Usuário(a):Gabriel Nupenva/Testes
A língua portuguesa possui uma relevante variedade de dialectos, muitos deles com uma acentuada diferença lexical em relação ao português padrão - o que acontece especialmente no Brasil. Tais diferenças, entretanto, geralmente não prejudicam a inteligibilidade entre os locutores de diferentes dialetos.
O português europeu padrão é também conhecido como estremenho ou português de Portugal. Mesmo assim, todos os aspectos e sons de todos os dialectos de Portugal podem ser encontrados nalgum dialecto no Brasil. O português africano, em especial o português santomense tem muitas semelhanças com o português de algumas regiões do Brasil. Também os dialetos do sul de Portugal apresentam muitas semelhanças, especialmente o uso intensivo do gerúndio. No Norte, o alto-minhoto e o transmontano são muito semelhantes ao galego.
Mesmo com a independência das antigas colónias africanas, o português padrão de Portugal é o padrão preferido pelos países africanos de língua portuguesa. Logo, o português apenas tem dois dialectos de aprendizagem, o europeu e o brasileiro. Note que, no português europeu há três dialectos mais prestigiados: o do Porto, o de Coimbra e o de Lisboa. No Brasil, o dialeto do Rio de Janeiro e o de São Paulo são dominantes nos meios de comunicação; a língua escrita padrão é quase idêntica à de Portugal, com diferenças pontuais (como o abandono quase completo da mesóclise).
Maiores dialectos da língua portuguesa:
Portugal[editar | editar código-fonte]
- Açoriano (ouvir) - Açores
- Alentejano (ouvir) - Alentejo
- Algarvio (ouvir) - Algarve (há um pequeno dialecto na parte ocidental)
- Alto-minhoto (ouvir) - Norte de Braga (interior)
- Baixo-beirão; alto-alentejano (ouvir) - Centro de Portugal (interior)
- Beirão (ouvir) - centro de Portugal
- Estremenho (ouvir) - Regiões de Coimbra e Lisboa (pode ser subdividido em lisboeta e coimbrão)
- Madeirense
- Dialecto Baixo Minhoto-Duriense (ouvir) - Regiões de Braga e Porto
- Transmontano (ouvir) Trás-os-Montes
Brasil[editar | editar código-fonte]
- Baiano - falado predominantemente na Bahia, mas utilizado em regiões de Sergipe e de Minas Gerais;
- Brasiliense - dialeto utilizado em Brasília e na sua área metropolitana[1], resultante dos inúmeros fluxos migratórios ocorridos a partir de 1955, quando se iniciou a construção da nova capital federal;
- Caipira - falado na região que compreende o interior de São Paulo, sul de Goiás, o extremo norte do Paraná, parte do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, sul de Minas Gerais e Triângulo Mineiro;
- Costa norte, por vezes chamado de dialeto cearense - é falado basicamente no Ceará, no Piauí e em parte do Maranhão;
- Carioca - na região Metropolitana do Rio de Janeiro, e em áreas próximas;
- Florianopolitano ou manezinho da ilha - é um dialeto, derivado do sulista e do gaúcho e com características do dialeto açoriano, utilizado na Região Metropolitana de Florianópolis e em regiões do litoral catarinense.
