Vício em mídias sociais

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O vício em mídias sociais é uma condição médica causada pelo uso excessivo de mídias sociais.[1] Na opinião de especialistas a nível mundial, nomeadamente o professor Dimitri Christiakis, editor da revista médica JAMA Pediatrics, "enquanto ainda não foi oficialmente estabelecido dentro de um quadro psicopatológico, têm crescido tanto em prevalência quanto na consciência pública como sendo uma condição potencialmente problemática com muitos relações paralelas à desordens reconhecidas e existentes", e pode ser "uma epidemia do século XXI".[2] Ele também afirma que "estamos em meio a uma espécie de experimento natural e incontrolado sob a próxima geração de crianças".[3] O diagnóstico de vício em mídias sociais não é reconhecido pelo Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. No entanto, um consenso de especialistas em Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é de que a consequência não intencional das mídias sociais para algumas pessoas foi uma perturbação do neurodesenvolvimento na infância e adolescência.[4][5] Isto é especialmente notável em crianças que possuem risco genético para TDAH.[6]

Em todo o mundo, os especialistas em medicina estão a trabalhar sob uma perspectiva científica. Em dezembro de 2018, os Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos em dezembro de 2018, completaram o alistamento de 11 834 jovens em um grande estudo de neuroimagem, que irá analisar diversos fatores no desenvolvimento infantil, incluindo efeitos causados pelo tempo gasto em frente à telas digitais.[7] As mídias sociais têm, de forma muitas vezes não intencional, frequentemente alterado a formas com que as crianças pensam, interagem e se desenvolvem, por vezes positivamente, e em outras muito negativamente. Enquanto que problemas de saúde mental têm ocorrido ao longo da história humana, os cientistas não possuem certeza de como as mídias sociais se relacionam diretamente aos resultados de saúde mental atuais. Tais resultados mostram dependência do indivíduo e da plataforma de mídia social utilizada.[8] Há uma correlação comprovada entre os diagnósticos de dependência crônica de internet e TDAH.[9][10]

Aqueles que possuem tendência ao TDAH estão em risco de desenvolver outras condições neuropsiquiátricas quando não tratados, especialmente em estabelecer privação crônica de sono.[11]

Contexto[editar | editar código-fonte]

As mídias sociais podem causar vício.

As mídias sociais começaram em 1997 com o SixDegrees.com, o qual considera que qualquer pessoa no mundo pode ser conectada com seis graus de separação. 100 milhões de pessoas tinham acesso à internet no ano 2000, e MySpace foi a primeira rede social largamente utilizada. O Facebook foi fundado em 2004 e possuía 2,27 bilhões de usuários ativos em 2018. O Facebook também possui as plataformas de mídia social do Instagram e Whatsapp.[12]

O vício em internet têm sido reconhecido como uma desordem há vários anos, especialmente na China e na Coreia do Sul. A maior parte dos pesquisadores deste campo de estudo analisaram sob a perspectiva de vício por jogos eletrônicos em vez de mídias sociais.[13]

Alguns cientistas médicos têm mostrado que pessoas do sexo feminino possuem maior tendência de desenvolver o vício em mídias sociais do que pessoas do sexo masculino.[14] Garotas e mulheres são, em geral, menos propensas a serem diagnosticadas com TDAH.[15]

O transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) é uma desordem do neurodesenvolvimento que permite à profissionais de saúde realizarem um tratamento individual. São conhecidas algumas sobreposições entre os vícios de jogos eletrônicos e mídias sociais e TDAH.[16]

Neurodesenvolvimento[editar | editar código-fonte]

Desde a infância até pelo menos aos 20 anos de idade, usando o processo de neurogênese e neurólise, os humanos eliminam bilhões de neurônios em seus cérebros à medida que aprendem e desenvolvem conexões. [17] Atualmente, existe uma teoria de que as mídias sociais para pessoas sensíveis podem afetar esse processo.[18] Isso pode ser manifestado por sintomas de TDAH, que incluem desregulagem emocional, incapacidade de concentração, hiperatividade e agitação.

O TDAH é tratado de forma individual, dependendo da pessoa e outras doenças, muitas vezes com sucesso, sem qualquer medicação; continuando na vida adulta para muitos. Há uma teoria evolucionista de que os genes responsáveis pelo TDAH possuiam anteriormente funções adaptativas e de que muitas pessoas apresentam problemas semelhantes.[19][20] As mídias sociais parecem ter exacerbado esses problemas de forma que todas as pessoas jovens com algum risco de vício de origem genética estejam agora em elevados riscos de dependência de qualquer objeto/estimulante.[21]

Estratégias[editar | editar código-fonte]

