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Crítica especializada[editar | editar código-fonte]

O discurso de alguns documentários analisados foi considerado por especialistas como milenarista e conspiracionista.[1][2][3][4] Historiadores também criticaram a empresa pelo conteúdo negacionista e anti-intelectualista[5] de seus vídeos, que distorcem fatos históricos como a ditadura militar, a escravidão e a colonização do Brasil e disseminam teorias conspiratórias e negacionistas[6][7][8][9] promovidas por Olavo de Carvalho,[3][10] Jair Bolsonaro.[11][12] e Ernesto Araújo.[2]

O conteúdo dos vídeos tem cariz ciberativista[13][14] e apresenta o viés da direita política, especificamente da nova direita e do cristianismo.[15][16][17][18][3][4] Apesar de autodenominar-se uma mídia independente e desvinculada de partidos políticos,[19][3] a Brasil Paralelo obteve acesso privilegiado na posse presidencial de Jair Bolsonaro[20] e também à veiculação gratuita de uma de suas séries pelo canal estatal TV Escola durante o governo desse presidente[12][21][22][23], além de receber amplo apoio de Eduardo Bolsonaro através de sua conta no Facebook divulgando vídeos e planos de assinatura.[24] Em reportagem publicada em 28 de setembro de 2020, O Estado de S. Paulo define a empresa de "'Netflix' dos bolsonaristas".[24] Lucas Ferrugem, sócio da empresa, explica que a Brasil Paralelo não tem relação com Eduardo Bolsonaro nem com as pautas do governo, embora tenha simpatia por Bolsonaro e se sinta representada em algumas pautas.[24]

  1. Carvalho, Roldão Pires; Rovida, Mara. «Os Movimentos Milenaristas Modernos–Uma Análise Sobre o Discurso da Propaganda Ideológica» (PDF). XXIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste – Belo Horizonte - MG – 7 a 9/6/2018. Outras características no discurso apontam o milenarismo do movimento. Na realidade proposta pelo Brasil Paralelo é construída a teoria conspiratória de que as mídias e as escolas estão contaminando o imaginário popular. 
  2. a b Neher, Clarissa (28 de março de 2019). «"Nazismo de esquerda": o absurdo virou discurso oficial em Brasília». Deutsche Welle Brasil. Cópia arquivada em 28 de março de 2020. "Uma coisa que eu falo muito é dessa tendência da esquerda de pegar uma coisa boa, sequestrar, perverter e transformar numa coisa ruim. É mais ou menos o que aconteceu sempre com esses regimes totalitários. Isso tem a ver com o que eu digo que fascismo e nazismo são fenômenos de esquerda", destacou Araújo, na entrevista divulgada em 17 de março pelo "Brasil Paralelo", grupo que propaga a linha de pensamento do ideólogo Olavo de Carvalho. 
  3. a b c d Meireles, Maurício; Menon, Isabella; Zanini, Fábio (8 de agosto de 2019). «Como uma produtora virou uma das principais difusoras de ideias de direita no país». Folha de S.Paulo. Cópia arquivada em 20 de dezembro de 2019. Os vídeos da produtora, que surgiu em 2016, somam 14 milhões de visualizações. Ela é uma peça relevante na chamada guerra cultural, o embate entre esquerda e direita no campo da cultura. Com seus produtos, a Brasil Paralelo se propõe a enfrentar as narrativas de esquerda com versões alternativas para a análise política e a história do país. 
  4. a b Zanini, Fabio (12 de agosto de 2019). «Produtora Brasil Paralelo revisa a história em filmes e livros com visão de direita». Folha de S.Paulo. Cópia arquivada em 13 de dezembro de 2019. Nos vídeos, uma temática é comum: a infiltração de ideias de esquerda na mídia, na academia e no meio cultural. É recorrente a crítica a um suposto complô de partidos de esquerda, reunidos no Foro de São Paulo, para promover ideias marxistas. 
  5. Bruno Antonio Picoli; Vanessa Chitolina; Roberta Guimarães (29 de outubro de 2020), «Revisionismo histórico e educação para a barbárie: A verdade da "Brasil Paralelo"», Revista UFG, ISSN 1677-9037, Revista UFG, 20: e64896, doi:10.5216/REVUFG.V20.64896, Wikidata Q101243432, O anti-intelectualismo é grosseiro por, pelo menos, duas razões. A primeira é que isso implica inutilidade de estudar um tema ou período histórico: nunca seremos capazes de compreender a escravidão, a Inquisição, a vida na pólis grega. A segunda é que insinua que a realidade se mostra para o observador como ela de fato é, o que é um princípio avesso a toda produção científica desde, pelo menos, Galilei. O pensamento científico exige distanciamento. Esta frase, por si só, já coloca todo o documentário em terrível contradição: se apenas quem viveu 1964 pode falar com propriedade sobre os episódios, como os entrevistados mais jovens, que sucedem Puggina, teriam condições de analisar esses fatos? Como os espectadores nascidos após este período podem posicionar-se? Tal afirmativa, assim como o parco rigor, postula a irrelevância da pesquisa histórica séria e profissional. 
