonte]
Referências
- ↑ «Novo acelerador de partículas será inaugurado em 2018, em Campinas». Folha de S.Paulo. 19 de janeiro de 2015. Consultado em 19 de janeiro de 2015
- ↑ Saturno, Ares (26 de setembro de 2018). «Sirius, o acelerador de partículas mais potente do mundo, é brasileiro». Canaltech. Consultado em 25 de janeiro de 2023
- ↑ a b c «O acelerador de partículas de R$ 1,8 bilhão». Revista Piauí. 14 de agosto de 2017. Consultado em 14 de novembro de 2018. Cópia arquivada em 9 de Setembro de 2018
- ↑ a b c Zorzetto, Ricardo (Julho de 2018). «Salto para um brilho maior». Pesquisa FAPESP. Consultado em 9 de Setembro de 2018. Cópia arquivada em 9 de Setembro de 2018
- ↑ «Sirius inaugura 1ª etapa e diretor vê otimismo na continuidade da obra após troca de governo». G1
- ↑ «Cerimônia marca entrega da primeira etapa do projeto Sirius – LNLS». www.lnls.cnpem.br. Consultado em 19 de novembro de 2018
- ↑ «Sirius inicia operação em modo top-up e garante mais estabilidade nas linhas de luz». LNLS. 20 de Abril de 2023. Consultado em 5 de Agosto de 2023
- ↑ «Linhas de Luz». LNLS. Consultado em 5 de Agosto de 2023
- ↑ «CNPEM abre terceira chamada oficial para projetos de pesquisa no Sirius». CNPEM. 10 de agosto de 2023. Consultado em 16 de agosto de 2023
- ↑ «Bolsonaro inaugura linha de luz do acelerador de partículas Sirius». Agência Brasil. 21 de outubro de 2020. Consultado em 23 de outubro de 2020
- ↑ Menicucci, Arthur (21 de outubro de 2020). «Bolsonaro inaugura linha de pesquisa do Sirius e ministro projeta laboratório de biossegurança 4 em Campinas». g1.globo.com. Consultado em 23 de outubro de 2020
- ↑ «Projeto Sirius | Agência Brasil - EBC». conteudo.ebc.com.br. Consultado em 23 de outubro de 2020
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- Jr, Osvaldo Pessoa; Léa, Velho (Abril de 1998). «The Decision-Making Process in the Construction of the Synchrotron Light National Laboratory in Brazil». Social Studies of Science (em inglês). 28 (2): 195-218. Consultado em 9 de Setembro de 2018