O Facebook e outras companhias têm estado sob muitas críticas nos últimos anos.[22] Embora estas teorias tenham sido controversas por um bom tempo, muitas pessoas irão dedicar trabalho a este tema.[23][24][25][26][27][28][29][30][31][32]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «Teens who use digital media are more likely to develop ADHD». Essential Kids (em inglês) 
  2. «Internet addiction: a 21stcentury epidemic?». BMC Medicine. 8. ISSN 1741-7015. PMC 2972229Acessível livremente. PMID 20955578. doi:10.1186/1741-7015-8-61 
  3. «Groundbreaking study examines effects of screen time on kids». www.cbsnews.com (em inglês) 
  4. «Social Network and Addiction». Studies in health technology and informatics 
  5. «Why is synaptic pruning important for the developing brain?». Scientific American Mind. 28. ISSN 1555-2284. doi:10.1038/scientificamericanmind0517-75 
  6. «The relationship between addictive use of social media and video games and symptoms of psychiatric disorders: A large-scale cross-sectional study.». Psychology of Addictive Behaviours 
  7. «ABCD study completes enrollment, announces opportunities for scientific engagement». National Institutes of Health (NIH) (em inglês) 
  8. «A new study links teens' screentime with symptoms of ADHD». Quartz 
  9. «The association between attention deficit/hyperactivity disorder and internet addiction: a systematic review and meta-analysis». BMC Psychiatry. 17. ISSN 1471-244X. PMC 5517818Acessível livremente. PMID 28724403. doi:10.1186/s12888-017-1408-x 
  10. «Should DSM-V Designate "Internet Addiction" a Mental Disorder?». Psychiatry (Edgmont). 6. ISSN 1550-5952. PMC 2719452Acessível livremente. PMID 19724746 
  11. «Is ADHD really a sleep problem?» (PDF). www.ecnp.eu 
  12. «The History of Social Media: Social Networking Evolution!». History Cooperative (em inglês). 16 de junho de 2015. Consultado em 12 de dezembro de 2018 
  13. Young, Kimberley. «Internet addiction: the emergence of a new clinical disorder» (PDF). www.netaddiction.com. Consultado em 12 de dezembro de 2018 
  14. «Modeling habitual and addictive smartphone behavior: The role of smartphone usage types, emotional intelligence, social stress, self-regulation, age, and gender». Computers in Human Behavior (em inglês). 45: 411–420. 1 de abril de 2015. ISSN 0747-5632. doi:10.1016/j.chb.2014.12.039 
  15. Rucklidge, Julia. «Gender differences in ADHD: implications for psychosocial treatments». www.tandfonline.com. doi:10.1586/14737175.8.4.643. Consultado em 11 de dezembro de 2018 
  16. Swingle, Mari (14 de junho de 2016). i-Minds: How Cell Phones, Computers, Gaming, and Social Media are Changing our Brains, our Behavior, and the Evolution of our Species (em inglês). [S.l.]: New Society Publishers. ISBN 9780865718258 
  17. Noggle, Chad A.; Santos, Edalmarys (2011), «Synaptic Pruning», Springer, Boston, MA, Encyclopedia of Child Behavior and Development (em inglês), pp. 1464–1465, doi:10.1007/978-0-387-79061-9_2856, consultado em 12 de dezembro de 2018 
  18. «SAGE Journals: Your gateway to world-class journal research». SAGE Journals (em inglês). doi:10.1177/1073858415595005. Consultado em 12 de dezembro de 2018 
  19. «Canadian ADHD Practice Guidelines» (PDF). caddra.ca. Consultado em 12 de dezembro de 2018 
  20. ADHD and the Edison Gene (em inglês). [S.l.: s.n.] 5 de outubro de 2015. ISBN 9781620555064 
  21. Sung, Jisun; Lee, Jungkwon; Noh, Hye-Mi; Park, Yong Soon; Ahn, Eun Ju. «Associations between the Risk of Internet Addiction and Problem Behaviors among Korean Adolescents». Korean Journal of Family Medicine. 34 (2): 115–122. ISSN 2005-6443. PMC 3611099Acessível livremente. PMID 23560210. doi:10.4082/kjfm.2013.34.2.115 
  22. «Can Mark Zuckerberg Fix Facebook before it breaks Democracy?». New Yorker. Consultado em 11 de dezembro de 2018 
  23. «Here's every word of Kanye West's bizarre meeting with President Trump». USA TODAY (em inglês). Consultado em 12 de dezembro de 2018 
  24. Ellen, Barbara (14 de outubro de 2018). «Kanye West needs care, not being put in front of the cameras | Barbara Ellen». The Guardian (em inglês). ISSN 0261-3077. Consultado em 12 de dezembro de 2018 
  25. Leve, Ariel (15 de outubro de 2018). «Gaslighting: is an apology necessary to heal after you've been abused?». The Guardian (em inglês). ISSN 0261-3077. Consultado em 12 de dezembro de 2018 
  26. «Orchard v Medical Board of Australia (Review and Regulation) [2013] VCAT 1729». Victorian Civil and Administrative Tribunal. 17 de outubro de 2013. Consultado em 12 de dezembro de 2018 
  27. Physicians, The Royal Australasian College of, The Royal Australasian College of Physicians, The Royal Australasian College of Physicians, consultado em 12 de dezembro de 2018 
  28. «Adult ADHD - practice guidelines | RANZCP». www.ranzcp.org. Consultado em 12 de dezembro de 2018 
  29. «Public Submissions | NHMRC Public Consultations». consultations.nhmrc.gov.au. Consultado em 12 de dezembro de 2018 
  30. Practitioners, The Royal Australian College of General. «RACGP - ADHD guidelines – flaws in the literature and the need to scrutinise the evidence». www.racgp.org.au (em inglês). Consultado em 12 de dezembro de 2018 
  31. «Clinical Practice Points on the Diagnosis, Assessment and Management of ADHD in Children and Adolescents submission | NHMRC Public Consultations». consultations.nhmrc.gov.au. Consultado em 12 de dezembro de 2018 
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