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Usuário(a):Giovana Canteras/Testes/Q62064771, Obra de arte

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A Providência guia Cabral
Giovana Canteras/Testes/Q62064771, Obra de arte
Autor Eliseu Visconti
Data 1899
Técnica tinta a óleo, tela
Dimensões 180 centímetro x 108 centímetro
Localização Pinacoteca do Estado de São Paulo

A Providência Guia Cabral é uma obra de Eliseu Visconti (1866-1944), pintor, desenhista e designer ítalo-brasileiro  que fez parte do movimento artístico Impressionista e Modernista. Sua data de criação é de 1899 e encontra-se atualmente sob a guarda da Pinacoteca do Estado de São Paulo.[1]

Descrição[editar | editar código-fonte]

 A obra foi produzida com tinta a óleo, tela. Suas medidas são: 180 centímetros de altura e 108 centímetros de largura.[2] A assinatura do pintor está localizada no canto inferior direito.

Contexto[editar | editar código-fonte]

Eliseu Visconti pintou a obra enquanto viva um momento de aperfeiçoamento de suas técnicas dentro da sua carreira artística e acadêmica.

Exatamente no ano de 1899, os estudos de Eliseu Visconti se encerram na França. Ele, que foi até Paris através de um programa de alunos proficientes, aos 33 anos de idade, já é um pintor notável, de renome internacional, e também é reconhecido pela crítica carioca. Visconti pinta a Providência guia Cabral antes de seu retorno, ainda na Europa, sob o pseudônimo "Providência", para participar de um concurso brasileiro lançado pela Associação do Quarto Centenário do Descobrimento do Brasil. A proposta consistia em produzir um esboço na temática do descobrimento. [3]

Eliseu não vence do concurso, porém a obra se torna um símbolo de grande influência dentro de projetos futuros do artista. Figuras femininas representadas com características suaves e femininas, como visto na obra, irão, a partir de então, sempre se fazerem presentes na categoria História recente dentro das produções do autor, sendo possível então o quadro ser considerado um protótipo. [1]

A obra foi o único quadro de Visconti que pertenceu ao Museu Paulista, dos anos de 1943 a 1948 e já participou de algumas exposições individuais e coletivas, nacionais e internacionais. Sua primeira aparição por galerias foi em 1901, pouco após ser pintada, e a mais recente foi em 2012, na Pinacoteca de São Paulo, aonde ainda está localizada. [1]

Análise[editar | editar código-fonte]

A obra foi produzida no sentido vertical, o que é um tanto quanto incomum para quadros históricos que retratam ambientes de embarcações. [1]

O foco principal está na única figura feminina presente, que representa a Providência em si, parcialmente desnuda e que impõe uma presença quase como soberana e dominante entre os três homens que também são visíveis. Ela, localizada um pouco à direita do centro da obra, é pintada apresentando traços delicados e com seus longos cabelos e vestimentas esvoaçando, em tons avermelhados. Em sua mão direita, segura uma tocha acessa, com as chamas também sendo sopradas pelo vento. O seu dedo indicativo da mão esquerda encosta na cabeça do quem seria a representação de Pedro Álvares Cabral, como se o guiasse e, neste caso, lhe mostrasse o caminho para o continente. Sua imagem parece passar a impressão de flutuar.

Cabral traja um conjunto vermelho, de mangas compridas e bufantes. [1] Ele possui barba e cabelos compridos e é possível enxergar duas outras figuras masculinas ao seu lado direito.

Um deles, o do meio entre a totalidade dos três homens, segura uma pena, e seria a representação de Pedro Vaz de Caminha, escrivão responsável por direcionar cartas à corte portuguesa enquanto na missão com Cabral pelo Brasil. Já o senhor visto quase à extrema direita, no canto inferior do quadro, seria o frade Henrique de Coimbra. Ele foi pintado com suas mãos elevadas, como se rezasse.[4]

Da caravela em si, se vê pouco. É possível enxergar o que seriam partes do maestro, das velas, de algumas cordas e um pedaço do timão, manuseado por Cabral. [1]

A obra faz parte dos movimentos Modernista e Art Noveau. O quadro foi produzido na França e mostra o poder benevolente da mulher.

Sobre o artista[editar | editar código-fonte]

Eliseu d’Angelo Visconti nasceu dia 30 de julho de 1866, na Vila de Santa Catarina, Província de Salerno, na Itália. Imigrou para o Brasil em 1873 junto a sua irmã, Marianella, sob a supervisão de D. Francisca de Souza Monteiro de Barros, ou Baronesa de Guararema, figura de grande importância para o artista no decorrer de sua vida.

