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Laureano Barros (Matosinhos, 1921Ponte da Barca, 2008)

Laureano Barros, bibliófilo, formado em Matemática pela Faculdade de Ciências do Porto.

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Biblioteca - Colecção[editar | editar código-fonte]

«Foi quando foi viver para o Porto, para frequentar o liceu, que o jovem Laureano Barros começou a comprar livros. Frequentava os alfarrabistas e iniciou uma colecção, tal como fazia com os paliteiros, bengalas, relógios, louças, antiguidades ou alfaias agrícolas. Mas ao contrário de toda a traquitana que sempre gostou de trazer para casa, aos livros ergueu uma fidelidade. Não os vendia, não desistia nem se esquecia deles. Começou a acumulá-los na moradia que o pai lhe comprou para se instalar na cidade, na Foz, continuou a ampliar a colecção enquanto viveu nessa casa com a primeira mulher, Leonor, e depois quando se divorciou dela e das seguintes. De cada vez que se separava da mulher com quem vivia (e foram mais mulheres do que os três casamentos), deixava-lhe tudo: a casa, os móveis, as antiguidades. Mas levava consigo a biblioteca. Eram livros de Matemática, de Filosofia, de Botânica, mas acima de tudo de Literatura Portuguesa, e, cada vez mais, volumes curiosos e raros, obras pouco conhecidas, primeiras edições. Por alguns autores tornou-se obcecado e comprava tudo. Depois estendeu a obsessão a todos os escritores. Comprava e lia, várias vezes, os livros de Camilo, Eça, Pessoa, Torga. Sempre teve insónias, e passava-as a ler. Dono de uma memória prodigiosa, sabia páginas e páginas de cor. Perdia horas a arrumar os livros, a manuseá-los, a acariciá-los.

(...)

Primeiras edições de Fernão Mendes Pinto, Camões, Vieira, Verney, Eça, Pessoa, Antero ou António Nobre, obras juvenis de Guerra Junqueiro, Torga ou José Gomes Ferreira, edições raras de poetas quinhentistas de Ponte da Barca - a biblioteca começou a crescer em majestade, a tornar-se maior do que si própria, misteriosa e imortal, exigindo reverência e devoção.» [[1]] Vindo a tornar-se num dos mais importantes bibliófilos portugueses do século XX.


Com um «excepcional espólio de manuscritos e edições de Luiz Pacheco, que apresentaremos para venda em exclusivo no último dia; as «Leis Extravagantes» de Duarte Nunes de Leão, datadas de 1569; a edição original de «Só» de António Nobre: de Almada Negreiros salientamos a polémica edição do «Manifesto Anti-Dantas», «K4 Quadrado Azul», «Bailados Russos em Lisboa», assim como a muito esclarecedora edição d’«A Questão dos Painéis»; entre outras, as revistas «Orpheu» e «Manifesto» estarão disponíveis nesta segunda parte; de Almeida Garrett «Viagens na Minha Terra», «Folhas Caídas», o semanário «O Chronista» totalmente redigido por Garrett; de Herberto Helder, a raríssima edição publicada por Luiz Pacheco nas edições Contraponto, «O Amor em Visita», «A Colher na Boca», segundo livro do autor, assim como o raríssimo catálogo de uma exposição de pintura de Maria Paulo, com texto em prosa de Herberto Helder.

(...) ainda autores incontornáveis da cultura portuguesa como Frei Bartolomeu dos Mártires Francisco Rodrigues Lobo Francisco Manuel de Melo, António de Sousa Macedo, Francisco Sá de Miranda, Damião de Góis, Fernão Lopes, António Pereira de Figueiredo, Tomás António Gonzaga, Agostinho de Macedo, Alexandre Herculano, Guerra Junqueiro, Oliveira Martins, Ramalho Ortigão, Gomes Leal, Wenceslau de Moraes, Manuel Laranjeira, Egas Moniz Vitorino Nemésio, Fernando Namora, Pedro Homem de Mello, Vergílio Ferreira, Alexandre O’Neill, António Maria Lisboa, António Gedeão, Ana Hatherley.

(...) primeiras edições de «Peregrinação» de Fernão Mendes Pinto, as primeiras edições dos «Sermões» do Padre António Vieira e do raríssimo «Livro de Cesário Verde]]»; as edições originais das obras de Verney e a dos autores que se vincularam à polémica que o seu «Verdadeiro Método de Estudar» trouxe a lume; outras referências da literatura portuguesa do século passado como Teixeira de Pascoaes, Camilo Pessanha, Fernando Pessoa, António Pedro, José Cardoso Pires, Eça de Queiroz, Antero de Quental, José Régio, Aquilino Ribeiro, José Saramago, Jorge de Sena, Miguel Torga, Carolina Michaelis de Vasconcelos, Mário de Sá Carneiro, Leite de Vasconcelos, Mário Cesariny de Vasconcelos, Cesário Verde.» [[2]]


Esta colecção resultou no mais importante leilão de livros que se organizou em Portugal na primeira década do século XXI. 6432 lotes de espantosa biblioteca. Organizado pela Livraria Manuel Ferreira a 21 a 23 e 27 a 30 e Janeiro de 2010, no Salão Nobre da Junta de Freguesia do Bonfim, no Porto.


Biblioteca Vertical, Homenagem a Laureano Barros[editar | editar código-fonte]

A 17 de Junho de 2017, o Município de Ponte da Barca fará uma homenagem a Laureano Barros enquanto ilustre figura barquense.

A homenagem consistirá na apresentação do documentário "Laureano Barros, Rigoroso Refúgio", de Paulo Pinto, assim como a apresentação da Colecção Ephemera por José Pacheco Pereira, do livro O Grilo na Varanda, Luiz Pacheco para Laureano Barros, Correspondência 1966-2001, de João Pedro George, com a presença do autor, do realizador, de Bárbara Bulhosa (Tinta da China) e de Paulo Pacheco (filho de Luiz Pacheco). Haverá uma conversa com António Maria Pinheiro Torres, Carlos Almeida, Jorge Meireles e Luís Miguel Queirós intitulada "Biblioteca Vertical à volta dos livros" seguida de uma Oficina de Composição Manual pelo tipógrafo Álvaro Pedreira. A homenagem terminará com um concerto pelo fadista Ricardo Ribeiro.


Ligações externas[editar | editar código-fonte]

https://www.publico.pt/2009/05/20/culturaipsilon/noticia/o-homem-que-tinha-em-casa-as-dez-primeiras-edicoes-da-peregrinacao-231788

https://www.publico.pt/2009/07/05/culturaipsilon/noticia/laureano-barros-o-homem-que-fugiu-com-uma-biblioteca-1390333

https://tertuliabibliofila.blogspot.pt/2010/01/biblioteca-do-dr-laureano-barros-leilao.html

https://www.facebook.com/FascismoNuncaMais/photos/a.559109110865139.1073741828.558291707613546/832389543537093/