Cristianismo e o aborto

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Protesto pró-vida cristão contra o Freedom of Choice Act (FOCA) em Washington, D.C.
Protesto pró-escolha cristão, "abortar é minha liberdade, é minha decisão", em Madrid

A relação entre aborto e a religião cristã não é bem definida. Enquanto alguns autores dizem que o cristianismo primitivo teve posicionamentos diferentes ao longo do tempo sobre o aborto,[1][2][3] outros afirmam que, apesar do silêncio sobre o assunto no Novo Testamento, os cristãos sempre condenaram o aborto em qualquer momento da gravidez como um pecado grave.[4] Por causa dessas divergências, há tanto cristãos que se consideram pró-vida como pró-escolha.

Na Bíblia[editar | editar código-fonte]

Ver também: Judaísmo e o aborto

Na Bíblia, a única menção direta ao aborto ocorre no Antigo Testamento, em Êxodo 21:22-23. O texto diz:

"Se homens brigarem e ferirem uma mulher grávida, e ela der à luz prematuramen­te, não havendo, porém, nenhum dano sério, o ofen­sor pagará a indenização que o marido da­quela mulher exigir, conforme a determinação dos juízes. Mas, se houver danos graves, a pena será vida por vida"[5]

Também pode-se interpretar o texto em Jeremias 1:5 como uma menção indireta sobre o início da vida ser na concepção:

"Antes que te formasse no ventre, te conheci, e antes que saísses da madre, te santifiquei, e às nações te dei por profeta."[6]

Posicionamentos dos religiosos[editar | editar código-fonte]

Existe uma grande variação entre os cristãos e das denominações cristãs quanto ao aborto.[7][8] Algumas denominações podem ser consideradas pró-vida enquanto outras, pró-escolha.

Nos Estados Unidos, a maioria dos cristãos (tanto católicos quanto evangélicos) se posicionam contra o aborto na maioria dos casos.[9][9]

Igreja Católica[editar | editar código-fonte]

A Igreja Católica diz que "a vida humana deve ser respeitada e protegida de modo absoluto a partir do momento da concepção". Sendo assim, opõe-se determinadamente contra o uso de métodos contraceptivos e a prática do aborto.[10] Em alguns casos, porém, ela aceita que algum medicamento que causa indiretamente a morte do feto seja utilizado, em casos como de quimioterapia.[11] A Igreja sustenta a ideia de que "o primeiro direito do ser humano é a sua vida" e que essa é assumida como tal a partir do momento da fecundação. A pessoa que pratica o aborto tem excomunhão automática, que só pode ser removida quando o indivíduo procura por intensa penitência e obtém a absolvição, "perdão divino".[12]

Igreja Ortodoxa[editar | editar código-fonte]

A Igreja Ortodoxa Russa se opõe ao aborto, mas afirma que, em casos de risco de morte da mãe, ela não deve ser excomungada, embora deva confessar seu pecado e cumprir penitência.[13]

Em geral, os cristãos ortodoxos são contrários ao aborto[14] e sua posição é basicamente a mesma da Igreja Católica Romana.[15]

Protestantismo[editar | editar código-fonte]

A Igreja Adventista do Sétimo Dia, Igreja Episcopal dos Estados Unidos, Evangelical Lutheran Church in America, Igreja Unida de Cristo, Igreja Metodista Unida, Unitário-universalismo permitem o aborto para proteger a vida da mãe, em casos de estupro, incesto e má formação fetal.[16]

Cristianismo evangélico[editar | editar código-fonte]

A maioria das igrejas cristãs evangélicas são contra interrupção voluntária da gravidez e apoiam agências de adoção e agências de apoio social para mães jovens.[17] Organizações evangélicas como a Focus on the Family estão envolvidas no movimento pró-vida.[18]

Nos Estados Unidos, a Convenção Batista do Sul e as Assembleias de Deus nos Estados Unidos se opõem ao aborto, exceto quando necessário para proteger a vida da mãe.[19]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Odd Magne Bakke. «When Children Became People» (em inglês). Consultado em 17 de dezembro de 2011 
  2. «"Abortion and Catholic Thought: The Little-Told History"» (em inglês). Arquivado do original em 18 de fevereiro de 2012 
  3. Kristin Luker. «Abortion and the Politics of Motherhood» (em inglês). University of California Press. Consultado em 17 de dezembro de 2011 
  4. Jeffrey H. Reiman, Abortion and the Ways We Value Human Life (Rowman & Littlefield 1998 ISBN 9780847692088), pp. 19-20
  5. «- Bíblia». Bíblia Sagrada Online. Consultado em 21 de janeiro de 2022 
  6. «O que a Bíblia diz sobre o aborto? O aborto é pecado?». JW.ORG. Consultado em 21 de janeiro de 2022 
  7. «Religious Groups' Official Positions on Abortion» (em inglês). The Pew Forum. Consultado em 19 de dezembro de 2011 
  8. [1]
  9. a b NW, 1615 L. St; Washington, Suite 800; Inquiries, DC 20036 USA202-419-4300 | Main202-419-4349 | Fax202-419-4372 | Media. «Religion in America: U.S. Religious Data, Demographics and Statistics». Pew Research Center's Religion & Public Life Project (em inglês). Consultado em 22 de dezembro de 2021 
  10. [2]
  11. [3]
  12. «Abortion and Excommunication» (em inglês). Eternal Word Television Network 
  13. «Отдел Внешних Церковных Связей (ОВЦС) Русской Православной Церкви». Отдел внешних церковных связей. Московского Патриархата. (em russo). Consultado em 21 de janeiro de 2022 
  14. «The Hub - Orthodox Christians and Abortion». www.oca.org. Consultado em 21 de janeiro de 2022 
  15. Kapor-stanulovic, N.; Beric, B. M. (setembro de 1983). «[The Greek Orthodox Church and position regarding birth control]». Contraception, Fertilite, Sexualite (9): 1053–1055. ISSN 0301-861X. PMID 12279632. Consultado em 21 de janeiro de 2022 
  16. Ellen L. Idler, Religion as a Social Determinant of Public Health, Oxford University Press, UK, 2014, p. 189
  17. Robert Woods, Evangelical Christians and Popular Culture: Pop Goes the Gospel, Volume 1, ABC-CLIO, USA, 2013, p. 44
  18. Hilde Løvdal Stephens, Family Matters: James Dobson and Focus on the Family's Crusade for the Christian Home, University of Alabama Press, USA, 2019, p. 100
  19. Ellen L. Idler, Religion as a Social Determinant of Public Health, Oxford University Press, UK, 2014, p. 189

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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