Luca Comério

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Luca Comério
Luca Comério
Nascimento 19 de novembro de 1878
Milão
Morte 5 de julho de 1940 (61 anos)
Mombello
Sepultamento Cemitério Monumental de Milão
Cidadania Reino de Itália
Ocupação produtor cinematográfico, diretor de cinema, fotógrafo, cinegrafista

Luca Fortunato Comério (em italiano: Luca Fortunato Comerio) (Milão, 19 de novembro de 1878-5 de julho de 1940 (61 anos)) foi um fotógrafo e cineasta italiano, pioneiro do documentário e da indústria cinematográfica na Itália. Além disso, foi também o fotógrafo oficial da Casa Real Italiana, na época do reinado de Vittorio Emanuele III.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Luca Comério nasceu em Milão, no dia 19 de novembro de 1878. Era filho do comerciante Francesco Comério e de sua esposa Claudia Francioli. Apaixonado por artes e pintura desde muito novo, aos 12 anos de idade tornou-se assistente do pintor e fotógrafo Belisario Croci. Este ensinou ao Comério às bases artísticas e técnicas da fotografia.

Comério, convencido de ter adquirido todo o conhecimento indispensável para o exercício da profissão de fotógrafo, comprou em 1894 sua primeira câmera. Assim, abriu uma oficina por conta própria e se especializou em fotos de magnésio e retratos em porcelana.

No ano de 1900 se casou com a italiana Ines Negri. Contudo, foi de sua segunda esposa, Maria Comério, que teve os seus únicos dois filhos.

O primeiro trabalho como fotógrafo[editar | editar código-fonte]

Sua primeira foto importante foi tirada em 1894, no reduto favorito da aristocracia do século 19, o Lago Como. Comério retratou o rei da Itália Umberto I, em uma visita oficial à cidade. O feito lhe valeu o agradecimento e apreciação do monarca. Depois disso, além dos serviços fotográficos normais, dedicou-se também à fotografia jornalística.

O Movimento Popular de Milão em 1898[editar | editar código-fonte]

Com apenas vinte anos, e já tendo feito inúmeras fotografias icônicas, Luca Comério documentou corajosamente, com o risco de vida, os tumultos populares que eclodiram em Milão, em maio de 1898, assim como a repressão do general Bava Beccaris. Os cidadãos da cidade de Milão realizaram uma série de revoltas e protestos que se desenvolveram em toda a Itália a partir de janeiro de 1898 e que duraram até julho do mesmo ano, devido às péssimas condições sociais que existiam naquela região[1].

Esse foi o primeiro serviço foto-jornalístico importante de sua carreira. As imagens foram publicadas por duas semanas consecutivas (de 15 à 21 de maio) na revista L'Illustrazione Italiana, e a sua coletânea foi intitulada de "A Revolta de Milão".

O Movimento Popular de Milão

Pioneiro da Indústria Cinematográfica Italiana[editar | editar código-fonte]

No final do século 19, Luca Comério começou a se interessar pela cinematografia. Em 1907 venceu o concurso fotográfico de Hennemann, para uma fotomontagem de imagens representando a vida na cidade de Milão, e com isso, recebeu um prêmio de quinhentas liras. Com o prêmio em dinheiro, Comério foi para Paris e comprou uma câmera Pathé. Com o novo dispositivo ele embarcou no iate real Trinacria e fez várias filmagens do cruzeiro do rei Vittorio Emanuele III, enquanto o mesmo passeava pelo Mediterrâneo. O serviço rendeu-lhe a nomeação como fotógrafo oficial da Casa Real e também como fotógrafo pessoal do rei[1].

Em setembro do mesmo ano, ele fundou o seu primeiro estúdio cinematográfico em Milão, chamado de "Luca Comerio & C.", que realizou a primeira produção cinematográfica da cidade de Milão. Em julho de 1908, Comério ingressou como sócio na SAFFI (Società Anonima Fabbricazione Films Italiane) criando assim, a SAFFI-Comério. Com esta empresa, Luca Comério construiu uma grande e moderna fábrica de filmes, equipada com um estúdio, em uma área de 22.000 m² localizada no distrito de Turro[2].

