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As publicações genealógicas e sites genealógicos, na Net, como fontes (24dez2011)

Por fim, descobri donde vem toda uma série de informações que induzem em em erro pessoas mais crédulas. Não vale a pena estar com muitas explicações, pois este caso é exemplar: Miguel de Castela e Leão.

O que é que sucede? Estas publicações e sites, digamos assim, não fazem afirmações meramente gratuitas, sem qualquer base, e vão geralmente buscar o que afirmam a qualquer lado, ou seja, a determinados autores. Retenha-se um dado fundamental: elas são fontes terciárias. Como tais fontes que são, geralmente não se preocupam muito com o estudo da veracidade das informações ou com o seu grau de aceitação entre os especialistas (comunidade académica, genealogistas reputados, etc). Daí resultarem coisas como o acima mencionado "Miguelito".

Moral da História, estas publicações e sites não podem ser tomadas, à partida, como fontes privilegiadas de informação, a não ser que tal informação seja redigida por especialistas conceituados (a mero título de exemplo, Abranches de Soveral edita verbetes na ROGLO, com todas as indicações da praxe sobre onde recolheu e baseia as informações que edita, etc), mas mesmo em tal caso a informação deve ser cotejada, investigando se não haverá outras opiniões também elas fundadas.

Estas fontes terciárias, além de nos terem dado o Miguelito, príncipe da coroa portuguesa, também nos deram, por exemplo, o "rei" António, Prior do Crato, e a "Rainha" Beatriz. Nestes dois últimos casos, o que sucedeu é que estas fontes promoveram corrente historiográficas minoritárias a excelsos portadores da verdade histórica, ao arrepio de toda a restante informação. E no caso do Miguelito, hão-de ter agarrado em textos de Salvador Dias Arnaut e de outros autores, porventura espanhóis, sem mais preocupações.

Parece que o princípio primeiro vigente para essa "malta" é este: se alguém com algum renome afirmar alguma coisa sobre alguém, toca a pô-lo a ter existido, toca a entronizá-lo, etc.

Peço aos nossos genealogistas para terem cuidado com isto, e o melhor é não se fiarem também nas meras referências bibliográficas gerais, ou seja, não tão-só as copiarem, mas procurarem os respectivos livrinhos (muitos estão na Net, e acho que para além de Abranches, também Pizarro, outro genealogista português conceituado, tem coisas editadas na Net) e lerem o que lá vem. Por exemplo, Olivera Serrano diz uma série de disparates sobre Faria y Sousa e Barbosa a propósito de um hipotético irmão do hipotético Miguelito, quando na realidade aqueles dois passados genealogistas não estavam a falar de nenhum hipotético segundo filho de Beatriz e Juan I de Castela, mas sim dos dois filhos varões falecidos em tenra idade de Leonor Teles e D. Fernando I! Se tivesse ido ler, às suas obras, o que eles lá escreveram, escusava de ter escrito essas asneiras, mas como se fiou, provavelmente, no que antes dele alguém disse, escreveu-as. Refiro isto apenas como mais um exemplo para os cuidados que em Genealogia se deve ter. É que nela há duas: a vulgar e a científica, esta última ciência auxiliar da história.

O meu apelo é no sentido de que promovamos a científica (calorosos parabéns e saudações ao nosso "pessoal" que tem feito verbetes com base em Baquero Moreno, etc), e não sejamos "vulgaróides".

Abraço para todos, Jorge alo (discussão) 16h13min de 24 de dezembro de 2011 (UTC)[responder]