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Revolta do 26.º Batalhão de Caçadores

Contexto[editar | editar código-fonte]

O tenentismo e o Pará[editar | editar código-fonte]

Ao início do movimento tenentista, o estado do Pará vivia sob a administração de Antônio de Sousa Castro (1921–1925) e sofria com as mazelas políticas, econômicas e sociais características da década final da Primeira República Brasileira.[1] Desde a decadência do ciclo da borracha e, consequentemente, das receitas das exportações, o orçamento tinha um déficit fora de controle. A receita pública estadual em 1924 foi de 12 197 contos de réis, enquanto as despesas foram de 15 036 contos.[2] Alguns servidores públicos passavam meses sem salário. A situação não afetava somente professores, gráficos e militares da Força Pública; o Juiz de Direito da comarca de Maracanã, dr. Lopes de Barros, anunciou num edital de 28 de setembro de 1921 que suspenderia os trabalhos fora de sua residência, "visto estar ainda impedido de substituir a minha beca inutilizada, e de comprar calçado para sair à rua, uma vez que não me são pagos os meus vencimentos, dos quais do ano fluente apenas recebi o relativo ao mês de janeiro".[3][4]

A política tinha como características, segundo o historiador Creso Coimbra, o "autoritarismo, o distanciamento com as bases populares, a fraude eleitoral, as perseguições, as depurações eliminando os indesejáveis, a nunca desmentida intenção de continuísmo, o revezamento no poder, os conchavos das cúpulas".[1] O situacionismo paraense alinhava-se às administrações federais de Epitácio Pessoa e Artur Bernardes.[5] A Revolta dos 18 do Forte, executada por militares no Rio de Janeiro para impedir a posse de Bernardes, não teve equivalente em Belém. Os possíveis oficiais revoltosos já haviam sido transferidos, como o tenente Pires Camargo, que havia exercido o comando da 3.ª Companhia do 26.º Batalhão de Caçadores (26.º BC).[a] durante a campanha eleitoral.[6] Oficiais de Belém enviaram ao presidente um telegrama de solidariedade aos militares legalistas que debelaram a revolta.[7] Mas um clima de desconfiança perdurava nos meios político e militar. Conforme um relatório em 1924 do coronel Raymundo Barbosa, comandante da 8.ª Região Militar, a situação no 26.º BC e no 27.º BC, de Manaus, Amazonas, "não apresentava condições de segurança de sua fidelidade a lei e de respeito aos poderes constituídos".[8]

A campanha da bacia amazônica[editar | editar código-fonte]

Uma calma aparente reinava em Belém no início de julho de 1924, sem perturbação pelas notícias da revolta que estourou em São Paulo no dia 5. A censura limitava as informações.[9]

A 8.ª Região Militar controlava unidades militares nos estados do Amazonas, Pará, Maranhão e Piauí[10]

Ordem de partida para 23 de julho[11]

Tinham pressa de chegar a Belém, principal acesso ao comércio internacional da região, e portanto, estratégica para o controle completo do curso principal do rio Amazonas[12] duas maiores cidades da Amazônia[13] outra coluna subiu o rio Madeira, coluna principal atrasada em Óbidos[14] canhões do forte, captura de estações telegráficas[15] Santarém[16] O FOrte tinha quatro canhões de calibre 152 milímetros, dos quais dois foram provavelmente embarcados no Bahia. Com seu alcance de 9 600 metros, ele poderia bombardear os principais prédios militares e políticos de Belém, onde a intendência e o governo estadual estavam a centenas de metros da baía do Guajará. Os defensores não teriam nenhum canhão capaz de reagir.[17] A tropa embarcada era equivalente ao efetivo da Força Pública paraense[18]

A canhoneira Amapá, único navio da Flotilha do Amazonas em Belém, permaneceu legalista.[19] capitão de mar e guerra Emmanuel Braga, comandante dos legalistas da Flotilha do Amazonas e inspetor do Arsenal de Marinha de Belém[18]

A batalha de Belém[editar | editar código-fonte]

Motim no Exército[editar | editar código-fonte]

