Museu Municipal de Arqueologia de Silves

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Museu Municipal de Arqueologia de Silves
Museu Municipal de Arqueologia de Silves
Tipo Museu arqueológico
Inauguração 1990
Geografia
País Portugal
Cidade Silves
Coordenadas 37° 11' 20.2" N 8° 26' 20.0" O
Museu Municipal de Arqueologia de Silves está localizado em: Faro
Museu Municipal de Arqueologia de Silves
Geolocalização no mapa: Faro

O Museu Municipal de Arqueologia de Silves, igualmente conhecido como Museu Municipal de Silves ou Museu de Arqueologia de Silves, é um edifício cultural na vila de Silves, na região do Algarve, em Portugal. Foi construído no mesmo local onde existe um poço-cisterna do período islâmico, classificado como Monumento Nacional.[1]

Descrição[editar | editar código-fonte]

O Museu situa-se na Rua da Porta de Loulé, no centro histórico de Silves.[2] O edifício foi desenhado pelo arquitecto e arqueólogo Mário Varela Gomes.[3] Foi construído em redor de uma estrutura já existente no local, um poço-cisterna da época muçulmana, que é considerado o principal elemento na exposição do museu.[4] Outra estrutura antiga que está integrada no museu é um lanço das antigas muralhas da cidade, construídas igualmente durante o domínio islâmico.[4]

Conta com um rico acervo de várias eras históricas desde o paleolítico até à Idade Moderna, passando pelo Neolítico, Calcolítico, as Idades do Bronze e do Ferro, época romana e Idade Média.[4] Neste último conjunto destacam-se as peças do período islâmico, datadas dos séculos VIII ao XIII, e integradas em várias subdivisões dentro desta época, como a Omíada, Califal, Taifa, Almorávida e Almóada.[4] O maior parte do acervo islâmico pertence à cronologia almóada, entre os séculos XII e XIII, testemunhando a riqueza que a cidade de Silves atingiu neste período.[4] É também de especial interesse o conjunto de peças dos séculos XV a XVII, representando as ligações comerciais que a cidade formou com outras regiões do planeta.[4] Entre o espólio romano, encontram-se várias peças oriundas da antiga villa romana de Vila Fria.[5]

Poço-cisterna islâmico[editar | editar código-fonte]

Esta estrutura foi edificada em blocos de grés, e consiste num poço central e numa escadaria, que atinge quase o fundo.[2] O poço tem cerca de 2,5 m de diâmetro e 18 m de profundidade, enquanto que a escadaria tem cerca de 2 m de altura e uma largura média de 1,25 m.[2] É considerada de grande interesse do ponto de vista histórico, uma vez que permitiu uma melhor compreensão da forma como evoluiu a cidade islâmica durante a última fase de ocupação islâmica da cidade, no período entre a primeira conquista pelos cristãos em 1189, regresso ao domínio islâmico, e depois a reconquista definitiva, em 1249.[6]

Poço-cisterna islâmico, no interior do museu.

História[editar | editar código-fonte]

O poço-cisterna terá sido instalado no século XI,[2] e utilizado até aos séculos XII e XIII.[4] Foi encontrado em 1979, durante trabalhos arqueológicos,[6] e classificado como Monumento Nacional pelo Decreto n.º 29/90, de 17 de Julho.[7] Nos finais do século XVI terá sido totalmente entulhado.[2]

Em 1979 foi alvo de trabalhos arqueológicos, e na década de 1980 foi restaurado pela Câmara Municipal de Silves.[2] O museu foi inaugurado em 1990,[4] substituindo um edifício mais antigo no local.[2] Em 2004 recebeu a exposição de pintura Da Letra ao Gesto: Pintores Calígrafos de Marraquexe, com obras inspiradas na caligrafia árabe, organizada em colaboração com o Museu de Marraquexe.[8] Em 2005 tornou-se um parceiro da organização internacional Museum With no Frontiers, mais concretamente na divisão Discover Islamic Art.[4] No âmbito desta parceria, organizou várias exposições temporárias no sentido de fortalecer os laços culturais com países que no passado estiveram ligados à cidade, principalmente Marrocos.[9] Em 2008 foi integrado na Rede de Museus do Algarve,[4] tendo em 2014 albergado a exposição itinerante Pioneiros do Conhecimento Cientifico no Algarve, organizada em conjunto com a RMA, sobre onze figuras que deram um importante contributo para o estudo da região, do ponto de vista cultural, histórico e social.[10] Em 2014 o acervo do museu ganhou uma peça de grande interesse, uma tina de cerâmica do século XII, utilizada no tratamento das peles dos animais, e que foi descoberta durante trabalhos arqueológicos por debaixo da Biblioteca Municipal de Silves. Previa-se que esta peça fosse apresentada num encontro científico na cidade francesa de Montpellier, como parte de um Congresso Internacional sobre Grandes Contentores Cerâmicos.[11] Também em 2014, uma das peças do Museu de Silves foi exposta como parte do certame Le Maroc Medieval (1053-1465), no Museu do Louvre, em Paris. Trata-se de uma pia de abluções do século XII-XIII, com acabamento em vidrado e decoração estampilhada, encontrada durante trabalhos arqueológicos no Castelo de Silves, dirigidos por Rosa Varela Gomes.[12]