Em dezembro de 1908, ele estava presente no terremoto em Messina, onde fez uma série de fotografias estereográficas.

Em 1911 ele participou da expedição militar italiana na Líbia como fotógrafo e cinegrafista. Com a retratação desse evento, Comério foi provavelmente o primeiro a registrar cinematograficamente uma guerra estando na "linha de frente" de toda a situação[3].

No ano de 1920, foi contratado por um político milanês, o Senador Borletti, para documentar as operações do exército na Companhia Fiume. O material foi utilizado para produzir dois filmes, Il paradiso nell'ombre delle spade (1921) e L'epopea dannunziana (1924).

Com a introdução do som, Comério percebeu a possibilidade de se fazer documentários e com isso surgiram as seguintes obras: "Por que o mundo sabe e os italianos se lembram" (1932) e Apoteose (1934), que mostram imagens obtidas no Giro d'Italia.

Falecimento[editar | editar código-fonte]

Luca Comério passou os últimos dias de sua vida sofrendo com a perda de memória. Acreditava-se na época que ele tinha amnésia. Na primavera de 1940, ele ficou seriamente doente, sendo forçado a hospitalizações contínuas. Faleceu no dia 5 de julho de 1940 em Milão, na província de Mombello di Limbiate, no Hospital Psiquiátrico Provincial de Mombello.

Filmografia[editar | editar código-fonte]

Foi responsável pelas seguintes obras[4]:

  • La maratona italiana (1908)
  • Il carnevale di Milano nel 1908 (1908)
  • I funerali di Bocconi a Milano (1908)
  • Amleto - cortometraggio (1908)
  • Il terremoto calabro-siculo (1909)
  • Dalla pietà all'amore (1909)
  • L'idroplano Forlanini (1910)
  • Casa Savoia: Vita privata dell'intera famiglia dei Reali d'Italia (1911)
  • L'avanzata di Tripolitania (1912)
  • La presa di Zuara (1912)
  • Cirenaica (film 1912) (1912)
  • L'avanzata decisiva in Libia (1912)
  • La battaglia delle due palme (1912)
  • Esercito italiano: Plotone nuotatori di cavalleria (1912)
  • Excelsior (1913)
  • Il ritorno (1914)
  • Europa in fiamme (1915)
  • La guerra d'Italia a 3000 metri sull'Adamello (1916) - co-regia con Paolo Granata
  • La battaglia di Gorizia (1916)
  • La battaglia tra Brenta e Adige (1916)
  • La posta in guerra (1917)
  • In alto! (1917)
  • Il paradiso nell'ombre delle spade (1921)
  • Giovinezza, giovinezza, primavera di bellezza... (1922)
  • Sulle Alpi riconsacrate (1923)
  • Da Quarto a Fiume italiana: L'epopea dannunziana (1924)
  • La campana dei caduti a Rovereto (1926)
  • Perché il mondo sappia e gli italiani ricordino (1932)
  • Apoteosi (film 1934) (1934)

Referências

  1. a b «7. I documenti pontifici del xiii e dei primi del xiv secolo : le note di cancelleria». Turnhout: Brepols Publishers. Janeiro de 2014: 59–64. ISBN 9782503551463 
  2. SHEA, WILLIAM R. (1991). «EUGENIO GARIN, Umanisti artisti scienziati. Studi sul Rinascimento italiano. Roma, Editori Riuniti, 1989, 333 pp.». Nuncius: 342–345. ISSN 0394-7394. doi:10.1163/182539191x00939 
  3. «Cineteca Milano - COLLEZIONE LUCA COMERIO». www.cinetecamilano.it. Consultado em 24 de dezembro de 2018 
  4. «Luca Comerio». IMDb. Consultado em 24 de dezembro de 2018