Vologases V

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado de Vologases II da Arménia)
 Nota: Para outros significados, veja Vologases.
Vologases V
Xainxá
Vologases V
Dracma de Vologases V cunhado em Ecbátana
Rei da Armênia
Reinado 180-191
Antecessor(a) Soemo
Sucessor(a) Cosroes I
Xá do Império Arsácida
Reinado 191-208
Predecessor(a) Vologases IV
Sucessor(a) Vologases VI
 
Nascimento século II
Morte 208
Descendência
Dinastia arsácida
Pai Vologases IV
Religião Zoroastrismo

Vologases V (em parta: 𐭅𐭋𐭂𐭔; romaniz.: Walagaš) foi xainxá do Império Arsácida de 191 a 208. Como rei da Armênia (r. 180–191), é conhecido como Vologases II. Não se sabe muito sobre seu reinado da Armênia, exceto que colocou seu filho Reve I (r. 186–216) no trono ibérico em 189. Vologases sucedeu a seu pai Vologases IV como xá do Império Arsácida em 191; é incerto se a transição de poder foi pacífica ou se Vologases assumiu o trono numa guerra civil. Quando Vologases ascendeu ao trono parta, passou o trono armênio ao seu filho Cosroes I (r. 191–217). O reinado de Vologases foi marcado pela guerra com o Império Romano, que durou de 195 a 202, resultando na breve captura da capital parta, Ctesifonte, e na reafirmação do domínio romano na Armênia e no norte da Mesopotâmia. Ao mesmo tempo, ocorreu um conflito interno no Império Arsácida, com o príncipe persa local Pabeco tomando Estacar, a capital da região sul iraniana de Pérsis.

Nome[editar | editar código-fonte]

Vologases é a forma grega e latina do parta Walagaš (𐭅𐭋𐭂𐭔). O nome também é atestado no persa novo como Balāš e no persa médio como Wardāḫš (também escrito Walāḫš). A etimologia do nome não é clara, embora Ferdinand Justi proponha que Walagaš, a primeira forma do nome, seja um composto das palavras "força" (varəda) e "bonito" (gaš ou geš em persa moderno).[1]

Vida[editar | editar código-fonte]

Rei da Armênia[editar | editar código-fonte]

Áureo de Sétimo Severo (r. 193–211)
Dracma de Artaxes I e Pabeco

Durante a infância de Vologases, se tornou governante da Armênia, sucedendo a Soemo.[2][3][4] Ao longo dos séculos I e II, o trono armênio era geralmente ocupado por um parente próximo do xainxá parta, que detinha o título de "grão-rei da Armênia".[5][a] Ao contrário dos oito príncipes arsácidas anteriores que governaram a Armênia, Vologases foi capaz de garantir que seus descendentes governassem no trono armênio; governariam o país até a abolição do trono armênio pelos sassânidas em 428.[2] Em 189, também impôs seu filho Reve I (cuja mãe era irmã do rei farnabázida Amazaspo II) no trono ibérico.[6] Seus descendentes governariam a Ibéria até 284, quando foram substituídos por outra família parta, os mirrânidas.[7]

Rei do Império Arsácida[editar | editar código-fonte]

Em 191, após a morte de seu pai Vologases IV, Vologases ascendeu ao trono parta e passou o trono armênio para seu filho Cosroes I (r. 191–217).[2][3] Não se sabe se a transição de poder foi pacífica ou marcada por uma guerra civil.[1][8] Sua reivindicação ao trono, porém, não foi incontestada; um rei rival, Osroes II (190), estabeleceu-se na Média antes mesmo da morte de Vologases IV, mas Vologases parece tê-lo rapidamente derrubado.[9]

Vologases apoiou o imperador Pescênio Níger (r. 193–194) em sua luta pelo trono romano contra o imperador Sétimo Severo (r. 193–211) em 192–193, durante o Ano dos cinco imperadores. Além disso, também interveio nos assuntos dos Estados vassalos romanos no norte da Mesopotâmia – Adiabena e Osroena. Por causa disso, Sétimo Severo, que saiu vitorioso da luta, atacou o Império Arsácida em 195. Severo avançou à Mesopotâmia, fez de Osroena uma província romana e capturou a capital parta, Ctesifonte, em 199.[1][10] Ao mesmo tempo, ocorriam revoltas nas províncias partas da Média e Pérsis.[11] Sétimo Severo agora se autoproclamava Pártico Máximo ("grande vencedor na Pártia"). Foi, porém, incapaz de manter suas conquistas, devido à falta de alimentos e reforços. Como resultado, retirou suas forças; durante a sua retirada, tentou em vão conquistar a fortaleza árabe de Hatra duas vezes, retirando posteriormente as suas forças à Síria.[1]