Após a revolta em Manaus o comandante da 8.ª RM, suspeitando da tropa do 26.° BC, dividiu-a entre o quartel sede e o Forte do Castelo, onde estava o depósito de armas de munições.[19] Assim como em Manaus, a revolta estourou na iminência de um embarque. Em 26 de julho o batalhão tinha ordens de embarcar no paquete Rodrigues Alves, do Lloyd Brasileiro, para subir o rio Amazonas escoltado pela canhoneira Amapá[20]

A companhia destacada no Forte do Castelo . O coronel Barbosa foi informado da revolta por volta das 21 horas, quando estava na residência do governador Antônio de Sousa Castro.[21]

Comparação dos combatentes[editar | editar código-fonte]

Antes de tomarem o batalhão, os revoltosos tomaram a empresa de telefonia e cortaram o serviço no centro da cidade.[22]

A curta duração da batalha não deu tempo para se fazer convocações, mas numerosos reservistas do Exército, estivadores, motorneiros de bondes e populares aderiram às fileiras rebeldes, de forma comparável ao ocorrido em Manaus.[21] revela o descontentamento popular[4] conforme Creso Coimbra, o movimento "ultrapassou os limites de uma simples quartelada".[23]

Reconhecimento na manhã do dia 27[21] duas colunas legalistas, Quartel General, órgãos administrativos, comércio e telégrafo[24] linhas de bondes[25] a escolha de onde posicionar as linhas defensivas demonstra um extenso planejamento por ambos os lados[26] a Força Pública fez avanços e recuos paulatinos[26] nenhum dos lados queria causar danos colaterais à cidade[26] ambos os lados esperavam reforços pelos rios. A batalha de Belém era parte da guerra civil mais ampla.[26] ambos os lados pretendiam uma guerra total, preparando-se para a resistência mais longa possível[27]

O efetivo total do 26.° BC, músicos e empregados inclusos, era de 332 homens, uma quantia pequena.[10] A Força Pública paraense era melhor preparada que sua equivalente no Amazonas[28] Pela organização de 1922, ela era composta de um batalhão de infantaria de 459 praças, organizado em quatro companhias e um pelotão extranumerário, um regimento de cavalaria de 188 praças, organizado em três esquadrões e um pelotão extranumerário, e um grupo misto com uma companhia de metralhadoras e outra de administração, para um total de 71 oficiais, 5 aspirantes e 760 praças.[24] marinheiros da Flotilha do Amazonas e Capitania dos Portos[21]

Assis de Vasconcelos partiu à frente de cerca de 200 homens[29] coluna da esquerda foi reforçada por reservistas, chegando a 350 homens[30]

As fontes apresentam um armamento em bom estado, oriundo das modernizações do Exército nos anos anteriores: pistolas Parabellum, fuzis Mauser e armas de repetição[31] o Exército consumiu 18 mil balas de fuzil[32] Creso Coimbra ressalta que os legalistas estavam muito melhor municiados.[29] é provável que os legalistas tenham se comunicado com o comando geral usando uma estação de radiotelegrafia portátil[33]

possível coleta de informações nas residências pelos legalistas. Rebeldes tinham pelotões mais adiantes das trincheiras. Combate em terreno acidentado, falta de espaço para as metralhadoras. Único uso da artilharia.[34] Parte dos rebeldes combatia das mangueiras que margeavam as principais avenidas de Belém,[35] legalistas mal sabiam de onde vinham as descargas. indicando um bom conhecimento do terreno e vantagem de visão por parte dos revoltosos[36] Força Pública entrincheirou-se nos novos quarteirões que conquistou[33]

Coluna da esquerda[editar | editar código-fonte]