- Fluminense (ouvir) - dialeto usado principalmente na região serrana e no sul do estado do Rio de Janeiro, no estado do Espírito Santo, e com falantes em regiões de Minas Gerais e São Paulo;
- Gaúcho - predominantemente no Rio Grande do Sul, contudo falado em regiões de Santa Catarina;
- Mineiro - utilizado principalmente nas regiões central e leste de Minas Gerais;
- Nordestino central (ouvir) - é utilizado em Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Norte, na porção sul do Ceará, e em algumas regiões da Bahia, do Piauí e do Maranhão.[2] Possuem diferenças linguísticas - sub-dialetos, sendo os três principais: litorâneo, ou da Zona da mata, se estendendo desde Maceió até Natal; o do interior, falado nas regiões do agreste e da caatinga; e o dos cocais, falado em partes do Piauí e do Maranhão;
- Nortista - utilizado em todos os estados da bacia do Amazonas (excetuando somente a região do arco do desflorestamento). Considera-se que tenha até quatro sub-dialetos: o cametaense, utilizado na região de Cametá e em algumas regiões da Ilha do Marajó; o dos cocais, com influências dos dialetos nortista, da serra amazônica e do cearense, falado principalmente no Maranhão, em partes do Piauí e do Pará; o metropolitano, utilizado nas regiões metropolitanas de Belém e Manaus; e o bragantino, utilizado na microrregião Bragantina;
- Paulistano - utilizado na Macrometrópole de São Paulo (com exceção de alguns municípios que utilizam o dialeto caipira);
- Recifense - utilizado na Região Metropolitana do Recife, e em áreas próximas;
- Serra amazônica ou do arco do desflorestamento - utilizado na região do arco do desflorestamento: Rondônia, norte de Mato Grosso, Tocantins, sudoeste do Maranhão e sudeste do Pará. São marcantes as diferenças entre o dialeto desta região e o da bacia amazônica;
- Sertanejo - utilizado nos estados de Goiás, Mato Grosso e norte do Mato Grosso do Sul;
- Sulista - utilizado em todo o Paraná, com exceção da região norte, em praticamente todo o estado de Santa Catarina e no extremo-sul do Mato Grosso do Sul.
Angola[editar | editar código-fonte]
Outras áreas[editar | editar código-fonte]
- Cabo-verdiano (ouvir) - Cabo Verde
- Galego (ouvir) Galiza, Espanha[3]
- Guineense (ouvir) - Guiné-Bissau
- Macaense (ouvir) - Macau, China
- Moçambicano (ouvir) - Moçambique
- Santomense (ouvir) - São Tomé e Príncipe
- Timorense (ouvir) - Timor-Leste
- Fala da Estremadura ou fala de Xálima – Valverde do Fresno, Elas, São Martinho de Trebelho (variedade linguística do galego-português)
- Português oliventino – Olivença e Táliga, Espanha (em desuso; não protegido)
- Dialectos portugueses do Uruguai (Portunhol riverense, fronterizo e bayano) - Uruguai
A norma do português do Brasil é diferente da norma usada em Portugal, nos países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP), Timor-Leste e noutros territórios asiáticos (Macau, Goa, Damão, Diu). A escrita reflecte naturalmente essas diferenças: fonéticas, lexicais (vocabulário), morfo-sintácticas (construção da frase/sentença) semânticas e pragmáticas.
- As diferenças ortográficas: são as que saltam imediatamente à vista e as que, aparentemente, podem criar mais problemas.
- As diferenças lexicais: veja-se o caso de autocarro (Portugal) e ônibus (Brasil).
Ora, daqui decorre que, havendo designações diferentes para uma mesma realidade, as entradas ao serem grafadas numa das formas (por exemplo, sistema operativo ou astrónomo) anulariam qualquer pesquisa feita na outra grafia (p. ex. sistema operacional ou astrônomo).
Este problema pode ser resolvido desde que cada um crie uma entrada remissiva com a grafia alternativa. Ajuda se cada membro da comunidade conhecer minimamente as diferenças entre (ou no interior) das normas; e pode-se sempre colocar alguma dúvida que se tenha sobre o assunto à wiki comunidade.
A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) celebrou um acordo ortográfico que minimizou -- mas não eliminou por completo -- as diferenças entre as duas normas. A gramática do português também não é una, nem única. Respeitando, no entanto, "regras gramaticais" comuns e usando um nível de discurso minimamente cuidado muitas das diferenças podem ser atenuadas.