Em 202, a paz foi restaurada, reafirmando o domínio romano na Armênia e no norte da Mesopotâmia.[10] Mas, nas palavras do iranólogo Touraj Daryaee, “a dinastia [havia] perdido muito do seu prestígio” e atingiu um “ponto de viragem”. Os reis de Pérsis eram agora incapazes de depender dos seus enfraquecidos senhores arsácidas. Na verdade, em 205/6, Pabeco, um governante local em Pérsis, rebelou-se e derrubou o seu senhor Gochir, tomando para si a capital da Pérsia, Estacar.[11][12] Seu filho Artaxes I continuaria suas conquistas, derrubando o Império Arsácida e estabelecendo o Império Sassânida em 224.[13] Vologases morreu em 208, sucedido por seu filho Vologases VI (r. 208–228), porém outro filho, Artabano IV (r. 216–224), tentou tomar o trono alguns anos depois, resultando em uma guerra civil.[1][14]

Notas[editar | editar código-fonte]

[a] ^ De acordo com Agatângelo, historiador armênio do século V, o rei da Armênia ocupava a segunda posição no Império Arsácida, abaixo apenas do xá.[15] No entanto, o historiador moderno Lee E. Patterson sugere que Agatângelo pode ter exagerado a importância da sua terra natal.[16]
  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Vologases V», especificamente desta versão.

Referências

  1. a b c d e Chaumont 1988, p. 574–580.
  2. a b c Toumanoff 1986, p. 543–546.
  3. a b Patterson 2013, p. 180–181.
  4. Russell 1987, p. 161.
  5. Lang 1983, p. 517.
  6. Rapp 2014, p. 240.
  7. Rapp 2017, p. 240.
  8. Patterson 2013, p. 181 (ver nota 18).
  9. Sellwood 1983, p. 297.
  10. a b Dąbrowa 2012, p. 177.
  11. a b Daryaee 2010, p. 249.
  12. Dąbrowa 2012, p. 187.
  13. Daryaee 2012, p. 187.
  14. Patterson 2013, p. 177.
  15. Patterson 2013, p. 180, 188.
  16. Patterson 2013, p. 188.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Chaumont, M. L.; Schippmann, K. (1988). «Balāš VI». Enciclopédia Irânica, Vol. III, Fasc. 6. Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Colúmbia. pp. 574–580 
  • Dąbrowa, Edward (2012). «The Arsacid Empire». In: Daryaee, Touraj. The Oxford Handbook of Iranian History. Oxônia: Oxford University Press. ISBN 978-0-19-987575-7 
  • Daryaee, Touraj (2010). «Ardashir and the Sasanians' Rise to Power». Universidade da Califórnia. Anabasis: 236–255 
  • Daryaee, Touraj (2012). «The Sasanian Empire (224–651)». In: Daryaee, Touraj. The Oxford Handbook of Iranian History. Oxônia: Oxford University Press. ISBN 978-0199732159 
  • Lang, David M. (1983). «Iran, Armenia and Georgia». In: Yarshater, Ehsan. The Cambridge History of Iran, Volume 3(1): The Seleucid, Parthian and Sasanian Periods. Cambridge: Cambridge University Press. pp. 512–537. ISBN 0-521-20092-X 
  • Rapp, Stephen H. (2014). The Sasanian World through Georgian Eyes: Caucasia and the Iranian Commonwealth in Late Antique Georgian Literature. Farnham: Ashgate Publishing, Ltd. ISBN 978-1472425522 
  • Rapp, Stephen H. (2017). «Georgia before the Mongols (2017)». Oxford Research Encyclopedia of Asian History. Oxônia: Oxford University Press. pp. 1–39 
  • Russell, James R. (1987). Zoroastrianism in Armenia. Cambridge: Harvard University Press. ISBN 978-0674968509 
  • Sellwood, David (1983). «Parthian Coins». In: Yarshater, Ehsan. The Cambridge History of Iran, Volume 3(1): The Seleucid, Parthian and Sasanian Periods. Cambridge: Cambridge University Press. pp. 279–298. ISBN 0-521-20092-X 
  • Toumanoff, Cyril (1986). «Arsacids vii. The Arsacid dynasty of Armenia». In: Yarshater, Ehsan. Encyclopædia Iranica, Volume II/5: Armenia and Iran IV–Art in Iran I. Londres e Nova Iorque: Routledge & Kegan Paul. pp. 543–546. ISBN 978-0-71009-105-5