Ainda jovem se muda para o Rio de Janeiro e, em 1882, ingressa no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro. Lá recebe de seus colegas o apelido de "papamedalhas"[5] e é instruído por personalidades muito influentes do meio artístico, como Victor Meirelles, José Maria de Medeiros e Estevão Roberto da Silva. Em 1885, incentivado por D. Pedro II, matricula-se na importante Imperial Academia de Belas Artes do Rio de Janeiro, onde se destaca grandiosamente por seu talento. Ele permanece anos no Brasil, desenvolvendo suas habilidades, quando seus estudos são financiados pelo governo brasileiro para que ele vá estudar na cidade de Paris, na França. Tal bolsa foi possível graças ao Prêmio de Viagem à Europa, pela Escola Nacional de Belas Artes. Eliseu é capaz de estender seu período como pensionista no exterior até o limite máximo, e permanece na Europa, enquanto estuda, de 1893 a 1900[6]. Ele completa sua formação internacional tendo passado por três importantes e reconhecidas escolas: a École Nationale ét Speciale des Beaux-Arts, a Académie Julian e, por último, na École Guerin.[3][6] Foi aluno de grandes nomes, como de Eugène Grasset, Bouguereau e Ferrier. [6][3]

Em 1898, dois anos antes de retornar ao Brasil após o fim de sua bolsa, ele conhece a francesa Louise Alexandrine Palombe, sua companheira e futura esposa, com quem fica casado até o resto de sua vida. Ela, que se torna grande figura de inspiração e modelo para as obras de Eliseu, tem enorme importância para a construção de futuros quadros do artista. [7][8] Ele só retorna ao Brasil em 1901, ano em que o artista organiza sua primeira exposição individual na Escola Nacional de Belas Artes. [9]

Durante duas décadas (1901 a 1920) Visconti vive em trânsito entre a França e o Brasil. Ele passa esse período produzindo inúmeras obras e participando de muitas exposições, conquistando prêmios tanto no Brasil quanto na Europa. Eliseu pinta diversos retratos de sua família e dos cenários por onde moravam e volta apenas a morar definitivamente no Brasil em 1921, continuando a conquistar prêmios e medalhas e nunca falhando a se destacar dentro da indústria da arte. Ele mora enorme parte de sua maturidade com sua família na Ladeira dos Tabajaras, em Copacabana, no Rio de Janeiro, onde fica até seu falecimento, que acontece em 1944, no dia 15 de outubro. [10] Apenas um ano depois, é inaugurada a Sala Eliseu Visconti no Museu Nacional de Belas Artes.

Eliseu que por várias vezes foi descrito como inquieto e de personalidade expansiva[11], desde jovem se abre a diversos movimentos como o Modernismo, Impressionismo, Pós-Impressionismo, do Art Noveau, Simbolista e Pré-Rafaelita. [12] Entre seus quadros mais reverenciados, é possível citar a Gioventù e a Moça no Trigal.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c d e f «P332». Eliseu Visconti. Consultado em 12 de novembro de 2019 
  2. https://eliseuvisconti.com.br/obra/P332
  3. a b c «O Prêmio de Viagem – 1893-1900». Eliseu Visconti. Consultado em 24 de novembro de 2019 
  4. Muralha, Fátima (27 de julho de 2019). «A Providência Guia Cabral | Eliseu Visconti». Citaliarestauro.com. Consultado em 26 de novembro de 2019 
  5. «Primeiros Tempos – 1866-1892». Eliseu Visconti. Consultado em 24 de novembro de 2019 
  6. a b c Alves, Fabíola Cristina (2016). «A Lição Viscontiana». "A Lição Viscontiana". Universidade Estadual Júlio Mesquita Filho.  Verifique data em: |acessodata= (ajuda);
  7. Andrade, Carlos Drummond de (1954). «A musa de Visconti». "A Musa de Visconti" em Correio da Manhã de Carlos Drummond de Andrade. 
  8. Seraphim, Mirian Nogueira (2004). «Dedicação e harmonia: família e arte na vida de Eliseu Visconti». "Dedicação e harmonia: família e arte na vida de Eliseu Visconti" em Colóquio do Comitê Brasileiro de História da Arte de Mirian Nogueira Seraphim. 
  9. «Sobre o Pintor». Eliseu Visconti. Consultado em 25 de novembro de 2019 
  10. «Cronologia». Eliseu Visconti. Consultado em 25 de novembro de 2019 
  11. «Personalidade – por seu filho, Tobias d'Ângelo Visconti». Eliseu Visconti. Consultado em 25 de novembro de 2019 
  12. Seraphim, Mirian Nogueira (2010). «A Catalogação das Pinturas a Óleo de Eliseu D'Angelo Visconti: o estado da questão». "A Catalogação das Pinturas a Óleo de Eliseu D'Angelo Visconti: o estado da questão" de Mirian Nogueira Seraphin. 


Categoria:Pinturas de 1899

Categoria:Pinturas de Eliseu Visconti