Turnera subulata

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Flor-do-Guarujá
Turnera subulata (flor).
Turnera subulata (flor).
Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Malpighiales
Família: Turneraceae
Género: Turnera
Espécie: T. subulata
Nome binomial
Turnera subulata
Willd. ex Schult.

Turnera subulata é uma espécie de subarbusto[1] popularmente conhecida como Boa noite, Chanana, Onze horas ou Flor-do-Guarujá. Ela é nativa da América do Sul, ocorrendo principalmente na região Nordeste do Brasil, porém, também é cultivada em outros lugares, como a Malásia, Indonésia, outras ilhas do Pacífico e Caribe, bem como nos Estados Unidos.[2] É comumente cultivada como uma flor de jardim[3], embora também seja conhecida como uma erva daninha.[4]

Crescimento[editar | editar código-fonte]

Essa planta é uma erva perene que cresce duma raiz primária densa e expeça e um caule lenhoso. Ela tem altura máxima de cerca de 80 cm. Suas folhas têm formato aproximadamente oval com margens dentadas. As faces anteriores delas são cobertas com "pelos" brancos, os quais também podem estar presentes na face de cima. As folhas têm tamanho de cerca de 9 cm.[5]

Flores[editar | editar código-fonte]

As flores ocorrem nas axilas das folhas, dentro de cálices de sépalas glandulares e "peludas". As flores tem formato de disco a funil,[6] e as pétalas são arredondadas ou ovais, com a mais longas tendo mais que 3 cm.[5] Elas são brancas e amareladas com bases mais escuras[7] servindo como guias de néctar.[6] O centro da flor é duro, com textura parecida com a língua de um gato.[7] As flores crescem no ano todo, e tendem a abrir no nascer do sol e fechar cerca de 11 da manhã.[4]

A planta é polinizada por uma variedade de insetos. Um polinizador comum é a espécie de abelha Protomeliturga turnerae, que prefere apenas o seu néctar e depende completamente deste para se reproduzir, com abelhas machos marcando seu território ao redor da planta. Outros insetos observados na planta incluem outras espécies de abelha, como Trigona spinipes, Frieseomelitta deoderleinii e Plebeia flavocinta; borboletas como Nisoniades macarius e Urbanus dorantes; e a espécie de besouro Pristimerus calcaratus.[6]

Fruto e sementes[editar | editar código-fonte]

O fruto é uma cápsula peluda contendo sementes com arilos brancos.[5] As sementes são dispersada por formigas, que são provavelmente atraídas pela alta concentração de lipídeos.[8]

Aparência[editar | editar código-fonte]

Como a maioria dos outros Turnera,[6] esta espécie é heterostílica, com duas formas. A forma longistila tem estiletes longos em suas flores, enquanto a forma brevistilas tem estiletes curtos. Ambas as formas produzem a mesma quantidade de pólen. Um estudo relatou que durante a polinização, as longistilas recebem mais pólen das brevistilas do que de outras flores longistilas.[9] Os genes que causam esse dimorfismo no tamanho do estilo são objeto de pesquisas atuais. Até agora, foi estabelecido que os estilos curtos contêm proteínas, poligalacturonases, que estão ausentes nos estilos longos.[10]

Medicina tradicional[editar | editar código-fonte]

Esta planta, como outras plantas do gênero Turnera,[11] é amplamente utilizada na medicina tradicional[12] há séculos[1], principalmente em regiões tropicais e subtropicais.[11] Na América do Sul, seu extrato de folhas é utilizado no tratamento de diversas doenças, como diabetes, hipertensão, tumores, gripe, dores crônicas e inflamações.[11][13] É utilizado principalmente na região Nordeste do Brasil, onde também é utilizado no tratamento de amenorreia e dismenorreia, consumida na forma de chá ou infusões.[11][4]

Embora pouco se saiba sobre suas propriedades medicinais, as peças demonstraram efeitos antioxidantes, antibacterianos e anti-inflamatórios em testes,[1][13] além de modularem os efeitos de alguns medicamentos.[14]

