Economia exponencial

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Economia exponencial[1][2] [3]é uma teoria que analisa a influência e o impacto de tecnologias exponenciais[4], como inteligência artificial, biotecnologia, internet das coisas e blockchain[5][6], no desenvolvimento econômico mundial. Assim como suas consequências no mercado de trabalho, na distribuição de renda e nas relações de negócios[7]. É fundamentada pela equação de crescimento econômico exponencial criada por Eduardo Ibrahim[8][9], faculty global da Singularity University[10] no livro "Economia Exponencial: Da disrupção à abundância em um mundo repleto de máquinas"[11].

Contexto[editar | editar código-fonte]

Modelos de crescimento econômico buscam explicar a geração de recursos através da relação entre fatores de produção. O modelo de crescimento neoclássico está na raiz dos sistemas econômicos contemporâneos[12], e uma das maiores críticas a ele é sobre o tratamento do progresso tecnológico (inovação) como variável exógena (externa ao modelo). Esse fato faz com que a produção seja dependente de capital e trabalho, e a tecnologia usada no modelo seja apenas uma variável de incremento da produtividade do trabalho, por isso ela também é chamada de conhecimento ou eficiência do trabalho.

Com o avanço exponencial da tecnologia, é possível observar autoincrementos da produção e uma consequente relação inversamente proporcional ao capital e trabalho. Ou seja, quanto maior for o uso de tecnologia exponencial menor será a necessidade de capital e trabalho, fazendo com que essa tecnologia se torne o fator determinante da produção[13]. Os movimentos de digitalização, hiperautomatização e convergência tecnológica têm criado frequentes disrupções de mercados, colocando em risco países e empresas que adotaram o modelo neoclássico de crescimento e distribuição de renda[14].

Nesse contexto é importante diferenciar tecnologia exponencial da tecnologia usada nos modelos neoclássicos. As tecnologias exponenciais podem criar dispositivos inteligentes capazes de produzir e inovar sem a necessidade de aumento de capital ou trabalho (autoincremento da produção) e crescem a taxas observadas pela Lei de Moore ou outras escalas de crescimento exponencial, podendo fazer com que, no longo prazo, o crescimento seja mantido exclusivamente através de tecnologia.

Implicações[editar | editar código-fonte]

Os modelos neoclássicos podem ser derivados ou sofrer variações para incluir mais ou menos o progresso tecnológico na sua função de produção. Entretanto, assim como na história do pensamento econômico, o trabalho e o capital se mantêm como pressupostos para o incentivo à produção e distribuição de renda. Em vista disso, durante os momentos de avanço tecnológico acelerado, períodos de desemprego estrutural e consequentes crises econômicas podem acontecer até que os trabalhadores sejam readequados aos novos empregos de base tecnológica e a renda possa ser novamente redistribuída através de salários.

Como as tecnologias exponenciais aumentam a produção e diminuem a necessidade de capital e trabalho, é natural que empresas e países com capacidade de investimento se tornem detentoras dessas tecnologias e se distanciem dos demais em termos de produção de riquezas. Embora o modelo de crescimento econômico exponencial não seja formalmente adotado, ele já acontece através de investimentos massivos em tecnologias[15] com poder de autoprodução como a inteligência artificial.

Vale observar que o uso de tecnologias exponenciais em um modelo neoclássico e sua consequente diminuição da necessidade de trabalho pode gerar um círculo vicioso de acumulação e represamento de capital em empresas detentoras de tecnologia exponenciais, aumentando as assimetrias de renda no mundo. Isso pode gerar desemprego estrutural por períodos maiores, comprometendo a distribuição de renda e o bem-estar econômico dos trabalhadores, que em última instância são a massa de consumidores da produção dos países.

Contudo, o avanço tecnológico cria novo arcabouço de ferramentas econômicas capaz de diminuir o impacto da irracionalidade dos agentes[16], mostrando caminhos alternativos à economia política em direção a uma economia de base tecnológica e científica, orquestrada[17] e gerenciada com mais precisão pelo uso intensivo de tecnologias exponenciais como blockchain e inteligência artificial, que começam a fazer parte integral das cadeias produtivas globais.

Veja também[editar | editar código-fonte]


Referências

  1. Ibrahim, Eduardo (2021). Economia Exponencial. [S.l.]: Alta Books. 240 páginas. ISBN 9786555208085 
  2. Forbes, Redação (20 de junho de 2022). «Mindset Exponencial». Forbes 
  3. Ibrahim, Eduardo (29 de março de 2022). «A Economia se tornou Exponencial». Época Negócios 
  4. Verre, Caroline. «Tecnologias Exponenciais: O que são, como aplicar e exemplos.». Singularity University Brazil 
  5. Smolenski, Natalie (1º de janeiro de 2018). «Blockchain: A evolução da confiança em uma Economia Digital». Scientific American 
  6. Ulieru, Mihaela (23 de junho de 2016). «Como a Blockchain pode mudar a Economia do mundo». World Economic Forum 
  7. Ibrahim, Eduardo (14 de janeiro de 2023). «Como a singularidade econômica muda o futuro do trabalho». Revista HSM Management 
  8. «Eduardo Ibrahim». Singularity University 
  9. Machado, Leonardo (20 de dezembro de 2021). «Inovação - Economia Exponencial». Jornal do Comércio 
  10. «Singularity Expert: Exponential Economics and Artificial Intelligence». Singularity University Global. Consultado em 26 de fevereiro de 2023 
  11. IBRAHIM, EDUARDO (2021). Economia Exponencial: Da disrupção à abundância em um mundo repleto de máquinas. [S.l.]: AltaBooks. ISBN 978-6555208085 
  12. G. A., DANEKE (2020). Machina-economicus or homo-complexicus: Artificial intelligence and the future of economics? (PDF) (Tese) 
  13. S.R.,B.P.M., MARIN,FERNANDEZ (2018). Rethinking Economic Methodology: Complexity, Agent-based models (ABMs) and Individuals. (PDF) (Tese) 
  14. S., SAKAKI (2019). Equality in Income and Sustainability in Economic Growth: Agent-Based Simulations on OECD Data. (Tese) 
  15. J.D., FARMER (2012). Economics needs to treat the economy as a complex system (PDF) (Tese) 
  16. H., SIMON (1972). Theories of Bounded Rationality. Decision And Organization (pp. 161-176) (PDF) (Tese) 
  17. F.C.,L.C., SOUZA,REGO (2013). Collaborative dominance: when doing unto others as you would have them do unto you is reasonable. (Tese)