Sobre o projecto de acordo veja as seguintes remissões:
- http://www.ipol.org.br/ler.php?cod=130
- http://www.iilp-cplp.cv/pdf/iilp/acordoOrtografico.pdf
- http://ciberduvidas.sapo.pt/controversias/69.html
De qualquer forma, o que se passa com o português não é caso único. Noutras línguas de expressão universal passam-se fenómenos semelhantes. O exemplo mais aproximado talvez seja o do inglês -- que tem versões britânica, americana, australiana, entre outras.
É um argumento incorrecto dizer que a Língua Padrão é aquela que se fala nos países de origem da língua. É incorrecto, entre outras razões, porque muitas vezes os idiomas sofrem grandes mudanças nos próprios países de origem, sendo as outras versões as que mais traços conservam do idioma tradicional. É o que se passa, em certa medida, entre a Inglaterra e os Estados Unidos. No entanto, a Wikipédia não tem que ser escrita em "português padrão", conceito desprovido de qualquer base científica. Essa designação serve apenas para aludir à variante regional adoptada por razões burocráticas, como a língua-padrão normativa do País, e confunde-se muitas vezes, historicamente, com a língua falada pelas camadas cultas numa determinada área geográfica. No futuro, a Wikipédia terá cada entrada (os titulos dos artigos para redirecionamento, não os artigos em si) escrita nas principais variantes do português.
Principais diferenças[editar | editar código-fonte]
Para facilitar a compreensão de termos de uso exclusivo ou preferencial numa dada variante do português foi criada uma lista de equivalências em Wikcionário:Tabela de termos e palavras.
- Variações na escrita de certas palavras. Algumas palavras têm, em português de Portugal (pt-PT), pares de consoantes que correspondem a uma única consoante no português do Brasil (pt-BR). Assim, em pt-PT, pronuncia-se e escreve-se amnistia, connosco, contacto, facto, Neptuno, secção, subtil, enquanto que no pt-BR se escreve e se pronuncia anistia, conosco, contato, fato, Netuno, seção, sutil. Outros casos há em que, apesar das consoantes já não serem articuladas (consoantes mudas), elas continuam a ser escritas em pt-PT em observância ao Acordo Ortográfico de 1945 — por exemplo, acção, actor, baptismo e óptimo. O uso do Brasil, assim como as normas preconizadas pelo Acordo Ortográfico de 1990, no entanto, optam pela sua eliminação: ação, ator, batismo e ótimo. Há, ainda, algumas diferenças ortográficas que resultam de divergências na tradição lexicográfica portuguesa e brasileira. Exemplos: alforge, beringela, chichi, húmido, humidade e missanga em pt-PT; alforje, berinjela, xixi, úmido, umidade e miçanga em pt-BR.
- Numerais. O que em Portugal significa mil milhões no Brasil diz-se bilhões, enquanto que biliões em Portugal equivale a trilhões no Brasil. Além disso, em pt-PT escreve-se catorze, dezasseis, dezassete e dezanove, enquanto que no pt-BR se prefere quatorze (mas também catorze), dezesseis, dezessete e dezenove.
- Nacionalidades e lugares. Alguém que nasceu na Polónia é chamado preferencialmente de polonês no Brasil, mas nos restantes países é polaco. O mesmo vale para israelita, canadiano e palestiniano (no pt-PT) que equivalem no Brasil a israelense (israelita no Brasil é a religião judaica ou quem a professa), canadense e palestino, respectivamente. E Oriente Médio no pt-BR é Médio Oriente nos outros países lusófonos; assim como Cingapura, Iugoslávia (país, entretanto extinto) e Vietnã, no Brasil, corresponde a Singapura, Jugoslávia e Vietname nos restantes países de língua portuguesa. Em Portugal e África optou-se pela forma de tradução em que a terminação "-an" se torna "-ão". No Brasil, no entanto, estas terminações são, por vezes, transpostas para "-ã". Exemplos, pt-PT: Irão, Teerão; pt-BR: Irã, Teerã. O mesmo acontece com Amsterdão (ou Amesterdão), Amsterdã, respectivamente. No entanto, na maioria dos casos, não se registam quaisquer diferenças: todos os lusófonos usam Afeganistão, Amã, Cazaquistão, Golã, Paquistão e Uzbequistão.