Em 2018, albergou a exposição Dançando o Mouro – Danças festivas de mouros e cristãos no Mediterrâneo Ocidental, organizada pelo Museu Etnológico de Barcelona e a Associação Cultural Joan Amades.[13] Em 2019, um conjunto de nove peças do museu de Silves fizeram parte da exposição Três Embaixadas Europeias à China, no Museu do Oriente, em Lisboa.[14] Estas peças consistem em dois frascos e uma taça, todos em vidro translúcido, três pequenos frascos em vidro opaco marmoreado, e uma taça em cerâmica, todas dos séculos XII ou XIII, além de uma taça cerâmica do século IX.[14] Foram encontradas no Castelo de Silves e na casa islâmica da Rua da Arrochela, no centro histórico, pelos arqueólogos Rosa e Mário Varela Gomes.[14] Também em 2019, foi organizada a mostra Silves no Tempo e pelo Mar Adentro, sobre a relação histórica entre o Rio Arade e a vila, desde as suas origens, num entreposto da Idade do Ferro situado junto das margens do rio.[15]

Em Agosto de 2022, um grupo de alunos da Universidade Nova de Lisboa colaborou em trabalhos arqueológicos na área do Bairro do Progresso, em Silves, num programa de colaboração entre aquele estabelecimento de ensino superior e o Museu Municipal de Arqueologia.[16] Em Setembro desse ano, passou a fazer parte da Rede Portuguesa de Museus.[17] Em 2023, o governo aprovou uma proposta do Museu de Silves, apresentado no âmbito do programa de apoio à RPM, para a renovação cénica das suas vitrinas, e o desenvolvimento dos canais de comunicação relativos aos elementos expositivos.[18]

Menir da Caramujeira, preservado no Museu de Silves.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. NETO, João; GORDALINA, Rosário (2005) [1991]. «Poço-cisterna Árabe de Silves». Sistema de Informação para o Património Arquitectónico. Direcção-Geral do Património Cultural. Consultado em 17 de Setembro de 2023 
  2. a b c d e f g «Silves - Poço-cisterna árabe». Portal do Arqueólogo. Direcção-Geral do Património Cultural. Consultado em 20 de Setembro de 2023 
  3. «Museu de Arqueologia de Silves comemora 32º aniversário com entradas grátis». Sul Informação. 2 de Setembro de 2022. Consultado em 17 de Setembro de 2023 
  4. a b c d e f g h i j «Museu Municipal de Arqueologia de Silves». Câmara Municipal de Silves. Consultado em 16 de Setembro de 2023 
  5. REVEZ, Idálio (6 de Agosto de 2005). «Obras de campo de golfe destroem vila romana no concelho de Silves». Público. Consultado em 18 de Setembro de 2023 
  6. a b «Poço-cisterna árabe de Silves». Pesquisa de Património Imóvel. Direcção-Geral do Património Cultural. Consultado em 16 de Setembro de 2023 
  7. PORTUGAL. Decreto n.º 29/90, de 17 de Julho. Presidência do Conselho de Ministros. Publicado no Diário do Governo n.º 163, de 17 de Julho de 1990.
  8. «Museu de Arqueologia de Silves inaugura exposição de pintura a partir da caligrafia árabe». Público. 29 de Abril de 2004. Consultado em 18 de Setembro de 2023 
  9. «Silves Archaeological Museum» (em inglês). Museum With no Frontiers. Consultado em 16 de Setembro de 2023 
  10. «Museu de Arqueologia de Silves acolhe exposição "Pioneiros do Conhecimento Cientifico no Algarve"». Sul Informação. 16 de Maio de 2014. Consultado em 17 de Setembro de 2023 
  11. «Rara tina cerâmica integra coleção do Museu de Silves». Barlavento. 24 de Novembro de 2014. Consultado em 19 de Setembro de 2023 
  12. «Peça do Museu de Arqueologia de Silves integra exposição no Louvre de Paris». Sul Informação. 15 de Outubro de 2014. Consultado em 17 de Setembro de 2023 
  13. COUTO, N. (12 de Fevereiro de 2018). «Museu de Silves acolhe exposição "Dançando o Mouro"». Jornal do Algarve. Consultado em 20 de Setembro de 2023 
  14. a b c RODRIGUES, Elisabete (5 de Janeiro de 2019). «Peças do Museu de Arqueologia de Silves mostram-se no Museu do Oriente». Sul Informação. Consultado em 17 de Setembro de 2023 
  15. COUTO, N. (18 de Agosto de 2019). «Exposição revela importância histórica do rio para Silves». Jornal do Algarve. Consultado em 20 de Setembro de 2023 
  16. «Alunos de Lisboa integram equipa de arqueologia do município de Silves». Barlavento. 3 de Agosto de 2022. Consultado em 19 de Setembro de 2023 
  17. «Museu Municipal de Arqueologia de Silves adere à Rede Portuguesa de Museus». Sul Informação. 13 de Setembro de 2022. Consultado em 17 de Setembro de 2023 
  18. RODRIGUES, Elisabete (14 de Setembro de 2023). «Aprovados três projetos de museus algarvios através do Programa ProMuseus». Sul Informação. Consultado em 17 de Setembro de 2023 
O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre o Museu Municipal de Arqueologia de Silves

Ligações externas[editar | editar código-fonte]


Ícone de esboço Este artigo sobre um museu é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.