Na noite de 26 e madrugada e manhã de 27 os revoltosos distribuíram patrulhas e sentinelas ao redor da praça Justo Chermont, da avenida 22 de Junho[b] até as vias de São Jerônimo,[c] Nazaré, Generalíssimo Deodoro, Gentil Bittencourt e Conselheiro Furtado.[37] À tarde seu perímetro defensivo incluía posições na avenida Nazaré próximo à travessa Dr. Moraes, nas avenidas São Jerônimo e Ferreira Pena, na avenida Conselheiro Furtado próxima à travessa Quintino Bocaiúva e nas ruas Gentil Bittencourt e Brás Aguiar. Os legalistas organizaram-se em duas colunas, da esquerda e da direita. A coluna da esquerda, comandada pelo major Taciel Cilleno, seria a força de contenção, defendendo os acessos ao QG da Região Militar, órgãos públicos, comércio e telégrafos. O capitão Antônio José do Nascimento comandava a coluna da direita, composta de dois pelotões de infantaria, dois canhões-revólver Hotchkiss, cavalaria ligeira e uma reserva de 30 bombeiros armados com fuzis. Esta seria a força principal de ataque.[38][39]

Assis Vasconcelos marchou do quartel do 26.° BC às 14h00[26] ou 14h30, pela avenida Nazaré,[29] com 54 homens, conforme o historiador da força policial Orlando Rego. A coluna legalista da esquerda partiu também às 14h30: o major Cilleno seguiu à Praça da República, enquanto um piquete de 34 cavaleiros, liderados pelo tenente Henrique Ferreira da Silva, fez um reconhecimento na avenida São Jerônimo. Na esquina da travessa Rui Barbosa, a cavalaria foi atacada por revoltosos escondidos nas mangueiras e outros obstáculos. O tenente foi mortalmente ferido e o piquete recuou. A montaria do capitão Vasconcelos foi ferida e ele continuou a pé. Ao passar pela travessa Dr. Moraes, sua tropa quase foi atingida por fios de alta tensão.[40]

Na Praça da República eles foram recebidos pela fuzilaria e metralhadoras de um pelotão legalista, mas após uma momentânea desorganização, expulsaram os defensores com uma carga de baionetas.[40][29] O pelotão Praça da República recuou ao quartel do Batalhão de Infantaria da Brigada Militar, na rua Gaspar Viana.[40] A bibliografia é confusa quanto aos avanços e recuos. Segundo o jornal República (transcrito no Pacotilha, de São Luís), a coluna esquerda recuou ao quartel para que pudesse lutar de posições fortificadas. Um questionamento a essa interpretação é que o quartel seria fácil de cercar e render, e por si só não oferecia vantagem tática.[41]

Perseguindo o pelotão legalista, o capitão Vasconcelos conduziu sua tropa na direção do Batalhão de Infantaria. No caminho, tomaram a sede do Tiro 14, na avenida Ferreira Pena,[d] esquina da Lauro Sodré[e]. Neste momento eles foram emboscados por legalistas entrincheirados nos muros e telhados da Serraria Batista Lopes, na rua 28 de setembro. A fuzilaria matou um dos revoltosos e feriu três, incluindo o comandante, que morreria mais tarde. Com seu comandante fora de combate, os atacantes nesse eixo desorganizaram-se.[40][42] O tenente Juventino assumiu o comando da revolta, mas não conseguiu inspirar a confiança da tropa tanto quanto Assis de Vasconcelos.[43]

Na mesma tarde os revoltosos ainda fizeram uma ofensiva ao QG da Região Militar, que era defendido pela Companhia de Administração, quatro metralhadoras e 16 bombeiros, dispostos na praça Saldanha Marinho[f] Após aprisionar duas patrulhas legalistas, eles tentaram três ataques ao QG, todos os quais foram repelidos.[40] Conforme transcrito na Pacotilha, os revoltosos invadiram as ruas Aristides Lobo, Lauro Sodré, Paes de Carvalho e 28 de Setembro, foram repelidos e tentaram nvoamente pela avenida 15 de Agosto, a rua Riachuelo, a praça da Trindade e a travessa São Mateus; cerca de 30 deles atacaram a residência do governador, mas foram repelidos pela guarda de oito policiais. Ao escurecer, a notícia da morte do capitão Vasconcelos espalhou-se na tropa, que recuou ao quartel ou desertou.[44][45]

