Hidráulica Moinhos de Vento

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Hidráulica Moinhos de Vento
Hidráulica Moinhos de Vento
Tipo Público
Estilo dominante Eclético
Início da construção 1927
Inauguração 1928
Geografia
País Brasil
Localidade Avenida 24 de Outubro s/nº, Moinhos de Vento, Porto Alegre, RS
Coordenadas 30° 01' 39" S 51° 12' 20" O

A Hidráulica Moinhos de Vento é um dos equipamentos do Departamento Municipal de Água e Esgotos (DMAE), um órgão da Prefeitura de Porto Alegre, capital do estado brasileiro do Rio Grande do Sul, e sede da sua Diretoria Geral.[1] Seu prédio histórico foi incluído na lista de bens tombados e inventariados do município.[2]

Apesar de ainda ser designada pelo antigo nome pela população, sua denominação oficial é Estação de Tratamento de Água Moinhos de Vento. Encontra-se situada no bairro Moinhos de Vento.

História[editar | editar código-fonte]

A origem da Hidráulica Moinhos de Vento está ligada ao processo de modernização do abastecimento de água em Porto Alegre ocorrido a partir de fins do século XIX, que foi liderado pela iniciativa privada sob a supervisão do município. Em 1885 foi autorizada a criação da Companhia Hidráulica Guaibense (Hydráulica Guaybense na grafia da época), para explorar os serviços de abastecimento domiciliar de água, coletada do lago Guaíba e distribuída sem tratamento. A empresa foi fundada em 1886 e começou a operar em 1891, atendendo a 1.065 residências.[3]

Os tanques da Hidráulica Guaibense em 1890

Em 1899 a companhia construiu um reservatório nos altos da região conhecida como Moinhos de Vento, ainda pouco urbanizada, com capacidade para abastecer 90 mil clientes. O local foi ajardinado e se tornou uma área de lazer para a população, passando a ser conhecido como Caixa d'Água.[4]

Em 1 de outubro de 1904, durante o mandato do intendente José Montaury, a companhia foi comprada pela municipalidade pelo valor de 423 contos de réis, sendo rebatizada como Seção de Hidráulica Municipal.[5] O reservatório dos Moinhos de Vento foi ampliado,[3] e em 1907 começou a operar a estação de tratamento da água, projetada pelo francês Jules Villain.[6]

Em 1920 foi contratada uma empresa norte-americana, Ulen and Company, para uma reforma e modernização das instalações de tratamento. O projeto do atual complexo foi aprovado em 27 de agosto de 1920, elaborado por Cristiano de La Paix Gelbert em estilo eclético, com a engenharia a cargo de Charles Lusk, e as obras ficaram sob a responsabilidade de Theo Wiedersphan. O projeto aproveitou os reservatórios já existentes e construiu mais um, acrescentou um torreão central no prédio principal para receber um laboratório de controle da qualidade da água, e construiu um outro prédio para tratamento químico. Também foi projetada uma reforma e embelezamento dos jardins, inspirados no paisagismo do Palácio de Versalhes.[4][6] Entre 1927 e 1928 foram construídas uma caixa d'água metálica elevada para a água destinada à lavagem dos filtros e a Torre Elevatória. O complexo foi inaugurado oficialmente em 15 de novembro de 1928 pelo intendente Alberto Bins, recebendo o nome de Hidráulica Moinhos de Vento.[6]

A Torre Elevatória

Em relatório de 1929 o intendente assinalou que a estética da Torre Elevatória não se harmonizava com a dos outros edifícios, cabendo então à Comissão de Obras Novas estudar uma adaptação. O projeto foi assinado por Gelbert, que acrescentou também estátuas, chafariz e escadarias nos jardins, um pórtico na entrada e um chaminé ornamentado para exaustão da fumaça dos motores de bombeamento da Casa de Filtros. As obras foram executadas pela Ulen and Company e entregues em 1930.[7]

A Hidráulica, com seus aprazíveis jardins, foi um dos fatores que impulsionaram a valorização e urbanização da região. Com a criação do Departamento Municipal de Água e Esgotos em 1961, a Hidráulica Moinhos de Vento foi incorporada aos seus equipamentos,[4] sediando a sua Diretoria Geral.[1] Em 1969 a Torre Elevatória foi desativada.[8]

Os Afluentes do Guaíba nos jardins da Hidráulica

Desde 15 de dezembro de 1986, nas comemorações do aniversário de 25 anos do DMAE, a Hidráulica abriga o Centro Histórico-Cultural Antônio Klinger Filho,[4] que promove atividades diversificadas como saraus e palestras e conta com uma galeria de arte e um acervo com mais de 200 obras. O caráter histórico das edificações propicia atividades de educação patrimonial,[9] estando desde 2012 incluídas no roteiro da Linha Turismo mantida pela Prefeitura,[8] e desde 2013 incluídas na lista de bens tombados e inventariados do município.[2]

Em 2014 o chafariz nos jardins passou a abrigar o conjunto de estátuas conhecido como Os Afluentes do Guaíba, originalmente parte de uma imponente fonte pública instalada na Praça da Matriz em 1867 e depois levadas, já sem as bacias, para a Praça Dom Sebastião.[10] O processo de transferência incluiu limpeza e recuperação das estátuas, que haviam sofrido muito vandalismo enquanto estiveram na Praça Dom Sebastião, mas as partes faltantes não foram recriadas.[11][12]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b "Alunos da Ufrgs conhecem a Estação Moinhos de Vento". Prefeitura de Porto Alegre, consulta em 13 de maio de 2024
  2. a b "Lista bens Tombados e Inventariados em Porto Alegre". Prefeitura de Porto Alegre, outubro de 2013, p.42
  3. a b Franco, Sérgio da Costa. Porto Alegre: Guia Histórico. Porto Alegre: EDIUFRGS, 2006, pp. 15-19
  4. a b c d Teixeira, Paulo César. "Conheça a história dos jardins da Hidráulica Moinhos de Vento, ponto de turismo e lazer que respira história e arquitetura". Zero Hora, 3 de janeiro de 2024
  5. Lopes, Marília Karoline Lopes. Análise diplomática dos projetos da modernização da estação de tratamento da Hidráulica Moinhos de Vento. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2011, p. 16
  6. a b c Lopes, pp. 42-46
  7. Festugato, Taísa. A arquitetura de Christiano de la Paix Gelbert em Porto Alegre (1925-1953). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2012, pp. 50-53
  8. a b Simon, Gilberto. "Hidráulica Moinhos de Vento integra roteiro do Linha Turismo". Porto Imagem, 14 de maio de 2012
  9. Storck, Thiago Buzatto & Bem, Judite Sanson de. "Educação e suas interfaces com o patrimônio: um relato de experiência de aulas realizadas no DMAE de Porto Alegre". In: Graeff, Lucas & Constante, Robson da Silva (orgs.). Educação para as artes, para as culturas e para o patrimônio, volume 1. Editora Unilasalle, 2020, pp. 107-111
  10. "Obra Afluentes do Guaíba é reinaugurada no Moinhos". Jornal do Comércio, 16 de dezembro de 2014
  11. Ruas, Marco Aurélio. "Monumentos antigos de Porto Alegre serão limpos no final de semana". Correio do Povo, 23 de outubro de 2014
  12. "Pedaços desaparecidos do monumento mais antigo de Porto Alegre podem estar na Redenção". Zero Hora, 8 de outubro de 2014

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Hidráulica Moinhos de Vento