  6. Avila, Arthur de Lima (29 de abril de 2019). «Qual passado usar? A historiografia diante dos negacionismos». Café História. Cópia arquivada em 4 de maio de 2020. Dessas visões para afirmações descabidas é um passo curto – vale lembrar aquela proferida pelo atual Presidente, quando em campanha eleitoral, sobre filhos de Portugal “nunca terem escravizado ninguém” (os africanos é que teriam feito isso, segundo o político). De minimização em minimização, chegamos ao negacionismo. 
  7. Baggenstoss, Grazielly Alessandra; Pianta, Lucas Tubino (2019). «Para que(m) serve o nosso conhecimento?». Carta Capital. Cópia arquivada em 18 de abril de 2019. Esse confronto ao trabalho das pesquisadoras e pesquisadores culmina em um projeto chamado Brasil Paralelo, em que os nomes citados e alguns outros conhecidos conservadores e pensadores da direita e da extrema direita brasileiras são entrevistados e apresentam a história brasileira de forma extremamente eurocentrada e sua perspectiva enquanto uma verdade histórica única, imutável, violada pelos professores e professoras “comunistas”, “doutrinadores”, etc. 
  8. Borges, Ítalo Nelli (2019). «O Paralelismo do Absurdo: 1964 – O Brasil entre Armas e Livros e seus Desserviços Históricos e Sociais». Revista Expedições: Teoria da História e Historiografia. 10 (2): 152–166. ISSN 2179-6386. Os autores que me refiro cujas teses alimentam um projeto do Brasil Paralelo de distorção interpretativa do golpe e da ditadura são o que Melo (2014) chama de revisionistas. O autor aponta que este revisionismo historiográfico se ancora em três teses; a primeira que esquerda e direita foram igualmente responsáveis pelo golpe, a segunda que havia dois golpes em curso na conjuntura de 1964 e a terceira de que a resistência à ditadura não passou de um mito (MELO, 2014, p. 158). No filme, a resistência – independentemente de sua modalidade de operação – é a responsável pelo endurecimento do regime, o que se trata aqui é nada menos do que transformar a vítima em culpada pela própria violência que sofre. Em se tratando das duas primeiras teses, o documentário é explícito em adotá-las. 
  9. Nicolazzi, Fernando (22 de março de 2019). O Brasil Paralelo produz História?. Historiar-se – via Youtube. Como veremos nesse vídeo de análise de uma das séries do empreendimento Brasil Paralelo que tem como tema a história do país, a direita brasileira busca uma narrativa histórica que sirva a suas demandas do presente. 
  10. «Análise: Com Olavo em dose dupla, direita ganha nova batalha cultural». Folha de S.Paulo. 8 de abril de 2019. Cópia arquivada em 9 de abril de 2019. O palavrório é mais para iniciados do que iniciantes, salpicado de expressões como "andares ontológicos", "ternário", "anima vs. corpus". Não é exatamente o que espera um bolsonarista afeito ao Olavo das redes sociais, aquele que fala em "cu" e "piroca", que solta pílulas como esta aqui de quinta-feira (4): "Só quem se fode nas revoluções socialistas são os pobres. Os ricos vão para Nova York, Paris ou Londres". 
  11. Nicolazzi, Fernando (17 de janeiro de 2020). «Brasil Paralelo, uma empresa colaboracionista». Sul 21. Cópia arquivada em 18 de janeiro de 2020. Entre as pessoas físicas e jurídicas que se ocupam de espalhar a palavra de Olavo pelo país, encontra-se a produtora Brasil Paralelo. Como se sabe, a empresa é responsável pela criação de conteúdos de história que conciliam falsificação documental, distorções interpretativas, preconceito religioso, inverdades históricas e desonestidade intelectual. Não é difícil comprovar este argumento. 
  12. a b Filho, João (1 de março de 2020). «Todos nessa foto prometeram jamais receber dinheiro do governo. A maioria recebeu.». The Intercept. Consultado em 28 de maio de 2020. Cópia arquivada em 1 de março de 2020. Com Bolsonaro no poder, o Brasil Paralelo passou a ganhar muito espaço no MEC. A TV Escola, aquela que Bolsonaro pretendia fechar, tem transmitido o conteúdo do canal em sua programação. A série “Brasil: a última cruzada”, do Brasil Paralelo, foi transmitida na íntegra pela TV Escola. O bolsonarismo aparelhou uma emissora pública para divulgar revisionismo histórico de quinta categoria, sempre com o viés católico e reacionário ensinado por Olavo de Carvalho. 