O QG abrigava farta munição e tinha importância psicológica e simbólica. Segundo Creso Coimbra, os atacantes ao QG haviam sido mandados pelo capitão Vasconcelos, que separou sua força em duas para ofensivas simultâneas ao QG e ao Batalhão de Infantaria da Brigada Militar, o que foi um erro fatal, pois dispersou sua força que já estava em inferioridade numérica; o correto teria sido atacar o QG primeiro e depois o Batalhão de Infantaria.[46] Orlando Rego, historiador da força policial paraense, tem uma descrição diferente: "com seu comandante fora de combate, os amotinados ficaram desorientados e, cerca de 16,00 horas, desarticulando-se, divididos em grupos, tomaram várias direções, tendo um deles seguido pela Aristides Lobo, a fim de tentar o assalto ao Quartel-General, onde pretendiam municiar-se e fazer dali o centro de operações para o ataque ao Palácio do Governo".[40]

Coluna da direita[editar | editar código-fonte]

Paralelamente aos combates da coluna legalista esquerda, a coluna direita também avançou a partir das 14h00, conforme o relato do capitão Antônio Nascimento, deslocando-se para a praça Batista Campos. Uma cobertura de cavalaria foi enviada a cerca de um quarteirão daquela praça, provavelmente para cobrir o espaço entre as duas colunas, mas devido ao avanço lento da coluna da esquerda, sua ligação foi cortada. A coluna da direita prosseguiu até as ruas Munducurus e Serzedelo Corrêa e daí pela linha da Estrada de Ferro de Bragança até a avenida Conselheiro Furtado.[24][39]

Pequenos combates foram travados até chegar à avenida, na qual a coluna foi reforçada pelo contingente de infantaria do tenente José Martins do Nascimento. Ela avançou gradualmente sob fuzilaria "de todas as direções", sem perceber claramente de onde vinham os disparos. Na travessa Quintina Bocaiúva a artilharia, que até então não tinha espaço para operar, pois o terreno era difícil, foi usada contra disparos vindos de um capinzal. A partir de então, segundo o capitão, "atacamos vigorosamente o inimigo até chegar à avenida Generalíssimo Deodoro. Entretanto, quase nenhum mal tínhamos feito ao adversário devido a este se achar em tocaia em toda a avenida Conselheiro Furtado". Pouco antes das 18h00 o combate teve uma trégua, que a coluna aproveitou para fazer o levantamento de suas cinco baixas. Entre elas estava o tenente Menezes, morto enquanto manejava uma peça de artilharia, e portanto, um alvo prioritário do inimigo.[47][39]

Combates finais[editar | editar código-fonte]

A avenida Generalíssimo Deodoro era também o objetivo da coluna esquerda,[24] e ambas colunas continuaram a luta durante a noite,[44] Na avenida Nazaré, revoltosos atiraram das sarjetas, portas, postes e mangueiras, mas em intensidade cada vez menor.[40] Os legalistas conquistaram as ruas Gentil Bittencourt e Brás de Aguiar, "ficando apenas os mais fortes nos trilhos da E. F. de Bragança que correm por trás do quartel".[33] Os revoltosos foram cercados no quartel do 26.° BC.[41] A coluna da esquerda bombardeou o quartel com um canhão a partir das 02h00 da madrugada de 28 de julho,[44] e a coluna da direita, a partir das 04h00. Os revoltosos concentraram fogo nesta peça, sem sucesso.[39] Conforme o relato do jornal República, "fuzilaria, metralhadoras e canhão não cessam do lado legalista, enquanto se enfraquece a cada momento a resistência dos soldados revoltosos".[33]

As duas colunas se uniram às 05h00 e intensificaram o ataque, ocupando o quartel às 08h30. Em seguida a coluna da esquerda avançou pela 27 de Junho e a avenida da Independência, e a coluna da direita pela Gentil Bittencourt até o início da avenida Tito Franco. Os revoltosos remanescentes foram presos ou fugiram pelas matas.[32]

Baixas[editar | editar código-fonte]

Os mesmos jornais que desdenharam dos tenentistas como "indisciplinados", "rebeldes", "insubordinados" e "mazorqueiros" elogiaram a "bravura", "coragem" e liderança do capitão Vasconcelos.[41]