Referências

  1. a b c Saravanan, Mythili; Senthilkumar, Palanisamy; Kalimuthu, Kandasamy; Chinnadurai, Vajjiram; Vasantharaj, Seerangaraj; Pugazhendhi, Arivalagan (2018). «Phytochemical and pharmacological profiling of Turnera subulata Sm., a vital medicinal herb». Industrial Crops and Products (em inglês). 124: 822–833. doi:10.1016/j.indcrop.2018.08.065 
  2. «Turnera subulata». Agricultural Research Service (ARS), United States Department of Agriculture (USDA). Germplasm Resources Information Network (GRIN). Consultado em 25 de maio de 2024 
  3. "Turnera subulata". Germplasm Resources Information Network (GRIN). Agricultural Research Service (ARS), United States Department of Agriculture (USDA). Retrieved 21 January 2018.
  4. a b c Costa, Maria Eduarda Moreira da (2023). «REVISÃO BIBLIOGRÁFICA DO PERFIL FITOQUÍMICO E ATIVIDADES BIOLÓGICAS DA Turnera subulata SM». Revista Biodiversidade. 22 (2): 141–148 
  5. a b c «Turnera subulata». Pacific Island Ecosystems at Risk. US Forest Service. 1999. Consultado em 25 de maio de 2024 
  6. a b c d Schlindwein, Clemens; Medeiros, Petrúcio C.R. (2006). «Pollination in Turnera subulata (Turneraceae): Unilateral reproductive dependence of the narrowly oligolectic bee Protomeliturga turnerae (Hymenoptera, Andrenidae)». Flora - Morphology, Distribution, Functional Ecology of Plants. 201 (3): 178–188. Bibcode:2006FMDFE.201..178S. doi:10.1016/j.flora.2005.07.002 
  7. a b Yim, Elaine. «What's up, buttercup?». New Straits Times. Consultado em 25 de maio de 2024. Arquivado do original em 4 de maio de 2012 
  8. Simberloff, D.; Rejmanek, M., eds. (2010). Encyclopedia of Biological Invasions. Berkeley, California, USA: University of California Press. p. 589. ISBN 978-0-520-26421-2 
  9. Swamy, N. Rama; Bahadur, Bir (1984). «Pollen Flow in Dimorphic Turnera subulata (Turneraceae)». The New Phytologist. 98 (1): 205–209. JSTOR 2433990. PMID 29681115. doi:10.1111/j.1469-8137.1984.tb06109.x 
  10. Athanasiou, A.; Khosravi, D.; Tamari, F.; Shore, J. S. (2003). «Characterization and localization of short-specific polygalacturonase in distylous Turnera subulata (Turneraceae)». American Journal of Botany. 90 (5): 675–682. PMID 21659162. doi:10.3732/ajb.90.5.675Acessível livremente 
  11. a b c d Luz, Jefferson Romáryo Duarte da; Barbosa, Eder A.; Nascimento, Thayse Evellyn Silva do; Rezende, Adriana Augusto de; Ururahy, Marcela Abbott Galvão; Brito, Adriana da Silva; Araujo-Silva, Gabriel; López, Jorge A.; Almeida, Maria das Graças (6 de fevereiro de 2022). «Chemical Characterization of Flowers and Leaf Extracts Obtained from Turnera subulata and Their Immunomodulatory Effect on LPS-Activated RAW 264.7 Macrophages». Molecules (em inglês). 27 (3). 1084 páginas. ISSN 1420-3049. PMC 8839466Acessível livremente. PMID 35164352. doi:10.3390/molecules27031084Acessível livremente 
  12. Barbosa, Danila de Araújo; Silva, Kiriaki Nurit; Agra, Maria de Fátima (2007). «Estudo farmacobotânico comparativo de folhas de Turnera chamaedrifolia Cambess. E Turnera subulata Sm. (Turneraceae)». Revista Brasileira de Farmacognosia. 17 (3): 396–413. doi:10.1590/S0102-695X2007000300016Acessível livremente 
  13. a b Souza, Natália Cabral; de Oliveira, Juliana Medeiros; Morrone, Maurílio da Silva; Albanus, Ricardo D'Oliveira; Amarante, Maria do Socorro Medeiros; Camillo, Christina da Silva; Langassner, Silvana Maria Zucolotto; Gelain, Daniel Pens; Moreira, José Cláudio Fonseca; Dalmolin, Rodrigo Juliani Siqueira; de Bittencourt Pasquali, Matheus Augusto (outubro de 2016). «Turnera subulata Anti-Inflammatory Properties in Lipopolysaccharide-Stimulated RAW 264.7 Macrophages». Journal of Medicinal Food (em inglês). 19 (10): 922–930. ISSN 1096-620X. doi:10.1089/jmf.2016.0047. hdl:2027.42/140112 
  14. Andrade-Pinheiro, Jacqueline Cosmo; Sobral de Souza, Celestina Elba; Ribeiro, Daiany Alves; Silva, Andressa de Alencar; da Silva, Viviane Bezerra; dos Santos, Antonia Thassya Lucas; Juno Alencar Fonseca, Victor; de Macêdo, Delmacia Gonçalves; da Cruz, Rafael Pereira; Almeida-Bezerra, José Weverton; Machado, Antonio Júdson Targino; de Freitas, Thiago Sampaio; de Brito, Edy Sousa; Ribeiro, Paulo Riceli Vasconcelos; da Costa, José Galberto Martins (16 de janeiro de 2023). «LC-MS Analysis and Antifungal Activity of Turnera subulata Sm.». Plants (em inglês). 12 (2). 415 páginas. ISSN 2223-7747. doi:10.3390/plants12020415Acessível livremente