  13. Buzalaf, Márcia Neme (2019). «A construção estereotipada do comunista na produção 1964 – o Brasil entre armas e livros» (PDF). In: Pelegrinelli, André Luiz Marcondes; Molina, Ana Heloisa; Silva, Gustavo do Nascimento. Anais do VII Encontro Nacional de Estudos da Imagem [e do] IV Encontro Internacional de Estudos da Imagem. Londrina: Universidade Estadual de Londrina. pp. 34–42. A utilização manipuladora de imagens fora de seus contextos, bem como o excesso de narração em off na condução do roteiro do filme, por si só são elementos que inviabilizam caracterizar 1964 como um documentário histórico. A falta de vínculos com entidades científicas de seus realizadores e entrevistados (que também podem ser considerados coprodutores, já que participam da estrutura do Brasil Paralelo) demonstra que a “caça aos comunistas” é uma construção estereotipada de um grupo sem nenhuma rigidez enquanto pesquisa acadêmica ou pesquisa documental, e que busca eternizar o mesmo discurso que antecedeu o golpe de 64. Um discurso retrógrado e que se propõe a ser revisionista quando, na verdade, se configura, de fato, como apenas mais uma propaganda política do mesmo temor que justificou atrocidades. 
  14. Villaça, Pablo (2019). 1964: Brasil - Entre Armas e Livros - Comentários. Consultado em 16 de maio de 2020 – via Youtube. ...e um ponto de vista ético me incomoda muito a posição de um documentário, por exemplo, que não só faz um revisionismo histórico terrível, e que é um revisionismo histórico tão sem, é tão sem base na realidade que eles são obrigados a manipular a realidade ou em alguns casos mentir... 
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  16. Fucs, José (2017). «Política Estadão - A maquina barulhenta da direita na internet». O Estado de S. Paulo. Consultado em 14 de setembro de 2018. Arquivado do original em 26 de março de 2017. Merece crédito também o site Brasil Paralelo, criado em 2016 por uma dupla de empreendedores de Porto Alegre, para produzir documentários em vídeo e contribuir para a melhoria da educação e da formação em política e história, sem o viés de esquerda que, na opinião deles, predomina nas escolas do País. Já colheram 88 depoimentos com influenciadores da direita e na semana passada lançaram um filme sobre o impeachment, como contraponto à versão produzida com apoio do PT, focado na ideia do “golpe”. 
  17. Gonçalves, Talita (2016). «Meio Desligado – Congresso Brasil Paralelo: a direita acordou». Gazeta do Triângulo. Cópia arquivada em 12 de junho de 2018. A programação ainda não foi definida, mas salvo algumas exceções, o “line up” dos palestrantes confirmados é de encher os olhos: Olavo de Carvalho, Luiz Felipe Pondé, Hélio Beltrão, Rodrigo Gurgel, Felipe Moura Brasil, Janaína Paschoal, Gilmar Mendes, Alexandre Borges. 
  18. Saldaña, Paulo (9 de dezembro de 2019). «TV ligada ao MEC vai exibir série sobre história com visão de direita». Folha de S.Paulo. Cópia arquivada em 29 de dezembro de 2019. No documentário, a história é narrada de forma a engrandecer o papel da Igreja Católica e da fé na empreitada de Portugal na chegada ao território que seria o Brasil. O genocídio indígena e a história dos negros escravizados são minimizados. 
  19. «Brasil Paralelo: O Brasil que a TV não mostra.». Congresso Brasil Paralelo. 2016. Arquivado do original em 14 de setembro de 2018. O projeto Brasil Paralelo é uma das principais iniciativas da mídia independente do Brasil no ano de 2016, no que diz respeito ao volume de material e busca por vozes que sejam relevantes no atual cenário. 
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  21. Silva, Cedê (9 de dezembro de 2019). «Exclusivo: contrato da TV Escola com Brasil Paralelo é de três anos». O Antagonista. Consultado em 27 de setembro de 2020 
  22. Dia, O. (10 de dezembro de 2019). «TV ligada ao MEC exibirá série histórica com Olavo de Carvalho». O Dia - Brasil. Consultado em 30 de outubro de 2020 
  23. «Criticada por Bolsonaro por ser 'de esquerda', TV Escola exibiu documentário com Olavo de Carvalho». O Globo. 16 de dezembro de 2019. Consultado em 30 de outubro de 2020 
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