Creso Coimbra registra seis mortos no 26.° BC, incluindo o capitão Vasconcelos, e 16 feridos em todos os lados, dos quais cinco foram civis, incluindo uma menina de 13 anos. A população acompanhou os combates das portas e janelas das casas ou mesmo nas mangueiras e esquinas, ocasionando várias baixas.[48] Conforme o consulado dos Estados Unidos em Belém, a revolta não realizou pilhagens ou atentados contra a propriedade particular.[49] A Brigada Militar registrou sete mortos e doze feridos.[50] Dois de seus tenentes, Henrique Ferreira da Silva e Plácido Martins Ferreira, receberam promoções póstumas por bravura.[48]

Consequências[editar | editar código-fonte]

A liderança política e militar em Belém sabia que os reforços legalistas demorariam dias a chegar, e portanto, prepararam uma defesa do litoral contra um ataque fluvial tenentista. O inspetor Emmanuel Braga ordenou a barragem (provavelmente com obstáculos como boias sinalizadoras) dos canais do Arrozal e Cotijuba, e seus respectivos faróis foram apagados. O exército legalista, reforçado por reservistas da Marinha, civis e bombeiros, formou trincheiras ao longo de todo o litoral.[18] Nem todos os militares do 26.° BC abandonaram a luta de imediato. O cabo-furriel Sebastião Venâncio de Almeida, mais conhecido como "cabo Corumbá", juntou cerca de 15 homens numa tentativa de guerrilha. Ele ameaçou seus suborinados de morte se fugissem, mas eles desertaram a cada oportunidade.[51] O cabo Corumbá acabou viajando ao território tenentista de Óbidos, onde foi o único representante dos revoltosos de Belém.[52]

Em Manaus a derrota tenentista em Belém não foi noticiada pelo Jornal do Povo, que estava sob controle dos revoltosos.[53] Nenhum documento prova um planejamento conjunto dos movimentos em Manaus e Belém, mas os revoltosos do Amazonas sabiam da revolta no Pará e seu movimento apressado pelo rio Amazonas visava resgatar seus companheiros em Belém.[12] Ao chegar a São Francisco da Jararaca, na ilha de Marajó,[g] a flotilha revoltosa soube pelos jornais da provável derrota do movimento de Belém. Ainda assim, uma operação contra a cidade ainda foi tentada.[54] Em 3 de agosto o aviso Ajuricaba contornou o canal de Cotijuba e aproximou-se de Belém, mas nada fez além de uma mensagem radiotelegráfica, à qual o governador Souza Castro teria respondido: "Olhem, moços, a esquadrilha de guerra vem aí!"[55] A 4 de agosto a flotilha revoltosa voltou a Óbidos.[56]

A revolta em Belém foi a última chance de vitória dos tenentistas na Amazônia.[12] Em 6 de agosto o consulado americano informou ao Departamento de Estado, em Washington, que o Pará estava sob lei marcial, os revoltosos de Manaus controlavam quase toda a região amazônica, mas não Belém, e o governador havia assegurado que o inimigo não teria condições de atacar a capital estadual.[49] Os primeiros navios do Destacamento do Norte, organizado para reprimir as revoltas na Amazônia, atracaram em Belém no dia 9. Comandado pelo general João de Deus Mena Barreto, o Destacamento tinha uma força de desembarque de pelo menos 69 oficiais e 1 474 praças do Exército e uma força naval com o cruzador Barroso, dois contratorpedeiros e embarcações menores, além de dois hidroaviões M.F. da Aviação Naval. [57] O Destacamento do Norte embarcou a partir de 16 de agosto, simbolizando a vitória legalista com grandes desfiles pelas avenidas onde os revoltosos de Belém haviam lutado.[58] Ele reocupou Santarém no dia 19, Óbidos no dia 26 e Manaus no dia 30, prendendo as lideranças da revolta e encerrando a campanha tenentista na Amazônia.[59]