- Acentuação variável. Devido à pronúncia padrão de cada país, as vogais "o" e "e" antes das consoantes nasais "m" e "n", quando tônicas, são fechadas no Brasil e abertas em Portugal e África. Mônica, Antônio, polêmica e fêmur em pt-BR correspondem a Mónica, António, polémica e fémur em pt-PT.
- Siglas. A síndrome da imunodeficiência adquirida é abreviada em Portugal como SIDA, enquanto que no Brasil é mais comum a sigla AIDS, proveniente da designação em língua inglesa (acquired immunodeficiency syndrome). De forma similar, a sigla ADN (ácido desoxirribonucleico) é usada em ambos os países, embora no Brasil também seja de uso comum a forma inglesa, DNA (diretamente derivada de deoxyribose nucleic acid). Ocorre o inverso com a Organização do Tratado do Atlântico Norte; em Portugal a sigla preferida é NATO (North Atlantic Treaty Organization) e, no Brasil, é traduzida para sua equivalente em português OTAN.
- Uso do trema. As normas do Formulário Ortográfico de 1943, ainda em vigor no Brasil, preveem o uso do trema sobre o "u" nas sílabas "qüe", "güe", "güi" quando o "u" é lido: freqüente, agüentar, lingüiça. No entanto, o uso dos restantes países lusófonos, assim como as normas preconizadas pelo Acordo Ortográfico de 1990, vai no sentido da sua completa eliminação: frequente, aguentar, linguiça. É importante observar que, apesar da regra brasileira determinar o uso do trema, isso frequentemente já não acontecia, havendo meios de comunicação - como a revista IstoÉ, por exemplo - que, de mote próprio, já tinham abolido o sinal.
- Variações de léxico. Caminhonete (ou camioneta ou perua), em pt-BR, significa, em pt-PT, carrinha,camioneta. Sedã em pt-BR equivale à denominação berlina em pt-PT; ônibus, em pt-BR, equivale a autocarro em pt-PT. Equipe, vitrine, console, tela, câncer e terremoto, em pt-BR, equivalem a equipa, montra, consola, ecrã (se for de TV) ou monitor (se for de computador), cancro e terramoto em pt-PT, respectivamente.
- Significados diferentes. Algumas palavras têm significados diferentes nos dois países. Alguns exemplos:
- No Brasil, puto é uma gíria para prostituto enquanto que em Portugal significa apenas uma criança do sexo masculino.
- Em Portugal, bicha pode ser o que os brasileiros entendem por fila, muito embora a palavra também tenha, entretanto, assumido o significado brasileiro de homossexual.
- No Brasil, banheiro é o que em Portugal se chama casa de banho ou quarto de banho; em muitas zonas de Portugal, banheiro é o que os brasileiros chamam de guarda-vidas ou salva-vidas, esta última designação também é usada em Portugal.
- Datas. No Brasil, o primeiro dia de cada mês recebe uma menção especial, como em 1.º de abril. Em Portugal não há diferença entre primeiro dia do mês e os outros (ex. 1 de abril).
Ver também[editar | editar código-fonte]
- Língua portuguesa
- Acordo Ortográfico de 1990
- Português brasileiro
- Preconceito lingüístico
- Lista de diferenças lexicais entre versões da língua portuguesa
- Wikipedia:Versões da língua portuguesa
Referências
- ↑ «Sotaque branco». Meia Maratona Internacional CAIXA de Brasília
- ↑ «Diferentes "dialetos": as expressões regionais brasileiras». Portal Educar Brasil
- ↑ O português galego é considerado oficialmente pelos governos galego e espanhol uma língua autônoma, porém a nível científico a unidade do português galego com o resto de falares da Lusofonia é aceite de maneira maioritária e mesmo existe um movimento social que defende a integração da Galiza como membro de pleno direito na CPLP
Ligações externas[editar | editar código-fonte]