Teste As minhas mãos

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O Teste “As minhas Mãos” ou Teste MM [1] é um teste psicológico criado pela psicóloga e educadora russa Helena Antipoff. Teve seus resultados publicados pela primeira vez em 1943. Trata-se de uma técnica de psicodiagnóstico, baseada na comunicação escrita. Helena Antipoff considerava necessário que, para realizar o teste, os sujeitos deveriam possuir capacidade mínima para expressar-se na língua escrita. O teste consiste na elaboração de uma redação de próprio punho cujo tema é “Minhas Mãos”.[2] Helena Antipoff caracterizou o referido teste como: “um instrumento para o diagnóstico psicopedagógico individual e para o controle da ação educativa da escola”. Segundo a autora o teste MM é um instrumentos que favorece o conhecimento dos alunos de forma efetiva, auxiliando um estudo objetivo de sua personalidade, aptidões e interesses.[3]

Histórico do teste MM[editar | editar código-fonte]

A história do Teste MM pode ser subdividida em três fases:

1a.) Fase do reconhecimento: em que a autora do teste desperta sua atenção para o valor diagnóstico da redação.

2a.) Fase da busca: caracterizada pela definição do tema para o teste de redação. Foram pensados vários temas, conforme ressalta Bessa (1960), H. Antipoff observou, entretanto, que o tema Minhas Mãos era o que oferecia maior riqueza de detalhes.

3a.) Fase da experimentação: caracterizada pelo delineamento das linhas gerais do teste: sua técnica de aplicação e os procedimentos de apuração bem como a sua administração em uma amostra significativa de sujeitos.

Ainda considerando o histórico do Teste MM, vale ressaltar alguns fatos marcantes de sua história:

1) 1943 - apresentação do teste nas jornadas Psicológicas realizadas em Belo Horizonte, MG, com a presença do professor André Ombredane.

2) 1947 - em junho, publicação de monografia mimeografada, intitulada Teste Psicológico da Redação: As minhas mãos.

3) 1948 - publicação do artigo Teste da Redação, na Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos.

4) A partir de 1945, com a transferência de Helena Antipoff para o Rio de Janeiro, em seus trabalhos no Centro de Orientação Juvenil (COJ) e no Departamento Nacional da Criança, houve coleta de material com o Teste MM de modo a colocar esse instrumento em condições de uso mais amplo.

5) 1959 - Apresentação do Teste MM, por Helena Antipoff, no VI Congresso Internacional de Psicologia, realizado de 16 a 21 de agosto no Rio de Janeiro.

6) 1960 - Tese de doutorado do professor Pedro Parafita de Bessa, intitulada Teste MM.

7) 1960 - Publicação do Manual do Teste MM publicado pelo CEPA.

8) 1975 - Teste MM - publicação do relatório de pesquisa realizada entre os anos de 1973 e 1974. Vale observar que essa é a última publicação acerca do teste de que se tem notícia.

Descrição e classificação da prova[editar | editar código-fonte]

O Teste MM é uma prova de aplicação individual ou coletiva. Consiste numa redação sobre o tema As minhas mãos, isto é, sobre as mãos do próprio examinando. Para a aplicação do teste, necessita-se de uma folha de papel sem pauta, tipo ofício, dobrado, no sentido da largura a uma distância de 6 cm de margem à direita. De posse desse material, o examinando é orientado a escrever sobre o tema indicado, durante o tempo máximo de 20 minutos.

A análise do teste[editar | editar código-fonte]

Basicamente, a análise/interpretação dos resultados do teste centram-se em três aspectos: 1) Análise expressiva-material; 2) análise expressiva-formal; 3) análise temática.

Na análise expressiva-material avaliam-se os aspectos ligados ao uso do material, tais como: uso do papel e do lápis e aspectos materiais da produção gráfica (por exemplo: estética da letra, organização formal do texto, higiene do material). A análise expressiva-formal refere-se aos elementos estruturais da redação. Pode ser subdividida em: análise dos elementos produtivos-quantitativos; análise dos elementos estilísticos verbais quantitativos; análise dos elementos estilísticos culturais e análise dos elementos de conteúdo psicológico. Por fim, a análise temática refere-se aos conteúdos significativos do teste, sendo considerado, principalmente os aspectos individuais da criação.

A apuração do teste[editar | editar código-fonte]

Para a obtenção dos dados interpretativos do Teste MM pode-se utilizar as seguintes pautas (abreviadas) de análise:

I - Aspecto Externo

a) Letra: legibilidade; estabilidade; regularidade; talho.

b) Distribuição e capricho: margem; organização e estética; limpeza e rasuras.

c) Extensão e Fluência.

II - Redação:

a) Laconismo e prolixidade.

b) Correção ortográfica.

c) Infantil ou evoluída.

d) Ideias coerentes ou concentradas.

e) Estilo.

III - Características psicológicas:

a) Egocípeta, egocífuga ou equilibrada.

b) Lógico, abstrato, global ou concreta, parcial, detalhista ou equilibrada.

c) Atitude para consigo mesmo e para com o mundo:

             1) Otimismo ou pessimismo. 
             2) Objetiva ou subjetiva.

d) Atividades e interesses mencionados:

             1) Do ponto de vista moral, religioso e intelectual. 
             2) Do ponto de vista da aparência física e estética. 
             3) Do ponto de vista da saúde e higiene.
             4) Do ponto de vista das condições de vida. 
             5) Aversões.

e) Planos futuros.

f) Escala de valores.

O roteiro acima foi elaborado por Helena Antipoff por volta de 1949/1950 a pedido do Serviço de Orientação e Seleção Profissional (SOSP), do Instituto de Educação de Minas Gerais.

Consideração Geral[editar | editar código-fonte]

O Teste MM pode ser considerado como um instrumento capaz de apreender os "elementos de rendimentos de nível cultural e de expressão intelectual, tudo em função da estrutura pessoal de cada examinando." Vale salientar que o teste em si foi muito importante como medida psicológica. Além disso, o trabalho realizado pela Professora Helena Antipoff na década de 1930, em Minas Gerais, merece ser conhecido e divulgado.

Referências

  1. ANTIPOFF, H. Teste MM. Belo Horizonte: Ibérica, 1975.
  2. ANTIPOFF, Helena; Campos, Regina Helena de Freitas (org.). Textos Escolhidos. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2002
  3. Bessa, Pedro Parafita de. O teste MM. Belo Horizonte, 1960. Tese de livre-docência