Os dois governadores após Sousa Castro, Dionísio Bentes e Eurico Vale, foram também representantes das oligarquias da Primeira República. O déficit no orçamento continuou, embora não tão grave quanto no governo Sousa Castro. No decurso da Revolução de 1930 houve mais uma revolta do Exército em Belém, e mais uma vez a resistência da Força Pública manteve o governo no poder. Eurico Vale só foi destituído do cargo após a vitória nacional da revolução. Seu sucessor, o interventor Magalhães Barata, era veterano do tenentismo. A construção de símbolos e tradições do novo regime elevou o capitão Assis de Vasconcelos a herói oficial, comemorado em datas cívicas e no nome de avenidas, praças públicas e escolas.[60]

Notas e referências[editar | editar código-fonte]

Notas

  1. Assim denominado de 1919 a 1969, quando foi transformado no 2.º Batalhão de Infantaria de Selva.
  2. Futura avenida Alcindo Cacela.
  3. Futura avenida Governador José Malcher.
  4. Futura Assis de Vasconcelos (Rego 1981).
  5. Futura Ó de Almeida
  6. Futura praça da Bandeira (Rego 1981).
  7. No atual município de Muaná (Pereira 2021, p. 351).

Citações[editar | editar código-fonte]

  1. a b Coimbra 1981, p. 74.
  2. Oliveira 2012, p. 27-28.
  3. Coimbra 1981, p. 78-80.
  4. a b Farias 2023, p. 64-65.
  5. Coimbra 1981, p. 84.
  6. Coimbra 1981, p. 96.
  7. Coimbra 1981, p. 91.
  8. Pereira 2021, p. 323.
  9. Coimbra 1981, p. 99.
  10. a b Coimbra 1981, p. 98.
  11. Pereira 2021, p. 324.
  12. a b c Pereira 2021, p. 376.
  13. Pereira 2021, p. 358.
  14. Pereira 2021, p. 347.
  15. Pereira 2021, p. 349.
  16. Pereira 2021, p. 370.
  17. Pereira 2021, p. 397.
  18. a b c Pereira 2021, p. 398.
  19. a b Pereira 2021, p. 380.
  20. Pereira 2021, p. 380-381.
  21. a b c d Pereira 2021, p. 382.
  22. Pereira 2021, p. 381.
  23. Coimbra 1981, p. 111.
  24. a b c d Pereira 2021, p. 387.
  25. Pereira 2021, p. 385.
  26. a b c d e Pereira 2021, p. 386.
  27. Pereira 2021, p. 402.
  28. Pereira 2021, p. 379.
  29. a b c d Coimbra 1981, p. 106.
  30. Pereira 2021, p. 391.
  31. Pereira 2021, p. 392-393.
  32. a b Pereira 2021, p. 394.
  33. a b c d Pereira 2021, p. 389.
  34. Pereira 2021, p. 388.
  35. Pereira 2021, p. 388, 391.
  36. Pereira 2021, p. 388-389.
  37. Coimbra 1981, p. 105.
  38. Pereira 2021, p. 387, 390.
  39. a b c d Pacotilha, 8 de agosto de 1924.
  40. a b c d e f g Rego 1981, p. 154-158, reproduzido no Museu Digital da PMPA.
  41. a b c Pereira 2021, p. 392.
  42. Coimbra 1981, p. 107.
  43. Coimbra 1981, p. 108.
  44. a b c Pacotilha, 7 de agosto de 1924.
  45. Pereira 2021, p. 393.
  46. Coimbra 1981, p. 106-107.
  47. Pereira 2021, p. 388-390.
  48. a b Coimbra 1981, p. 110.
  49. a b Meirelles 2002, p. 206.
  50. Rego 1981, sem página, reproduzido no Museu Digital da PMPA.
  51. Coimbra 1981, p. 109.
  52. Coimbra 1981, p. 115.
  53. Pereira 2021, p. 374-375.
  54. Pereira 2021, p. 394-395.
  55. Pereira 2021, p. 397-399.
  56. Coimbra 1981, p. 113.
  57. Pereira 2021, p. 399-401.
  58. Pereira 2021, p. 400-401.
  59. Coimbra 1981, p. 114-116.
  60. Oliveira 2012, p. 28-31, 58, 134-135.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Leitura adicional[editar | editar código-fonte]


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